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Talitha podia muito bem se cegar naquele lugar, já odiara.

Seus passos ecoavam pelo piso mostrando o quanto o palácio ainda estava deserto, tão acostumada com as sombras que sua cidade projetava Talitha se viu cega quando a luz dos lustres chegaram acertando seus olhos. Por alguns segundos teve que cobrir os olhos com a larga manga para poder se acostumar.

Ainda era estranho para ela não sentir o calor sufocante de quando seu orgulho era testado, mas ainda sim tomou cuidado em cada passo que tomava se aconchegando cada vez mais no leve aquecimento que os corredores traziam.

Estavam na penúltima ala, com uma das melhores vistas do castelo.

--- Até mesmo as alas são bem divididas. --- A princesa não reparara do que acabara falando até que o rapaz a encarasse de volta.

--- Agradeço por sua observação mi lady --- O rapaz voltou a falar chamando a atenção de Liam que o encarava a nuca --- Todos os níveis são escolhidos pelos resultados passados.

--- Poderia me contar mais?

Um silêncio momentâneo se formou antes dele continuar, ela conseguia ver pelas suas expressões o que poderia estar se formando em sua cabeça. Como uma jovem de uma família tão informada não sabia o básico do império que estava sendo guiada, ela apenas sorriu ao deitar os braços na frente do corpo esperando alguma resposta.

--- Esse castelo nunca fora escolhido para nenhum outro propósito além de decidir quem seria a próxima ou o próximo governante do império, ainda mais quando ele se situa em uma área neutra em todos os reinos --- houve uma leve pausa quando pararam para encarar um pedaço do jardim no outro lado do castelo, somente uma pessoa poderia ter um lugar tão perfeito. A família imperial. --- Alguns nobres tentaram pegar essa propriedade, mas uma magia mais forte que qualquer outra existência não deixou que nenhum ser vivo passasse.

--- Essa é a história da primeira imperatriz.

Uma história para pequenos príncipes e princesas dormirem, onde nobres cheio de ganância no coração tentavam quebrar cada parede do palácio tentando desesperadamente alcançar um grão do poder que se escondia dentro do castelo, mas nem os homens mais fortes conseguiam deixar um arranhão, na noite em que uma grande revolta ao redor da área começou uma mulher jovem parou de frente para o castelo e deslizou os dedos pelos grandes portões e eles se abriram com uma brisa fria que se tornou uma tempestade ao tentarem invadir. Somente ela ficou intacta enquanto entrava pelo grande corredor e se encontrava com uma coroa de estrelas e um destino selado.

A primeira imperatriz, A luz da escuridão.

A salvadora.

O rapaz sorriu enquanto abria uma porta mostrando as últimas partes antes de continuarem a caminhada para os quartos.

--- Dizem que a magia existia antes mesmos que qualquer forma de vida, é uma energia criadora e única.

--- Um conto para crianças --- Talitha disse --- mas não posso negar que seja uma história muito bem feita.

--- Podem parar de ficar conversando e mostrar logo os quartos? --- Liam interrompeu tirando todo o conforto que o ar estava proporcionando.

--- Mil perdões.

O rapaz logo se fechou não demorando para abrir uma das portas do corredor mostrando o primeiro quarto. Em paredes claras e tons de roxo as paredes a frente eram cobertas por janelas e uma grande varanda que dava de frente para montanhas muito distantes. O lustre no topo do cômodo era como uma divisória para onde a cama e a mesinha com os três bancos estofados no mesmo tom escuro de roxo se situavam. A cama redonda que cobria dois quartos da parede tinha quatro hastes que seguravam um tecido em púrpura transparente, um véu para não pegar o Sol nascendo nos olhos.

Tá bom agora isso estava atingindo seu orgulho.

--- Em sua estadia esse será o quarto da princesa Talitha.

A princesa ficou em silêncio por um momento dando apenas três passos dentro do cômodo, aquilo era muito mais do que ela esperava. Talitha sentia o olhar dos três rapazes examinando cada detalhe de seus movimentos, procurando alguma coisa.

Qualquer coisa.

Mesmo percebendo o volume do perigo que seria viver sob a asa da família Imperial ela respirou fundo tentando alcançar alguma linha de coragem para de apoiar.
Talvez não fosse algo tão fácil.

--- Agradeço muito a sua conversa e sua hospitalidade --- Ela começou se virando enquanto tirava o grande casaco escuro, as curvas aparecendo enquanto andava na direção do rapaz --- Deve ser um ótimo contador de histórias.

--- Isso é muita gentileza de sua parte, Senhorita.

--- Me chame de Talitha, por favor --- seus dedos passaram delicadamente pelo tecido macio que se dobrava em seus braços. --- senhor...?

--- Nicolas. --- dois dedos se levantaram apontando para o coração, uma forma clássica de respeito --- Me chamo Nicolas.

--- Agradeço novamente Nicolas --- O olhar de Talitha caiu sobre um broche escondido na dobra de seu casaco, o emblema dourado parecia a ter encarado de volta quando a luz do lustre acendeu.

Seus dedos seguraram o objeto preso em seu peito, sobressaltando levemente o rapaz em sua frente, seus familiares continuaram quietos, mas atentos a seus movimentos. As bordas de ouro como fitas e uma orquídea moldada em sua frente, sem nome ou classe. Apenas uma orquídea.

--- É um lindo broche.

--- A Senhorita Talitha é muito gentil.

--- Mas eu devo deixa-lo partir, a noite a ainda vai ser muito longa --- A frase foi firmada com um único sorriso antes de saírem.

As portas fechadas em sua frente a fez fechar os olhos até que ela não pudesse mais ouvir os passos combinados.

Aquele não era qualquer broche, Orquídeas eram a flor do recente governante. Da pessoa que organizou sua chegada até o quarto em que dormirá até a seleção acabar.

Nicolas era um servente direto de alguém da linhagem imperial.

Que raposa espertinha.

Essa descoberta fez Talitha sorrir.

Os jogos seriam mais interessantes do que esperava

A Vilã Da ÓperaOnde histórias criam vida. Descubra agora