Capítulo 13

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Voltei!!

 
Chegamos ao penúltimo capítulo.
 
 
Divirtam-se!!
 
 

Há pelo menos uma hora, Lena estava olhando o convite de casamento de Samantha e Andrea que havia chegado em seu e-mail algumas semanas atrás. Ela lia e relia sem parar como se já não tivesse decorado tudo aquilo que estava escrito. Cada vez que passava os olhos pela tela do celular, o nervosismo crescia dentro de si e com ele vários outros sentimentos que em sua maioria eram saudosos.
 
O jeito que aquele convite estava a deixando nem tinha tanto a ver com o casamento em si, mas sim porque tinha que marcar se iria levar um acompanhante à cerimônia ou não.
 
Ninguém deveria ficar tão aflito sobre ir em um casamento sozinho, mas Lena estava. A madrinha de casamento de Andrea seria Kara. E esse era o real motivo para seu atual estado de nervos.
 
Já havia se passado um ano desde que esteve numa situação similar a essa. Um ano que contratou uma acompanhante de luxo e se apaixonou por ela. Um ano que tinha magoado Kara. E um ano que não se viam ou se falavam.
 
A frequência como o presente podia repetir o passado era até impressionante. Um raio podia cair sim duas vezes no mesmo lugar. Mas a questão agora não era sobre ir sem ninguém. Agora se perguntava como olharia Kara depois de longos doze meses longe dela.
 
Estava há poucos metros de chegar no local que Andrea e Samantha haviam alugado para a festa em Midvale. Os convidados de honra ficariam o fim de semana hospedados em um luxuoso hotel a beira mar. E Lena tinha que enviar logo seu convite, pois o casamento estava para acontecer no dia seguinte a tarde e seu prazo para decidir estava no fim.
 
Sabendo que tinha adiado aquilo o suficiente, marcou a opção mais viável  e reenviou o e-mail.
 
Iria só.
 
Nesse longo período, não parava de se perguntar se Kara tinha encontrado alguém e tivesse curado um amor com outro amor. Seria triste vê-la acompanhada, mas, se acontecesse isso que tinha tanto medo, teria que aceitar que a perdeu para sempre. Doeria como um inferno vê-la com alguém. Só que esse foi um risco que assumiu quando disse a ela aquelas coisas. Pelo menos, durante a noite teria a despedia de solteira de Andy e Sam, poderia usar isso como desculpa para encher a cara e chorar de tristeza.
 
Ainda com o celular em mãos, viu uma mensagem de Andrea pedindo que quando chegasse a encontrasse na cafeteria do hotel. Achou aquilo estranho, pois quando falou com Samantha minutos atrás — Sam cobrou a resposta do acompanhante — ela disse que estava com Andrea verificando os últimos detalhes da cerimônia e por isso só se veriam na despedida que seria numa boate.
 
Respondendo a mensagem com um “Ok”, foi alertada por seu motorista que haviam chegado.
 
O hotel escolhido era bastante bonito e extravagante, mas era algo que combinava com o estilo das duas noivas. Pelo que ficou sabendo, quem as ajudou a escolher o local foi Kara. Quando visitou Midvale, não fazia ideia de que poderia haver um lugar assim, mas tinha que confessar, a cidadezinha tinha seus encantos e surpresas.
 
Depois de fazer o check-in, foi para seu quarto. Sam tinha feito uma excelente escolha ao colocá-la de frente para o mar. Após pendurar o vestido que usaria na cerimônia e dar uma gorjeta ao rapaz que levou suas malas, saiu do quarto para procurar pela cafeteria. Minutos depois, estava sentada em uma mesa no canto que era bem iluminada pelo sol.
 
Distraída enquanto avisava Andrea que já estava a esperando, não percebeu que alguém vinha em sua direção. Ao se dar conta que um corpo se esgueirava para sentar a sua frente, olhou para a mulher e sentiu seu corpo gelar.
 
— Vermelho combina com você — Kara disse com seus olhos azuis inquietos e um pequeno sorriso no rosto.
 
— Você aqui? — não era isso que queria falar, mas ficou nervosa o suficiente para não conseguir pensar direito.
 
— Andy me disse para encontrá-la aqui. E... bem, eu também sou madrinha desse casamento, então não seria tão estranho eu estar por aqui, não é?
 
— Desculpa — balançou levemente a cabeça tentando organizar os pensamentos. — É só que...
 
— Eu sei. Já faz um tempo — apoiou os antebraços na mesa.
 
— É. Um bom tempo.
 
As duas se olharam nos olhos ficando caladas. Tinham muitas coisas para dizer, mas estavam com medo de dizerem a coisa errada.
 
Lena queria muito ultrapassar toda a barreira imposta por Kara e apenas abraçá-la. Porém, não faria nada por impulso. Já era bom estar a menos de um metro de distância da loira a vendo sorrir ao invés de vê-la com um semblante triste.
 
Os pensamentos de Kara não eram muito diferentes dos de Lena. Tinha ideia que havia sentido falta da morena, mas agora a vendo tão perto é que percebeu que a saudade dela era muito maior do que imaginava.
 
Vendo que uma mensagem chegou em seu celular, Lena desviou o olhar de Kara para poder lê-la. Assim que leu Andrea dizendo que não poderia aparecer na cafeteria, pois teve que ir com Samantha resolver algumas coisas da cerimônia, sentiu vontade de estapeá-la. Ela havia armado aquele encontro.
 
— Sonsa — murmurou.
 
— O que?
 
— É que — deixou o celular de lado — Andy disse que não vai poder vir — se levantou. — Acho melhor eu ir.
 
Quando ia se afastar, sentiu uma mão quente pegar levemente em seu braço. Primeiro, olhou para a mão e depois para a dona dela que permanecia sentada. Por um segundo, sentiu seu coração falhar, mas logo começou a bater tão rápido que achou que ele iria escapar por sua boca.
 
— Fica — pediu com uma voz doce. — Porque não tomamos um café? Já estamos aqui mesmo.
 
— Kara, é... eu...
 
— Fica, Lena. Eu estou pedindo pra você ficar e tomar um café comigo — percebeu que Lena ficou indecisa. — É ruim a ideia de tomar um café comigo?
 
— Nada com você é uma ideia ruim, Kara.
 
— Então fica. Por favor.
 
— Tudo o que você quiser.
 
Kara não fazia ideia de onde tinha tirado coragem para pedir para Lena ficar, mas queria que ela ficasse. Queria ao menos tentar conversar alguma coisa com ela como se fosse a primeira vez que faziam algo juntas. Queria conhece-la de novo.
 
Não fazia ideia que iria encontrar Lena tão cedo, estava preparada apenas para vê-la na despedida de solteira do casal do ano. Ao olhá-la agora a sua frente, percebendo que sua perna direita tremia por ela estar nervosa, se sentiu da mesma forma que a encontrou a primeira vez em National City. Curiosamente, de um jeito parecido com esse.
 
Por longos minutos, Kara ouviu Lena contando sobre como foi sua vida nos últimos meses. Basicamente, ela resumiu tudo ao trabalho. Quando Lena quis saber sobre Kara, não falou muita coisa diferente dela, já que havia passado todo esse tempo apenas se dedicando ao restaurante — que estava indo muito bem por sinal. De qualquer forma, ambas se sentiam felizes por, finalmente, estarem conseguindo contar sobre suas conquistas e projetos uma para outra.
 
Todos os dias, uma das coisas que mais desejaram era ter a outra para partilharem suas alegrias. E ali estavam elas. Ainda que estivessem acanhadas, receosas e um pouco amedrontadas o suficiente para medir em suas palavras, essa era a primeira vez que se sentiam felizes depois de tantos meses.
 
As horas voaram estando juntas — internamente se lamentavam por isso. Não conseguiam parar sorrir. Não queriam sair daquela cafeteria por medo de tudo virar cinzas. No entanto, uma hora tiveram que deixar aquele lugar.
 
Lado a lado, as duas andavam pelo saguão em direção ao elevador. Apenas milímetros as separavam e tentavam se controlarem para não se tocarem.
 
— Parece cansada — Kara comentou quando viu Lena bocejando pela décima vez.
 
Sim, ela estava contando.
 
— E estou. Muito trabalho e poucas horas de sono. Sem contar que a viagem até aqui não é curta.
 
— Deveria se cuidar mais — apertou o botão para chamar o elevador. — Não faz bem o que vem fazendo.
 
— Você acabou de me dizer que se dedica muito ao seu trabalho. Não faz bem o que vem fazendo.
 
— Prometo tentar melhorar — sorriu gentilmente.
 
— Então prometo fazer o mesmo.
 
Entrando no elevador, as duas foram apertar os botões de seus andares no mesmo instante, por causa disso, seus dedos se tocaram e seus olhares se cruzaram.
 
— Vai também para o quinto andar?
 
— Sim — Lena respondeu se afastando um pouco de Kara enquanto ela apertava o botão, mas sem deixar de olhá-la.
 
— Que coincidência! Também estou nesse andar.
 
— É — concordou com a cabeça. — Coincidência.
 
E mais uma vez no dia, Lena estava querendo estapear a prima e agora sua melhor amiga também, mas ao mesmo tempo queria agradece-las por tudo aquilo. Se não tivessem armado aquele plano, não teria tido uma tarde tão agradável ao lado de Kara.
 
Descendo no quinto andar, silenciosamente acabaram indo para a mesma direção no corredor. Suas mentes estavam borbulhando de pensamentos. Era muito mais barulhento dentro delas mesmas do que naquele extenso corredor.
 
— Eu fico aqui — apontou para a porta.
 
— E eu — Lena apontou para a porte na frente da de Kara — fico aqui.
 
— Vo-o-cê vai para a despedia?
 
— Vou. Acho que nem Sam e nem Andrea me perdoariam se eu não aparecesse para vê-las beber até esquecerem o nome — bocejou de novo.
 
— Elas me fizeram essa ameaça — Lena riu do comentário e Kara a analisou por alguns segundos. — Deveria descansar. Assim vai aproveitar melhor a noite.
 
— Acho que vou fazer isso.
 
— Vou entrar — disse, mas sem nem se mover.
 
— Eu também vou. Não no seu quarto, no meu quarto — sorriu nervosa. Até que demorou falar alguma coisa movida pelo nervosismo. — Nã-não ri de mim — pediu quando Kara não se conteve. — Kara, não ri.
 
— É que você fica uma graça quando está nervosa. É difícil me segurar.
 
Tanto tempo sem ver e nem falar com Kara e ela tinha o mesmo jeito. O jeito que a fazia ficar nervosa.
 
Se durante a viagem até Midvale acabou adormecendo e as últimas horas foram um sonho, queria continuar dormindo, pois o que estava acontecendo era o começo de algo que vinha desejando há muito tempo. 
 
— Vou entrar.
 
— No meu quarto? — perguntou à provocando. — Tudo bem — jogou as mãos para cima em rendimento. — Parei.
 
— Nos vemos mais tarde?
 
— Sim. Nos vemos, sim.
 
Por mais alguns segundos continuaram enrolando do lado de fora de seus quartos enquanto se encaravam. Então, Kara tomou coragem de abrir a porta e começar a entrar. Elas se olharam até que não se viram mais.
 
Fechando a porta, Kara se encostou nela respirando ofegante. Foi difícil se conter na presença de Lena. E agora tinha a sensação de que havia corrido uma maratona e precisava urgentemente de oxigênio nos pulmões.
 
O sorriso de Lena ainda tinha o poder de despedaçá-la e consertá-la em questão de segundos. De repente, tudo o que sentia por ela é estava adormecido dentro de si, veio com muito mais força.  Não era a magoa e a tristeza que tomaram conta de seu ser quando viu Lena naquela cafeteria. Foi a paixão, atração, a admiração e o amor que nutriu por ela tão rapidamente que a quase sufocou.
 
Mais uma vez tinha que tomar uma decisão. E também teria que ser egoísta para tomá-la. Teria que pensar o pior e fazer o melhor.
 
O resto do dia, Kara ficou trancada no quarto encarando o teto. Na sua cabeça os momentos que teve com Lena se repetiam sem parar, até mesmo o mais doloroso. Já era costume ter seus pensamentos invadidos por ela, mas agora estava sendo como naquela primeira semana que iniciaram sua história.
 
Depois de vários minutos gastados só pensando na morena que a fazia perder até razão, resolveu começar a se trocar para a comemoração que viria a noite.
 
Quando ficou pronta, viu as horas no relógio e notou que já estava na hora de ir encontrar Alex, Kelly, Sam e Andrea no saguão. Dando uma última verificada no espelho, respirou fundo e foi em direção a porta do quarto, assim que a abriu, deu de cara com Lena.
 
— Uau — disse quase sem piscar.
 
— Gostou? — Lena perguntou um pouco sem graça, mas gostando da reação de Kara.
 
— Está maravilhosa — respondeu analisando o vestido escuro, curto e colado ao corpo.
 
— Sério? — arqueou as sobrancelhas.
 
— Muito sério — assentiu com a cabeça subindo os olhos até seu rosto.
 
— Não se apega demais, ein? — sorriu quando Kara riu de seu comentário. — Você também está maravilhosa.
 
As orbes verdes pousaram sobre Kara. Foram tantos dias sem olhar para aquela mulher que ainda considerava uma perdição que só queria admirá-la.
 
Kara reconhecia aquele olhar. Gostava quando Lena a olhava daquela forma. Estava gostando de ser olhando assim novamente depois de um longo tempo.
 
— Porque está me olhando assim?
 
— Porque gosto de te olhar. O tempo não mudou isso. Não consigo evitar.
 
— Pronta para se divertir? — desconversou, pois não sabia como reagir.
 
— Estou.
 
As duas foram pegas de surpresa com o que aconteceu em seguida. Kara acabou estendendo seu braço olhando para Lena com expectativa de que ela fizesse algo. Sentindo seus lábios se curvarem minimamente, Lena entrelaçou o seu braço no de Kara no minuto seguinte. No mesmo instante, elas sorriram abertamente.
 
Na boate, os dois outros casais observavam Lena e Kara na bancada do bar conversando. Elas não haviam se desgrudado desde que chegaram ao local e por isso todas as outra decidiram manter distância.
 
— Vocês acham que agora elas se resolvem? — Kelly perguntou.
 
— Bom, nesse último ano nós não vimos nem de longe Kara tão feliz. Olha agora — Alex apontou na direção delas —, elas... acho que elas nem estão notando a música alta e as pessoas em volta.
 
— Eu não armei aquele encontro na cafeteria para não dar em nada.
 
— Você o que? — Alex e Kelly perguntaram juntas olhando para Andrea.
 
— Elas se conheceram numa cafeteria. Eu dei um jeitinho delas se encontrarem numa cafeteria hoje. Nostalgia pode ser boa. Assim como Sam deu um jeitinho delas ficarem num andar bem diferente do nosso, mas juntas — sorriu orgulhosa de si.
 
— Ah, gente. Sei que já conversamos sobre isso e dissemos que não iríamos interferir mas...
 
— Pelo jeito vocês duas não ouviram — Kelly respondeu à Sam.
 
— Mas nós não as obrigamos a nada, apenas demos uma forcinha. Qual é, meninas? — olhou para Alex e Kelly que não sabiam se gostavam daquilo. — Elas sabem o que é melhor para elas. Nós sabemos que, nem de longe, elas são as mesmas pessoas de um ano atrás, mas que mantêm os mesmos sentimentos.
 
— Isso é verdade — Alex concordou dando mais uma olhada na irmã que estava bem próxima a Lena. — Kara amadureceu muito e agora afirmo com todas as letras: ela não faria nada sem pensar no que é melhor para ela.
 
— Embora ela tenha se fechado para o mundo, é perceptível que agora ela é mais pé no chão — Kelly completou a frase da esposa.
 
— Lena também tá mudada e, como já sabemos, ela se arrepende e durante esse tempo todo fez o que Kara pediu — apertou os lábios se virando para olhar a melhor amiga. — Lena não faria Kara sofrer de novo. Ela também amadureceu muito.
 
Os dois casais observaram as duas seguindo para pista de dança.
 
— Eu como prima da Lena e melhor amiga da Kara, posso afirmar com todas as letras que hoje elas estão prontas para viver o que sentem se assim quiserem. Mas conhecendo as duas, sei que o medo as impediria de dar o primeiro passo em direção a isso.
 
— Se Lena magoar minha irmã de novo, eu juro que vou acabar com ela.
 
— Não se preocupa, Alex — Samantha chamou a atenção da ruiva. — Primeiro, ela não faria isso. Segundo, eu te ajudaria.
 
— Só podemos torcer para que tudo dê certo então.
 
— Kelly tem razão. Nós estamos unidas por causa delas — todas riram do comentário de Andy. Não era uma mentira aquilo — Vamos torcer para que, finalmente, elas consigam ir adiante, sem mágoas do passados e sem causar nenhuma no futuro.
 
A pista de dança estava um pouco cheia. O som estava bem mais alto naquele espaço onde todos se embalavam conforme a música, ou pelo menos tentavam fazer isso. Kara e Lena estavam dançado juntas. Kara rodopiava Lena de um lado para o outro enquanto ela sorria incansavelmente. Havia sentindo falta de ver a morena sorrir. De fazer ela sorrir.
 
Desde o momento que pisaram ali, era como se estivessem tentando recuperar um tempo que foi perdido, mas muito necessário para elas. Ambas só que queriam aproveitar o fato de conseguirem ficarem num mesmo lugar sem uma tensão horrível pairando sobre elas. Só queriam se dar a chance de aproveitar que seus caminhos se cruzaram novamente de um jeito tão parecido quanto a primeira vez, mas que queriam fazer tudo diferente.
 
As duas desejavam que tudo fosse diferente. Ainda não tinham ideia do que fazer, principalmente Kara, porém queriam fazer algo sobre aquilo tudo.
 
Passando de meia-noite, todas resolveram ir embora e, como mais uma estratégia de Andrea, Kara e Lena voltaram sozinhas no carro. O trajeto foi feito com as duas novamente perdidas dentro de si.
 
Chegando no hotel, seguiram para seus quartos com os braços entrelaçados e com uma sensação de alívio. Era realmente um alívio para as duas conseguirem conversar, sorrir, se tocarem, estarem na presença uma da outra e ficarem em silêncio sem ter um espinho em seus corações. Aquele espinho da decepção de do arrependimento machucou.
 
— Está entregue — Kara disse ao parar em frente às suas portas.
 
— Que gentil de sua parte me deixar na porta do meu quarto.
 
— Você poderia se perder no caminho — soltou os seus braços e se virou para ficar de frente par Lena. — Me divertir hoje. Tanto na cafeteria, quanto vendo o tanto que você dança mal.
 
— Ainda bem que tive um bom par então — mexeu em seus cabelos de forma nervosa. — Eu também me diverti.
 
— Pelo menos dessa vez não vou precisar te por em baixo do chuveiro pra se livrar de um porre.
 
Pouco se recordava desse dia, mas era nítido na memória de Lena que só bebeu porque queria dizer a Kara como se sentia em relação a ela, mas quando disse Kara não acreditou por ela estar bêbada.
 
Se olhando, Lena queria falar muitas coisas, mas não sabia se era o momento certo. Embora tenha tido um excelente dia só por causa de Kara, não queria dar um passo maior que a perna e por tudo a perder.
 
Olhando intensamente para Lena, Kara sentia que estava sendo puxada em direção a ela. Não era uma sensação nova, mas era ótimo senti-la novamente.
 
— O que foi?
 
— Eu gosto de te olhar. O tempo também não mudou isso pra mim. Você me ama? — perguntou baixinho e de surpresa. — Ou, pelo menos, ainda acha que me ama?
 
— Eu te amo. Eu não acho isso, eu continuo tendo certeza.
 
— Eu ainda significo alguma coisa pra você?
 
— É claro. Você é a pessoa mais importante na minha vida. O tempo não pode tirar de mim o quanto você significa pra mim.
 
Lentamente, Kara começou a sentir com cabeça.
 
— Posso te pedir uma coisa?
 
— Pode — Lena respondeu com certo medo, mas tentando não deixar transparecer.
 
— Me beija. Eu quero matar a saudade que senti de você.
 
Dando dois passos para frente, Lena segurou o rosto de Kara com delicadeza. Se inclinando um pouco, Kara passou os braços por sua cintura a puxando para mais perto para diminuir a distância. Vagarosamente, roçou seu nariz no de Lena, fechando os olhos e, no minuto seguinte, sentiu os lábios quentes e macios da morena contra os seus. Havia devoção e saudade no beijo, havia certeza, havia perdão e, mais do que paixão, havia amor.
 
— Você acredita em mim? Acredita que me arrependo e que não vou te magoar de novo — perguntou ainda com sua boca próxima a de Kara.
 
— Eu acredito — a deu um selinho demorado —, mas não faz isso de novo. Olha o tempo que perdemos separadas.
 
— Eu não vou. Eu prometo que não vou. Eu quero ficar com você, Kara. Você quer o mesmo que eu? Se você me disser que sim, eu vou fazer de tudo pra gente dar certo.
 
— Tudo o que você quiser, docinho — encostou sua testa na de Lena. — Eu quero com você tudo o que você quiser comigo.
 
 
 
:)

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