Voltei!!!
Quase vocês não têm capítulo hoje, mas vocês já me pediram mais de uma vez pra atualizar, então me esforcei.
Divirtam-se!!!
Todas estavam na cozinha das Danvers reunidas para o café da manhã. Kara e Lena estavam lado a lado, mas nada saía de nenhuma das duas. Enquanto isso, Esme contava alguma história aleatória e pedia para ser levada ao parque de diversões. Alex e Kelly tentavam fazê-la entender que não dava parar ir ao parquinho as nove da manhã, mas que a levariam a noite.
Desde que Lena chegou em sua casa — há dois dias — Kara não conseguia dormir, comer ou pensar direito enquanto estavam perto. Estava tão chateada com a toda a situação que aconteceu entre elas, que se sentia mal ao estar na presença dela e nem conseguia trocar mais do que duas palavras. Por um lado, entendia que ela estava tentando ser desculpada e tentando mostrar que estava ali. Por outro, também achava certo egoísmo ela não compreender o outro lado da história.
Era até estranho pensar que dias antes estava certa de que Lena era a pessoa que jamais seria capaz de feri-la de alguma forma, ainda mais ela tendo sido ferida por alguém que amava antes. De repente, ela havia conseguido tocar no ponto mais delicado de sua vida. Pode até ter dito tudo aquilo de cabeça quente, mas isso não diminui o fato de ter dito. Bem que sua mãe dizia que: “As coisas que mais amamos são as que mais nos machucam”. Lena era a exata definição dessa palavra em sua vida.
— Kara? Kara? Ei!
Lentamente, a loira tirou os olhos de seu prato e encarou a irmã.
— Hum?
— Eu perguntei se você vai trabalhar hoje?
— Não. Estou de folga hoje e amanhã. Porque?
— Quer ir com a gente no parquinho? Depois podemos ir comer aquela pizza que você e Esma adoram — Kelly respondeu pela esposa. — Você tem trabalhado direto, seria legal ir com a gente.
— Diz que sim, tia. Diz que sim — Esme suplicou.
Com negar alguma coisa para os olhos brilhantes da garotinha sorridente? Não tinha como.
— Claro — sorriu, mas sem animação. — Eu vou com vocês — a conversa foi atrapalhada quando barulho de buzina vieram da frente da casa. — Estão esperando alguém?
— Não — Kelly e Alex responderam juntas.
— Está esperando alguém? — olhou para Lena que apenas negou com a cabeça. — Vou ver quem é.
A barulheira do lado de fora foi um ótimo pretexto para Kara sair da mesa. Assim que abriu a porta da frente de casa, um sorriso logo apareceu em rosto. Samantha e Andrea estavam saindo do carro e vindo em sua direção. Talvez elas só estivessem ali por causa de Lena, mas, ainda assim, estava feliz por vê-las e esperava que as duas não tivessem ficado contra ela por causa de tudo.
— O que... o que vocês fazem aqui? — Kara perguntou assim que elas se aproximaram mais.
— Viemos ver você — Sam respondeu a abraçando.
— É sério?
— Claro — Andrea entrou no abraço. — Somos amigas lembra?
— Como descobriram onde eu moro?
— Tem um rastreador no carro dela — Andrea começou a explicar enquanto Kara as levava para dentro da casa. — Nós seguimos o rastro dela. Fizemos iguais os detetives, sabe. Não foi nada fácil. Ela não nos atendia e nem respondia as nossas mensagens, mas conseguimos.
— É mentira! Lilian falou para gente que ela estava aqui, e então viemos ver você.
— Samantha, é feio me desmentir assim na frente dos outros.
Kara achava divertidíssimo do jeito que as duas se implicavam e ainda ficava explícito o quanto se gostavam.
As três entraram na casa conversando e rindo, não demorou muito para Lena aparecer tentando entender o que estava acontecendo ali. Alex, Kelly e Esme vieram logo depois e, como qualquer um que colocava os olhos na garotinha, Andrea e Samantha morreram de amores pela mais nova integrante da família Danvers.
A animação no rosto de Kara por ver Sam e Andy permaneceu por muito tempo. Ela estava realmente feliz por vê-las ali. O casal foi uma, talvez até a única, parte totalmente boa daqueles dias na mansão Luthors. E ainda ficava mais feliz por em nenhum momento elas a julgarem por quem ela costumava ser.
Em todos os anos em que trabalhou como acompanhante, Kara nunca se arrependeu. Mesmo que isso tivesse a impedido de ter relacionamentos amorosos e de ser mais abertas as pessoas — pois escondia essa parte de sua vida — era o que tinha feito ela ter uma boa vida até o momento e pode dar um resto de vida digna a sua mãe. Isso era o suficiente para não se arrepender.
Com o dinheiro que tinha guardado, dava tranquilamente para viver alguns anos sem nem pensar em trabalhar com nada. Mas ainda tinha um sonho para alcançar, e trabalhar na lanchonete e morar com irmã a ajudava a chegar mais próximo dessa realização. Além disso, a fazia se sentir mais digna e livre daquela fase onde se vendia.
Era um novo capítulo de sua vida.
Depois de muitas risadas e conversas, Kara deixou o casal com Lena e foi para os fundos da casa. Lá havia um balanço velho de madeira de quatro lugares. Quando era mais nova, toda vez que se sentia triste ia parar naquele lugar, não demorava muito e sua mãe aparecia, sentava a sua frente e a olhava com compreensão. Queria que esse olhar estivesse sobre ela agora. Mas ficou feliz quando ouvi a voz de Alex atrás de si.
— Como você está? — se aproximou sentando ao lado da irmã. — Saiu de lá de dentro sem mais nem menos.
— Bem, eu acho. Fico feliz por Andrea e Sam estarem aqui.
— Elas sempre se implicam daquele jeito?
— O tempo todo. O que faz aqui? — virou a cabeça para olhar a irmã.
— Eu achei que convidando Lena para ficar aqui faria vocês se acertarem e te veria mais feliz, mas vejo que errei. Tenho procurado um jeito de te pedir desculpas, mas não sabia como — abraçou a caçula quando ela deitou a cabeça em seu ombro. — Pensei que você vendo que ela ficou aqui iria se animar, mas só te vi feliz com as duas doidas lá dentro.
As duas riram na mesmo momento.
— Eu sei que você não fez por mal, mas poderia ter me avisado — suspirou. — Eu preciso tomar uma decisão, Alex. Queria que a mamãe estivesse aqui para me ajudar.
— Ela está. Ela sempre vai estar com a gente — depositou um beijo nos fios loiros. — Você deve pensar o pior e fazer o melhor. Em toda a sua vida você se deixou de lado e fez o melhor para os outros. Seja lá o que você decida em relação a Lena, faça o que for melhor pra você agora.
— E se o que for melhor pra mim agora não for bom a longo prazo?
— Você vive no agora, não no futuro.
— Kelly que te ensinou essas palavras?
— Você. Você me disse isso quando eu não sabia se deveria dar uma chance a Kelly ou não. Eu estava morrendo de medo, não queria sofrer de novo e pensava em tudo o que poderia acontecer a longo prazo. Nada que passava na minha cabeça era bom. Então você me disse “Você vive no agora e não no futuro. Se a quer, vai em frente”. E depois disso você me ensinou a dançar.
Realmente não se lembrava de ter dito aquilo, mas o conselho valia para a sua atual situação.
— Eu te amo, Alex. Obrigada por nunca ter me julgado durante todo esse tempo — a abraçou forte.
— Quem sou pra te julgar, Kara? — se afastou um pouco para olhá-la. — Você fez o que achou certo naquele momento. E isso nos ajudou.
— Fico feliz em ouvir isso de você — sorriu com os olhos marejados, mas não queria chorar de tristeza. Era que sua irmã tinha os mesmo olhos compreensivos que Eliza.
— Só vou te julgar se você não pensar primeiro em você sobre toda essa situação. Chega de pensar nos outros, certo? — a mais nova assentiu. — Agora vamos, pois aquelas duas doidas querem que você as levem na praia para andar um pouco antes do almoço.
Assim como Sam e Andrea queriam, Kara as levou até uma praia que era mais próxima de sua casa. Mesmo sendo domingo, estava praticamente vazia já que não era época de temporada.
Em silêncio, as três andavam sobre a área branca. Kara estava usando esse tempo para pensar sobre o que sua irmã disse. O casal, aproveitava o momento abraçadas.
— Aqui é bem bonito — Sam comentou quando se sentou na areia. — Podíamos nos casar aqui.
— Vocês vão se casar? — Kara quis saber quando finalmente aquele começo de diálogo chegou ao seu cérebro.
— Em um ano, mais ou menos. É o tempo de resolver as coisas da cerimônia, festa, nossa casa e toda aquela bobajada de casório — Andrea fez uma careta fazendo a loira rir, mas Sam fechar a cara. — Calma, cariño. Você sabe que só estou brincando. Se fosse bobagem, eu mesma não teria sugerido isso.
— Fico feliz por vocês. De verdade. Porque... hã... porque vocês não trouxeram a Lena para fazer esse passeio? — sua curiosidade estava latente. Foi estranho as duas quererem ir só com ela quando Lena estava também em Midvale.
— Porque queríamos falar com você sozinha. Nós ouvimos o lado dela da história, mas queremos ouvir o seu.
— Porque, Sam? Ela já contou mesmo — deu ombros.
— Porque somos suas amigas e amigos ouvem uns aos outros.
— Vai, Kara. Desabafa com a gente. Não viemos aqui juntar vocês duas. Viemos saber de você o que você não nos contou aquele dia.
Suspirando, Kara contou como tudo aconteceu. Seu relato foi desde o momento em que descobriu sobre o caso de Lex e Helena, até as palavras duras de Lena. Também contou o que a motivou ir para Midvale e que agora trabalhava como garçonete.
Sam e Andrea escutaram tudo sem a interromper. A história de Kara e de Lena batiam. Até as mesma palavras foram repetidas pelas duas na parte da discussão que tiveram. Porém, para cada uma, toda aquela situação teve um peso muito diferente, e Kara saiu na pior.
— Eu realmente não entendo porque Lena fez isso, Kara. Sinto muito.
— Tudo bem, Sam — encarou o mar. — Eu só não esperava isso vindo dela. Esperava de qualquer um da casa. Dela, não.
— Pelo menos ela fez um escândalo e socou a cara daquele idiota do Lex. Ela deveria ter socado a cara dele há muito anos. E a da sonsa da Helena também.
— Ela bateu nele? — Kara franziu o cenho olhando para Andrea.
— Sim — respondeu animada. — O deixou com o nariz sangrando. Foi meio que assim, depois que você saiu sem nos dizer nada, nós fomos procurá-la, sabíamos que alguma coisa ela tinha dito pra te deixar daquele jeito. Quando chegamos onde todos ainda estavam perdidos sem entender nada, Lex dizia que isso era só uma birrinha da Lena. Ele estava passando pano pra situação que que mesmo causou. Então Lena começou a se aproximar.
Com lágrimas nos olhos, chateada e com raiva, Lena estava caminhando a passos largos e firmes para onde acontecia aquele almoço idiota. Tudo o que ela mais desejava era acabar com raça de seu irmão e desmascarar ele e Helena.
Naquele momento de fúria, a morena nem tinha se dado conta do estrago que causou na sua relação com Kara e na vida dela. O ódio a cegou completamente a ponto de não se importar com loira — e quando se deu conta de tudo, faltou pouco morrer de arrependimento e de tristeza por tê-la magoado.
Assim que Lex viu Lena vindo em sua direção, ele abriu um sorriso cínico com tudo já planejado em sua mente. Ele não iria deixar ninguém estragar os planos dele.
— Irmãzinha! — disse abrindo os braços como se fosse abraçá-la —, você...
Antes que pudesse terminar a frase, sentiu um soco no seu nariz que o fez cair no chão.
— Seu filho da puta! — gritou já tentando ir para cima dele mais uma vez, mas seu pai a segurou. — Eu odeio você, seu infeliz.
— O que eu fiz, Tess? — perguntou com a maior inocência se levantando com uma mão no nariz por ele está sangrando.
— Tess, o que acha que está fazendo? — Lionel perguntou.
— Solte ela, Lionel! — Lilian ordenou. — O que está acontecendo, Lena?
Arrumando a roupa que usava no corpo, Lena sentia as lágrimas caírem sem sessar e seu sangue ferver nas veias. Seu olhar alternou entre Lex e Helena, que estava logo atrás dele. Mais ao lado, agarrada aos pais, Eve a olhava sem entender nada.
— Sabe o que aconteceu? Alexander vem tendo um caso com a minha ex-noiva desde que estávamos juntas — vociferou em alto e bom som. — Ele te trai Eve. Trai com a sua melhor amiga bem em baixo de seu nariz. Ele só quis casar com você para manter as aparências.
— Lena — Lionel segurou em seu braço —, aqui não é momento e nem lugar para fazer isso.
— E quando é o momento e o lugar para expor que meu irmão tem um caso com a minha ex-noiva? — se virou olhando para o pai com raiva. — Ele é o errado da história. Ele e essa sonsa que me fez perder sete anos da minha vida ao lado dela.
— Lena — Lionel foi mais duro —, chega de escândalo.
— O que foi? Tem medo que eu diga que seu filhinho só tá seguindo o seu exemplo? — levantou o queixo o desafiando. — É isso que vocês fazem, não é? Os homens Luthors traem as mulheres que dizem que amam e continuam com elas para manterem as aparências. Foi assim que você fez com a mamãe, e eu nasci. É isso que o Lex está fazendo com a Eve agora. E eu não vou ficar calada, principalmente por que ele também me traiu.
As palavras de Lena causaram um choque em todos que estavam ali. Aquele assunto era restrito, quase ninguém sabia. Eve e seus pais não sabiam daquela informação.
— Eu não tenho culpa se eu sou melhor que você — Lex gritou. — Você é só uma bastarda. Você não merece nada do que tem. Helena foi esperta em escolher o Luthor certo.
— Eu vou acabar com você.
Dessa vez, foram Sam e Andrea que a seguraram. Não que Lex não merecia apanhar, mas ela já estava chegando ao ápice do seu nervosismo.
— Vai embora daqui, Lex — Lilian se aproximou de Lena a abraçando. — Vai embora e leve Helena junto com você.
— Mãe, você vai ficar do lado dela?
— Não faz isso Lilian.
— Se você abrir a boca de novo Lionel, eu juro que te mando embora junto com ele. Vai embora, Lex. E não volte enquanto sua irmã estiver aqui, não quero você perto dela e nem quero você abrindo a boca para falar qualquer coisa sobre ela.
— Isso só pode ser brincadeira — começou a balançar a cabeça em negação. — Eu não acredito que vai ficar ao lado dessa bastarda ao invés do meu que sou seu filho legítimo.
— Se não quiser perder a sua empresa, toda a sua herança e ser posto para fora pelos seguranças, eu sugiro que vá embora por livre espontânea vontade.
Trincando o maxilar, Lex olhou a irmã de cima a baixo a odiando mais do que nunca. Ele já estava saindo com Helena logo atrás quando Eve o chamou.
— Espera, Lex! — limpou as lágrimas que rolavam por seu rosto e foi em direção a ele.
— Você vai me perdoar, meu amorzinho? Você sabe que eu te amo, Eve.
Fingindo que iria o abraçar, Eve deu um tapa em sua cara com toda a força que conseguiu.
— Nunca mais ouse a falar meu nome, seu nojento — olhou para Helena que parecia não se importar com nada daquilo. — Eu deveria te bater também, mas não vou fazer isso, pois sei que já vai ter uma vida bem infeliz ao lado desse... escroto. Vocês se merecem.
Depois que Lex e Helena foram embora, Lilian, Sam, Andrea e Eve, tentaram acalmar Lena. De longe era perceptível que ela era a mais abalada com toda a situação.
— Foi isso que aconteceu — Andy disse soltando forte o ar do pulmão. — Diferente da Eve e Lena, eu teria sim batido na Helena. Seria errado eu pagar alguém pra bater nela?
— Seria — Kara e Sam responderam juntas.
— Droga!
— A festa virou um velório então — Kara falou processando toda a história.
— Basicamente. E, bom, três dias depois Lena percebeu que foi burra do jeito que agiu com você. Lilian te encontrou e o resto você já sabe.
— Não sei, não, Sam. Tenho uma decisão para tomar e... sei lá — começou a brincar com a areia.
— Ainda seremos suas amigas quando decidir o que tiver que decidir. Isso não muda nada.
— Não mesmo — Andrea concordou com a namorada. — Só não vamos te aconselhar a nada para não interferir no seu julgamento, mas te apoiaremos mesmo assim. Agora que sabemos onde você está morando, vamos viver aqui te enchendo o saco.
— Eu ainda acho que devemos nos casar aqui.
— Tem sítios e pousadas bem legais pra isso. Posso mostrar para vocês.
— Ótimo, já está fazendo seu papel de madrinha.
Involuntariamente, o rosto de Kara foi rasgado em um sorriso. Pelo menos teve alguma coisa boa que derivou daquele fatídico dia e isso a deixava feliz.
O dia passou rápido, Kara se divertiu com as histórias malucas de Andrea. A noite, todas foram para o porquinho e a loira percebeu que Lena tentava puxar assunto com ela, mas não conseguiu responder mais do que meia dúzia de palavras. Não estava fazendo por mal, não era para ofende-la, humilhá-la ou coisa assim, só não conseguia se abrir para ela como fazia há dias atrás.
Voltando para casa uma dez da noite, depois de se despedir de Sam e Andrea — que foram para um hotel — Kara foi para seu quarto tomar um banho e se jogou na cama. Não demorou muito para o sono se apoderar de seu corpo.
No quarto ao lado, Lena não conseguia dormir, apenas pensava que não tinha tido nenhum avanço com Kara e isso fazia seu coração doer. Tudo o que mais queria era estar junto dela, sentia uma falta imensa de dormir e acordar ao seu lado. Porém, tudo o que tinha era um espaço vazio ao seu lado no colchão e uma distância enorme entre as duas por sua culpa.As semanas que passou longe da Kara foram as piores da sua vida, pois sabia que a tinha magoado e as chances de nunca mais poder abraçá-la eram altíssimas. Mas não podia simplesmente esquece-la, não dava para não lutar por ela. Ter ela de volta era a sua prioridade.
Respirando fundo, tentava reunir coragem para fazer o que estava pensando desde que chegou em Midvale. Daria um tiro no escuro, mas seria pior não fazer nada.
Se levantando da cama, tentou não fazer barulho algum ao sair do quarto, não queria acordar qualquer pessoa da casa. Assim que chegou na porta de Kara e levou a mão a maçaneta, torceu para que estivesse aberta, por sorte estava. De fininho, adentrou no local escuro apenas tendo alguns fechos da luz da lua como guia. Com movimentos rápidos e leves, se esgueirou para debaixo do cobertor. Um segundo depois, a abraçou por trás deixando um beijo na sua nuca.
Assim que sentiu o beijo, Kara despertou. Não se assustou, pois sabia exatamente quem era. Conheceria de luzes apagadas — literalmente — o encaixe que o corpo de Lena tinha no seu. Conheceria o toque e seu beijo suave contra a sua pele. Conheceria seu cheiro e todo o resto que a envolvesse, pois ela estava marcada em si como uma tatuagem. Era pra sempre essa marca.
A principio não disse nada, continuou aproveitado a aproximação que sentiu tanta falta quanto Lena. Mas havia uma decisão a ser tomada ali e não dava para adiar mais.
Ouvindo um suspiro escapar dos lábios de Kara, Lena respirou fundo.— Me desculpa, Kara — sua voz era chorosa. — Era verdade quando eu disse que não queria ficar sem você. Que eu teria que te levar para casa comigo e que eu entraria em crise de abstinência sem você. Eu quase não durmo sentindo sua falta, quase não consigo fazer qualquer coisa, pois só penso em você.
— Você me ama? — perguntou baixinho. — Ou, pelo menos, acha que ama?
— Eu te amo. Eu não acho isso, eu tenho certeza.
Se sentando na cama, Kara usou o interruptor ao lado da cama para acender a luz da quarto. Seus olhos pousaram sobre Lena, que também havia sentado, e ,por alguns segundos, apenas se permitiu olhá-la.
— Eu significo alguma coisa pra você?
— É claro. Se você não significasse nada pra mim, eu não viria atrás de você. Eu só quero consertar tudo, Kara. Eu juro — se aproximou um pouco segurando seu rosto. — Me diz o que eu tenho que fazer para você me perdoar. Eu faço qualquer coisa.
— Se você me ama... — engoliu seco. — Se você me ama vai embora.
— O que?! Porque? Você tá terminando comigo?Kara começou a negar com a cabeça. Não seria fácil o que iria dizer, mas era preciso.
— Não tem como eu terminar algo que acabou quando você me disse aquelas coisas. Ali foi o nosso fim.
— Não. Não diz isso.
— Eu te amo — se levantou para se afastar dela —, mas no momento não é esse sentimento que me invade quando eu te vejo. E eu não quero ter raiva de você, mas é isso que vai acontecer se você continuar aqui. Eu preciso de espaço. Eu preciso de tempo pra me curar. Eu preciso fazer algo por mim, coisa que nunca fiz. Foi sempre pela minha mãe, pela minha irmã e até por você. Eu quero ser egoísta agora.
— Kara...
— Lena, se você me ama, você vai embora — pediu de novo. — Não estou pedindo pra você esperar por mim ou algo assim. Não vou te prender a mim, sendo que não estou com você. Só que se você me ama como diz, vai me dar o tempo e a distancia que eu preciso de você. Não consigo pensar com você aqui. Não consigo esquecer suas palavras. Eu espero que um dia eu consiga te perdoar. Mas agora não dá. Eu não consigo.
— Não vai existir ninguém depois de você.
— Pra mim também não vai, mas eu preciso ficar longe de você.
Se segurando para não chorar, Kara foi até a porta do quarto e a abriu. Entendendo aquilo, Lena se levantou da cama indo em sua direção, mas ao invés de sair, parou a sua frente.— Posso te pedir uma coisa? — não teve nenhuma resposta, mas decidiu falar assim mesmo. — Me beija. Uma última vez. Enquanto eu te espero. Eu vou te esperar. Eu vou esperar até o dia que você me perdoar e acreditar que me arrependo o que te causei e jamais farei de novo.
Se inclinando um pouco, Kara levou uma mão a sua nuca e se aproximou deixando um beijo demorado em sua testa.
— Adeus, Lena.
:)
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Muito Bem Acompanhada
Фанфик[Concluída] O irmão mais velho de Lena Luthor está prestes a se casar, e ela não quer comparecer sozinha à cerimônia, que será realizada em Metrópolis. Para completar, sua ex-noiva é a madrinha do casamento. Determinada a mostrar para todo mundo, pr...