Essa fic é uma adaptação livre do filme Muito Bem Acompanhada. A sugestão da história foi de @pvindelicada. Espero que gostem.
Divirtam-se!!
Há pelo menos uma hora, Lena estava sentada na cozinha de seu apartamento olhando o convite de casamento de seu irmão que havia chegado em seu e-mail. Ela lia e relia sem parar como se já não tivesse decorado tudo aquilo que estava escrito. Cada vez que passava os olhos pela tela do celular, o nervosismo crescia dentro de si e com ele vários outros sentimentos conturbados.
O jeito que aquele convite estava a deixando nem tinha tanto a ver com o casamento de Lex, mas sim porque tinha que marcar se iria levar um acompanhante a cerimônia ou não.
Ninguém deveria ficar tão aflito sobre ir em um casamento sozinho, mas Lena estava. A madrinha de casamento seria a sua ex, Helena Bertineli, que, além de amiga de Lex, era também a melhor amiga de Eve, a noiva dele. E esse era o real motivo para seu atual estado de nervos.
Depois de sete anos juntas, Helena terminou todo o relacionamento. Já havia passado dois anos do término, mas ainda não havia a superado. E por não a ter superado, não teve muitos encontros durante esse tempo. E por não ter tido muitos encontros, estava solteira. Por estar solteira, não tinha quem levar a cerimônia.
Bem que durante esses 24 meses tentou superar o término, mas foi tudo tão repentino e amava tanto Helena, que aquela pontinha de esperança de tudo voltar a ser como antes permanecia no seu coração. Gostaria de ter encontrado alguém que a fizesse esquecer da ex, só que ninguém valia a sua tentativa de querer algo a mais.
Para Lena, aquela famosa frase “Só se cura um amor com outro amor” estava sendo real. Ela queria curar a ferida que tinha ficado mal cicatrizada, mas não havia outro amor a vista. Talvez, pensava ela muitas vezes, se achasse alguém que a mostrasse que valia apena amar alguém de novo, ela amaria. Pois, por enquanto e infelizmente, ela ainda não sabia como se curar sozinha.
Sua melhor amiga, Samantha Arias, a dizia que ela tinha que primeiro se abrir para alguém e depois o resto vinha tempo. De certa forma, ela sabia que Sam estava certa. Como poderia conhecer alguém legal se não desse a chance a pessoa? Porém, também achava que não precisaria se moldar para caber em um espaço, ou melhor, na vida de alguém. Mesmo que a relação não começasse imediatamente como um romance, a conexão deveria ser imediata e depois, o resto vinha com o tempo.
Não dava para aparecer naquele casamento sozinha. Não saberia encarar toda a sua família e Helena sozinha. Tudo bem que teria Samantha ao seu lado, ela também havia sido convidada e iria desacompanhada, mas sua situação era outra. Chegar lá sem alguém, era deixar escancarado que não soube superar a ex.
Ok. Ela realmente não soube, mas ninguém além dela e de sua melhor amiga precisariam saber desse detalhe.
Deixando um suspiro escapar de seus lábios, acabou marcando que iria levar um acompanhante e reenvio o e-mail. Depois que fez isso, seu corpo todo ficou tenso e então engoliu seco.
Desde que ficou sabendo do casamento de Lex, procurou alternativas que a ajudasse. Samantha até deu algumas ideias e nenhuma parecia muito boa, só que uma delas iria ter que servir.
Ainda nervosa, procurou no celular o número que tinha salvo há alguns dias e ligou para ele. Muito provavelmente aquela seria a pior decisão que tomaria em sua vida. No entanto, não iria ter certeza se era a pior decisão se não a tomasse. Poderia se arrepender daquilo? Sim. Certamente iria se arrepender no minuto seguinte. Mas também se arrependeria de chegar ao casamento sozinha ou de não ir.
— Alô?
Uma voz totalmente desconhecida e sonolenta invadiu os seus ouvidos. Se já estava nervosa, havia acabado de ficar muito mais.
— Eu queria contratar seus serviços — disse rapidamente e depois tampou a boca com a mão livre.
Do outro lado da linha a desconhecida riu, o que fez Lena pensar em desligar o telefone.
— Não é bem assim que as coisas funcionam.
— Como não?! — sua voz saiu fina e estremecida. Nem parecia que era uma mulher que comandava uma empresa multimilionária. — Como não? — repetiu já com seu tom de voz normal.
— Eu não sei onde você encontrou meu número, mas certamente não estava especificado uma coisa.
— O que seria essa coisa?
— Eu só aceito fazer o negócio pessoalmente.
Franzindo o cenho, Lena foi até seu quarto e pegou seu notebook. Tinha lido e relido aquela página de acompanhantes de luxo, não era possível que havia deixado isso passar.
— Ei? — a desconhecida a chamou. — Você está aí?
— Estou.
— Está verificando se é real o que eu acabei de dizer, não é?
— Não. Não estou fazendo nada disso — tentou parecer calma, mas sabia que havia falhado.
Relendo rapidamente tudo o que dizia sobre a acompanhante, bem em baixo havia escrito que ela só aceitava fechar negócios pessoalmente.
Balançando a cabeça negativamente, Lena se xingou mentalmente. Aquilo não deveria ser tão complicado.
— Como eu vou saber se você é a pessoa que está descrita aqui nesse site? — usou seu melhor tom de negociadora. Ela sabia como negociar, não seria tão difícil fazer isso com a desconhecida. — E se você for uma serial killer?
Novamente escutou uma risada meio rouca e se sentiu idiota por ter virado alvo de gargalhadas de uma desconhecida.
— É por isso que eu só faço negócios pessoalmente. Você me encontra em um local que você acha seguro. Você vê se correspondo as suas expectativas. Se eu corresponde-las, você me diz o quer de mim e então fechamos negócio.
— É simples assim?
— Simples assim.
Não podia perder tempo, em dois dias embarcaria para Metrópolis, tinha que resolver esse problema urgentemente.
— O que eu te pedir para fazer é confidencial, não é?
Sua pergunta pode até ter parecido sem noção para a desconhecida, mas tinha que saber. O problema de ter seu rosto estampado em revistas por todo o país era justamente esse, era sempre reconhecida e qualquer coisa poderia até virar um escândalo.
— Sim, tudo é um segredinho nosso.
Lena fez uma careta com a resposta.
— Podemos resolver esse assunto hoje?
— Bem... é que... eu tenho compromisso.
— Eu pago o valor que a pessoa iria te pagar. Eu dobro o valor se for preciso — levou o polegar até a boca e o mordeu tentando aliviar a tenção.
Como resposta ouviu mais risos.
— Escuta aqui, por acaso estou contando uma piada para você? — perguntou irritada se levantando da cama.
— Me desculpa, é que meu compromisso era com a minha irmã. Você deduzir que era um cliente foi meio engraçado.
— Porque foi engraçado?
— As pessoas sempre acham que somos movidas a base de negócio, mas, às vezes, só temos um compromisso aleatório como qualquer outra pessoa tem — explicou parando de rir. — É sempre engraçado a dedução das pessoas sobre como isso funciona.
A curiosidade invadiu Lena, ela queria muito perguntar como aquilo funcionava. Queria saber se não era como todos diziam e ela imaginava, mas decidiu deixar essa pergunta para um outro momento.
— Me desculpa por isso — pediu sem graça e se sentindo mal por sua dedução. — De verdade, eu preciso de sua ajuda, esse encontro pode ser hoje?
— Tudo bem. Onde?
— Noonan's. Às duas. Na mesa do fundo do lado contrário da janela. Vou estar de vermelho.
— Nos vemos lá. Até mais.
— Espera! — falou afobadamente antes que ela desligasse. — Devo levar uma mala de dinheiro ou algo assim? — a escutou rir novamente. — Dá pra parar de rir de mim? Me sinto uma palhaça.
— Só deve deixar o seu conceito pré estabelecido sobre a minha profissão em casa. De resto, nós resolvemos na cafeteria.
— Me desculpa de novo.
— Tudo bem. Até mais ver.
Assim que desligou, Lena se jogou na cama se sentindo uma completa estúpida. Teria que ter muita sorte para aquela acompanhante aceitar fazer o que ela iria pedir, ainda mais depois de ter falado coisas que não a agradou. Se caso ela não aceitasse fazer aquilo, não iria comparecer ao casamento de Lex. Não iria enfrentar aquilo desacompanhada.
Olhando na tela do celular, viu que já passava do meio dia. Respirando fundo e tentando se convencer de que aquela ideia que Samantha a deu era a certa, se levantou para ir se trocar.
Perto do horário combinado, Lena pisou na calçada de seu prédio. O Noonan’s não ficava longe de sua casa e andar seria bom para tentar se acalmar.
Seus passos em direção a cafeteria estavam letárgicos. Queria ir fazer o que tinha que tinha fazer, mas também queria voltar casa e fingir que nunca entrou naquele site de acompanhantes, pegou o número daquela garota e ligou para ela.
Agora, analisando um pouco melhor a situação depois de vários surtos internos, se perguntava por qual motivo foi logo se interessar pelo perfil escrito de uma acompanhante onde nem mesmo havia fotos. Viu o rosto de várias garotas, leu páginas e mais páginas sobre como elas eram, mas logo a que menos tinha informação era a que achou interessante.
Tinha certeza que quando contasse isso para Samantha ela iria rir demais. Quase conseguia imaginar toda a cena. Seria feita de chacota a vida inteira pela melhor amiga.
Chegando na frente do Noonan’s, retirou seus óculos escuros e entrou antes que a coragem sumisse de seu ser. Rapidamente, foi até a mesa em que havia combinado com a garota misteriosa. Ali costumava ser um local que ficava sozinha, ninguém nunca a incomodava, era como se aquela mesa fosse reservada só para ela, mas como teria uma companhia hoje, ali era perfeito para não chamar a atenção.
Distraída enquanto respondia uma mensagem de Samantha, não percebeu que alguém vinha em sua direção. Ao se dar conta que um corpo se esgueirava para sentar a sua frente, olhou para a desconhecida e sentiu seu corpo gelar.
Não dava para voltar atrás.
— Vermelho combina com você.
A jovem de cabelos dourados e olhos azuis inquietos disse com um pequeno sorriso no rosto.
— Você é... é... — limpou a garganta que estava seca pelo nervosismo. — Você é...
— Acompanhante? Sim. Sou eu — estendeu sua mão em comprimento. — Meu nome é Kara, muito prazer.
Piscando mais rápido do que de costume, Lena permaneceu imóvel.
— Tem alguma coisa errada? — Kara perguntou preocupada. — Quer que eu peça uma água ou chame alguém? Parece pálida.
Sacudindo a cabeça, Lena tentou voltar a realidade.
— Desculpa, é que... que você parece uma pessoa comum.
— É porque eu sou uma pessoa comum.
— Me desculpa — pediu novamente se dando conta do que havia falado. — Eu juro que eu não falo tanta bobagem por segundos.
— Deixa eu adivinhar — fingiu pensar em alguma coisa —, é a primeira vez que faz isso, certo?
— É tão óbvio assim?
— Bem óbvio.
As duas riram.
— Como funciona isso? Eu ficaria agradecida se me explicasse.
— Eu tenho um preço — encarou a morena de olhos verdes que estava atenta. — Meus serviços custam seis mil dólares.
— O dia? — arqueou as sobrancelhas.
Para uma acompanhante de luxo, seis mil era muito pouco.
— A hora.
— Faz mais sentido. Continue.
— Cada hora adicional custa três mil. Te acompanho onde você quiser que eu vá e eu finjo ser quem você quer que eu seja — se debruçou um pouco em cima da mesa para se aproximar de Lena. — Se é que você me entende — sussurrou.
— Você tá falando daquilo? Tipo... ser quem eu quero que você seja na cama? — sussurrou a última palavra.
— Se for de sua vontade... — deu ombros. — Mas a maioria das pessoas querem apenas companhia.
Processando aquela conversa, Lena mantinha os olhos num ponto fixo na mesa. Não que ela imaginasse que a loira a sua frente fizesse outra coisa, mas era meio chocante a naturalidade que ela falava sobre aquilo.
— Eu preciso de você por duas semanas, todos os dias, dia e noite. Pago o que você quiser e... — passou as mãos pelos cabelos de forma nervosa — se você já tiver algo para fazer, eu cubro o valor. Não precisa que faça nada comigo, só preciso de sua companhia.
— Duas semanas é muita coisa — Kara disse ponderando sobre aquela proposta.
— Se aceitar, você vai ter que ir comigo ao casamento do meu irmão — começou a explicar tentando não desistir da ideia agora que já tinha ido tão longe. — Você vai ter que fingir se minha namorada. Minha ex vai estar lá e...
— Eu aceito.
— Mas eu não terminei de explicar.
— Eu já entendi que você não quer aparecer lá sozinha e quer fazer ciúmes pra sua ex.
Quando decidiu fazer aquilo tudo, Lena estava tão desesperada em não ir sozinha que nem passou pela sua cabeça que, talvez, estivesse fazendo aquilo para também fazer ciúmes em Helena. Perceber que aquela suposição de Kara tinha seu fundo de verdade, a fez se encolher um pouco. Se sentia mal e tola por não conseguir superar aquele término.
— Ei — segurou uma das mãos da morena e apertou de leve. — Não precisa ficar assim pelo que eu falei. Se é o que quer, eu te acompanho e faremos ciúmes a sua ex sem problemas.
— Já fez isso? Já foi contratada só pra fazer ciúmes para a ex de alguém? — voltou a fitá-la com curiosidade.
— Ciúmes para ex é meu nicho.
Revirando os olhos, Lena riu daquele comentário idiota, mas que a fez se sentir menos pior.
— Nós viajamos para Metrópolis em dois dias.
— Tudo certo. Só me dar todos os detalhes da viagem.
— E... É... Bom... como — pendeu a cabeça para o lado tentando perguntar aquilo sem a ofender — como eu... te pago?
— Pode depositar ou pagar em dinheiro vivo. Mas isso é só no primeiro dia do trabalho. Mais alguma pergunta?
— Acho que não — sorriu sem jeito
Ficando em silêncio, Lena reparou que a mão de Kara ainda segurava a sua. Foi um gesto na tentativa de acalmá-la, ela sabia disso, e acabou de seu certo. Pelo menos tinha conseguido concluir uma parte de seu plano idiota, agora só faltava inventar toda uma história sobre elas. Uma que acreditassem de preferência.
— Se já terminamos, é só me mandar os detalhes por mensagem.
— Isso é mesmo confidencial?
— Nosso segredinho, Lena.
Automaticamente a morena arregalou os olhos.
— C-como você sabe? Eu não te disse meu nome — sua voz saiu falhada.
— Não é difícil reconhecer a herdeira de um império, ainda mais quando ela é tão bonita e está com seu rosto estampado em muitos lugares.
— Eu aposto que você deve me achar burra pelas perguntas que tenho feito — abaixou o olhos, mas quando sentiu um aperto em sua mão, voltou a olhar para a loira.
— As primeiras vezes são sempre as mais difíceis. Nos vemos em dois dias, certo? — tirou sua mão de cima da mão de Lena.
— Certo.
— Então até sexta.
Com a mesma rapidez que tinha se sentado naquela mesa, Kara se levantou dela. Antes de sair de perto de Lena, a deu um sorriso gentil que foi retribuído com a mesma intensidade.
Um pouco em choque por causa de toda aquela situação embaraçosa, Lena a acompanhou com os olhos até não a ver mais.
Kara, nesse momento, era a sua tábua de salvação para aquele eminente encontro em família e com sua ex. Sua esperança era de que tudo desse certo. Por duas semanas, ela teria que fingir que estava completamente apaixonada por aquela loira que seria sua falsa namorada.
Continuo se gostarem.
:)
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Muito Bem Acompanhada
Fanfiction[Concluída] O irmão mais velho de Lena Luthor está prestes a se casar, e ela não quer comparecer sozinha à cerimônia, que será realizada em Metrópolis. Para completar, sua ex-noiva é a madrinha do casamento. Determinada a mostrar para todo mundo, pr...