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O piso era frio demais.

Segurando os saltos na ponta dos dedos Talitha andava pelos corredores distantes do palácio para não chamar mais atenção, não querendo trombar com o lunático ela se permitia escutar o pouco da música que chegava em seus ouvidos.

O som leve e distante preencheu a parte mais surrada de seus pensamentos deixando para trás todo o problema do jardim, seus murmúrios se tornaram melodia enquanto andava girando pelo piso. Ela não tinha tomado nenhuma dança dês de que o baile começara, não teria problema se ela aproveitasse algumas melodias em sua própria companhia.
Com a outra mão segurando a saia do vestido Talitha rodopiava sozinha pelos corredores iluminados pelas lua, prata pairando pelo ar e vermelho marcando o chão. Seus murmúrios se tornaram uma canção baixa e leve ainda lembrando das partituras da música.

Ela dançava como se outra pessoa a acompanhasse, como se somente com um pouco de magia um alguém perfeito aparecesse e a seguisse pela dança. Talitha agradecia pelo pouco de sua imaginação ainda estar viva, mas enquanto dançava ela encarou a lua pela parede feita de vidro.

Era quase de frente para a entrada do jardim do palácio, tão silenciosa quando os guardas trocavam de turno.

Ninguém passaria por perto, nenhuma pessoa a vista.

Talvez tivesse alguma sorte depois de tudo.
Seus dedos passavam pelos ombros a mostra e o começo das costas se arrependendo de ter jogado a água fria sobre eles, ela deveria ter deixado aquele pedaço de calor para manter aquecida.

Mas nada disso importava, não quando a primeira parte de seu plano tinha se cumprido. Chamar atenção das pessoas certas e criar seu próprio terreno. Só assim Talitha teria uma forma de sobreviver nessa temporada. Três meses de frio intenso e uma nova primavera com um novo líder.

Talitha já tinha conseguido um de seus participantes.

James Aideen.

Ou pelo menos a oferta tinha sido jogada.
Ela havia mostrado o que poderia oferecer, a única coisa que precisaria fazer era esperar.

A primeira carta de seu baralho perfeito, mesmo com uma popularidade fraca James ainda tinha muitas habilidades que ela poderia usar. Seus dedos alisaram uma das camadas mais finas de seu vestido pensando em como o testaria quando chegasse a hora. Mesmo sendo alguém adorável James ainda era um inimigo, deveria tomar muito cuidado a partir de agora.

Mesmo se essa pessoa for divertida e tiver um riso frouxo.

Mas em sua melodia pensativa outro som surgiu, havia pessoas ali.

Duas pessoas.

Talitha não quis imaginar o que estavam fazendo, mesmo olhando para todos os lados possíveis ela não pode achar nenhuma dica de onde estavam. Ela deveria se manter silenciada, mas parecia que os dois também pararam.

--- senhorita... --- uma arfou.

Senhorita.

Talitha sorriu, mas não disse uma palavra.
Segurou a saia do vestido e começou a subir as escadas tranquilamente, passos lentos pelos degraus encarando por cima do ombro para ver se algum movimento passasse por sua vistoria entretanto nada surgiu. Continuou o mesmo silêncio incômodo.

Em um desequilíbrio Talitha deixou cair uma de suas presilhas mais queridas, porém deixou passar não demorando muito para fechar a porta atrás de si. Ela começou a ajeitar os fios rebeldes que insistiam em se manter fora de ordem só porque foram soltos, cada vez que chegava mais perto podia sentir seu peito se apertar.

--- Porque isso sempre acontece comigo?

A Vilã Da ÓperaOnde histórias criam vida. Descubra agora