Capítulo um - Sonhos ruins

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Minha respiração está irregular. Com a mão do lado direito do peito tento me acalmar. Está muito escuro, não consigo enxergar nada. Mesmo com minha visão noturna, não consigo ver nada além da grande imensidão preta.

Os pingos de água, batendo levemente sobre o metal de uma lata de tinta me deixam cada vez mais assustada. A batida ritimada de três pingos ao intervalo de quatro segundos começa a se modificar. Depois de um tempo o silêncio volta a reinar.

O ar do local fica mais pesado, como se o local fosse vítima de feitiçaria. E para comprovar minhas suspeitas um cheiro de flores passa vagamente pelo meu nariz. Fecho os olhos. Tudo estava indo tão bem. Estava tudo dando certo. Mas de repente PUFF ! Sumiu o final feliz e uma cratera se abriu contra meus próprios pés, me fazendo cair nessa imensa escuridão.

Estou morrendo. Isso é um fato. Mas não vou morrer agora, não hoje.Preciso sair daqui, antes que a maldição se concretize. "TIC TAC " Essa voz não sai da minha cabeça. Droga.

Agarro na parede e começo a tatea-la em uma forma de localizar a onde estou e para onde deve seguir. Sem bater em nada, facilmente consigo me locomover. Mas como sempre, quando as coisas vão bem mal sempre dão um jeito de piorar.

Escuto o barulho dos saltos contra o chão. Devagar. A passos lentos, a mulher vem em minha direção. Sei que devo correr, mas algo me prende ao chão. Como se meus pés estivessem presos com cola no carpete vermelho sangue. Me apoio na parede grossa para não cair. Na tentativa falha, minha mão suave e de pele fina entra em atrito com uma superfície metálica e cortante, que rasga em um corte profundo a minha mão direita.

Tiro minha mão rapidamente da parede, o que me causa um desiquilíbrio e acabo caindo de cara contra carpete. Os passos estão mais perto, bem perto. Com a minha visão turva e confusa por conta da queda só vejo seus saltos vermelhos.

"Ne vom întâlni din nou Nicoleta." - ela diz ao mesmo tempo que pego com a mão esquerda a minha estaca.

Então o sangue caí sobre o carpete. TIC TAC o tempo se esgotou.

Ainda olho para o teto do quarto e observo um pequeno inseto. Will está deitado do meu lado, dormindo igual a uma pedra. Eu estaria assim, se não fosse pelo fato daquela maltida frase que fica se repetindo na minha cabeça e o " TIC TAC " do tempo que sinto que está se esgotando. Engulo em seco e respiro fundo mais uma vez.

"Quando o relógio bater as sete uma gota de sangue cairá sobre o carpete. Fruto de uma morte ou de uma dor."

Porque eu não posso simplesmente esquecer do dia que aquela feiticeira me disse isso. Sinto que alguém irá morrer. Não sei quem, não sei quando, não sei onde, mas alguém vai morrer.

Sinto Will resmungar e o olho. Ele está tão sereno, tão despreocupado. Levo minha mão ao seu rosto e traço seu contorno. Eu o amo. E por isso preciso descobrir uma forma de me livrar dessa maldição.
Enquanto isso não acontece preciso achar uma forma de dormir.

Jogo minhas cobertas para o lado e dou um beijo leve na testa de Jones. Levanto-me e visto-me. Somente uma boa dose de treinamento para melhor meus poderes na cameră pentru instruire poderá me ajudar agora.

A essa hora da tarde ninguém está devidamente acordado. Então caminho livremente pelos corredores sem qualquer pergunta desconfortável sobre a minha mudança de comportamento.

O que é bom, pois estou quase contando a verdade. E algo em mim diz que escondendo o fato, acabo os protejendo de algum modo.

Aérea, perdida nos meus pensamentos só percebo que tem alguém acordado além de mim é quando eu acabo batento contra um peito magro, quase esquelético.

" Agente Carter, o que faz acordado ? " pergunto com o cenho franzido. O recém transformado vampiro da RCC ainda não estava pronto para ficar andando sozinho por ai. Ele é praticamente um bebê.

"Senhora Nicoleta, desculpe-me não estava conseguindo dormir e vim andar pelos corredores em busca de ar fresco. "

" O que está lhe causando insônia ? " é estranho um vampiro não sentir sono. Ainda mais os mais novos.

" Pesadelos " responde dando de ombros.

" Já conversou com Adrian sobre o assunto ? Ele é ótimo em desvendar sonhos ruins. "

" Não será preciso. " me encara trincando os dentes.

"Mas..."

"Vou voltar para o meu quarto, se me der licença Senhora Nicoleta " ele faz uma leve reverência e some pelo corredor.

A algo nele que não consigo descifrar, algo quase negro. É tão complicado ser transformado contra a vontade. Ainda mais aguentar um povo tão diferente em culturas e ações. Ele está sofrendo. Entrando em um buraco profundo que se não pular fora agora mesmo ele estará completamente perdido.

Carter

Só quero ter minha vida de volta. Já não basta eu ter que a aceitar meu novo estilo de vida. Beber sangue ou o suco horrível de beterraba. Ainda tem aqueles malditos vampiros filhos de uma cățea,como eles dizem por aqui, que não largam do meu pé. Quando eu ficar forte, vou pega-los e deixa-los bem - mas muito bem- machucados.

Bato a porta do meu quarto e passo o trinco. Pelo menos tenho privacidade. Pego debaixo de minha cama a minha maravilhosa garrafa com o líquido vermelho que irá me fazer ficar tão forte quanto aqueles idiotas.

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Traduções:
"Ne vom întâlni din nou Nicoleta." - Nos encontramos de novo Nicoleta.

cameră pentru instruire - Sala de treinamento.

cățea - vadia

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The vamps - Blood at Dawn (POSTAGENS PARADAS TEMPORARIAMENTE)Onde histórias criam vida. Descubra agora