Capítulo 6

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Voltei!
 
Divirtam-se!!!
 
 
Depois do almoço no dia anterior, Lena levou Kara para dar uma volta no parque e comprou sorvete para as duas. Ela quis saber sobre sua época da faculdade e como era a relação com a sua irmã. Kara respondeu a tudo se sentindo especial pela atenção que estava recebendo, mas logo depois se sentiu chateada.
 
Lena vinha ocupando um espaço muito grande em sua mente. E muita coisa que falava e fazia na frente dos outros em relação a ela, não era totalmente um fingimento. Só que pensava que Lena não iria olhar para ela da mesma forma que vinha a olhando. E esse era o motivo da sua chateação.
 
Em todos os anos em que trabalhava como acompanhante, nunca aconteceu de se apaixonar por algum cliente, mas com Lena foi a primeira vista. Assim que a morena colocou seus olhos verdes sobre ela, se sentiu fisgada. Dali pra frente sabia que faria qualquer coisa que Lena quisesse e não tinha nada a ver com dinheiro.
 
Quanto mais ficava perto de Lena mais queria ficar. Quando deitava ao lado dela a noite, sentia uma enorme vontade abraçá-la. Durante o dia nada aliviava, a vontade que tinha de beijá-la ficava causando um incômodo enorme no fundo de seu peito. Embora estivesse vivendo de vontades, não as mataria, pois Lena não sentia as mesmas coisas.
 
Tentando se distrair um pouco depois do café da manhã, Kara foi para os fundos da mansão com um livro que tinha levado para a viagem. O dia estava ensolarado, não tinha muito o que fazer até a festa da despedida de solteira da Eve, então se deitou na grama para ler. Sempre que tinha algum tempo estava fazendo isso.
 
Desde que se entendia por gente, a leitura estava entre um de seus passatempos favoritos. Gostava de viajar nas histórias e sentir tudo o que um personagem poderia sentir. Pelo menos nos livros que lia as histórias costumavam a ter finais felizes, principalmente para o casal. Saber como tudo iria acabar a deixava confortável e por isso estava lendo, queria se sentir confortável com alguma coisa.
 
Seus olhos percorriam pela página, mas sua mente não processava nada do que estava escrito ali. Seu foco estava em Lena, que estava em algum canto daquela mansão. Abaixando o livro sobre seu peito, ficou olhando o céu, mas sem apreciá-lo.
 
— Um dólar por seus pensamentos.
 
Kara olhou para onde vinha a voz e viu Lena se deitando ao seu lado.
 
— Estou pensando em nada e em tudo ao mesmo tempo — respondeu voltando a olhar o céu.
 
— Se não for mais específica, não tem como eu te dar um dólar — pendeu a cabeça para o lado para a olhar. — Eu não te agradeci.
 
— Pelo que?
 
— Novamente colocou a rosquinha no meu prato.
 
— Eu imaginava que Lex que ia pegar a última pra te provocar, por isso peguei duas pra mim — a olhou.
 
— Então já pegou pensando em mim? — arqueou as sobrancelhas um pouco surpresa.
 
— Sim. Com o perdão da palavra, mas seu irmão é um idiota. Já percebi como ele te provoca, só quis evitar.
 
— Ele sempre foi assim. Sempre querendo pegar o que é meu e sempre querendo ser melhor que eu.
 
Foi a vez de Lena encarar o céu.
 
Os olhos de Kara ainda continuaram vidrados nela. Estavam tão próximas que se sentiu tentada a tocá-la.
 
— Ele teria que se esforçar muito pra ser melhor do que você.
 
— Acha mesmo isso? — a fitou e seus olhos se encontraram.
 
— Não acho. Eu tenho certeza.
 
Se aproximando um pouco mais, Lena pegou o livro sob o peito de Kara e o folheou.
 
— Venho percebendo que gosta de ler — comentou fechando o livro, mas tomando cuidado para deixar o marcador onde Kara havia parado de ler.
 
— É, eu gosto muito.
 
— Sabia que temos uma biblioteca?
 
— O que vocês não tem nessa casa? Se me disser que em algum canto desse terreno existe uma cachoeira, eu vou acreditar.
 
Lena riu com o comentário e com a expressão de surpresa de Kara por causa de sua revelação.
 
— Temos um lago. Posso te levar lá antes de voltarmos para National City — se sentou colocando o livro de lado e pegou na mão de Kara. — Vou te levar até a biblioteca — a puxou para que ela se sentasse.
 
— Não precisa fazer isso, Lena — se sentou. — Você deve ter coisas a fazer.
 
— Sim. A coisa que eu tenho a fazer é te levar até a biblioteca.
 
Ficando rendida, seguiu Lena para dentro da casa até a biblioteca.
 
Aquela mansão tinha muito mais cômodos do que poderia imaginar. Eram tantas portas que davam em salas, em escritórios, em sala de jogos e de TV. Haviam mais banheiros, uma adega de vinhos e uma outra adega onde ficavam outras bebidas. Podia trabalhar o tanto que fosse e nunca teria tudo aquilo.
 
Não dava para saber o que mais a impressionava, se eram o tanto de cômodos ou a decoração impecável. Sem contar as esculturas e quadros espalhados que com certeza valiam mais que seu apartamento. Era tudo luxuoso demais para seu gosto, mas não deixava de ser impressionante.
 
Estava tão embasbacada por tudo que estava vendo que nem se deu conta de que em algum momento Lena segurou a sua mão entrelaçando os seus dedos. Quando notou, não conseguiu mais prestar atenção na casa, Lena já tinha virado seu foco novamente.
 
Abrindo um dos lados de uma porta enorme de madeira escura, Lena puxou Kara para dentro voltando a fechar a porta atrás de si. A levou ali, pois queria novamente estar com ela em um lugar onde não precisassem fingir.
 
— Essa é a nossa biblioteca — disse sorrindo por ver o quanto Kara parecia impressionada com o lugar.
 
— Uau — girou o corpo olhando tudo em volta.
 
O local era repleto de prateleiras e cheio de livros. Pelo que pode ver só pelas lombadas, haviam livros de todos os gêneros, desde históricos até fantasia. Achou até que estava no paraíso. Haviam estantes de livros, atrás das estantes de livros , uma mesa para estudos, um sofá de couro e em uma parede, uma estante que ia até o teto.
 
— O que acha?
 
— Eu poderia viver aqui dentro — respondeu ainda admirada.
 
— Pegue o livro que quiser, sempre que quiser.
 
— Isso que você disse foi quase uma declaração de amor pra mim e eu nunca nem recebi uma — comentou indo até uma estante olhando o que estava disposto ali.
 
Lena percebeu que Kara havia falado aquilo sem pensar, mas se sentiu mexida. Queria ter coragem de dizer a ela que ela era uma mulher maravilhosa e que merecia todo o amor do mundo. Até abriu sua boca para fazer isso, só que nada saiu. Se sentia idiota por querer falar e fazer tantas coisas que envolviam ela e não estava conseguindo ir adiante.
 
Se não fosse tão covarde, no dia anterior teria pedido para ser beijada ao invés de ficar sem reação enquanto Kara esteve bem perto de si. Depois, enquanto andavam pelo parque, poderia ter segurado a sua mão ou a abraçado só porque estava com vontade. Quando foram dormir, poderia a ter enrolado em seus braços e mexido em seus cabelos até que ela dormisse. Mas tudo travava e nada saía. Quanto mais a queria, menos sabia como demonstrar isso.
 
Agora se encontrava ali, a vendo agir como uma criança presa numa loja de doces, usando óculos que a deixavam extremamente fofa e com os cabelos dourados caídos sobre os ombros exalando um cheiro que Lena não conseguia tirar da mente. Desde que acordou abraçada a ela, não esqueceu mais daquele cheiro.
 
— Porque está me olhando assim? — Kara perguntou quando reparou que Lena a observava.
 
— Vo-você fica bem de óculos — sentiu seu rosto queimar com o que disse.
 
— Obrigada — ajeitou os óculos de um jeito envergonhado.
 
Em um momento súbito de coragem, Lena se aproximou pronta para fazer o que vinha pensando, mas antes disso, se virou para a porta quando ela se abriu bruscamente e Sam e Andrea entraram se beijando e tropeçando uma na outra.
 
Vendo que Lena não teve nenhuma reação e também um pouco surpresa por aquela situação, Kara tampou a boca de Lena para ela não falar nada e a abraçou por trás a puxando — quase carregando — para tirá-la dali. Avistando uma porta em uma parede próxima, Kara a abriu e puxou Lena para dentro.
 
O local era um banheiro, não grande, mas também não era pequeno. Estava escuro, pois não tinha janela e nenhuma das duas ainda tinha procurado o interruptor para acender a luz.
 
Por um tempo, Kara continuou agarrada a Lena e tampando sua boca, mas não estava fazendo isso de propósito.
 
Estando tão próxima da loira mais uma vez, Lena começou a relembrar dela nua, todas as noites dormindo apenas de lingerie, de biquíni, próxima a ela na porta do carro no dia anterior, o formigamento nos lábios pelos dois simples beijos que a deu, sua gentileza e todas as outras coisas que a envolviam. Seu corpo estava entrando em combustão e seu coração retumbava.
 
Foi quando sentiu a mão de Lena por cima da sua, ainda pousada em sua barriga, que Kara se tocou do que estava fazendo.
 
— Me desculpa, Lena — tirou suas mãos dela, mas Lena não se afastou. — Só queria tirar a gente de lá. Te machuquei?
 
— Não. Não me machucou — deu um passo para frente, mas querendo continuar perto. — Agora entendo porque elas somem por uma hora todos os dias.
 
— Acho que deveríamos ter interrompido as duas. Seria melhor do que ficarmos presas.
 
— É ruim a ideia de estar presa comigo? — a encarou erguendo apenas uma sobrancelha, mas Kara não pode ver, pois ainda não tinham acendido a luz.
 
— Nada com você é uma ideia ruim — foi sincera no que disse. — Tem luz aqui?
 
Assim que terminou de perguntar, Lena acendeu a lâmpada.
 
— Temos — olhou para o seu relógio no pulso — cinquenta e cinco minutos atoa. O que fazer?
 
— Me conta algo sobre você.
 
— Sobre mim? — Lena apontou para si mesma.
 
— É. Não é todo dia que agente tem a chance de ficar trancado num lugar com a toda poderosa Lena Luthor — a viu sorrir envergonhada. — Quero aproveitar esse tempo sabendo alguma coisa de você, se quiser me contar, claro — se sentou no chão. Como se fosse um espelho, Lena sentou a sua frente.
 
— Meu primeiro nome não é Lena.
 
— Não?
 
— É Lutessa. Por isso, às vezes, me chama de Tess. E você? Também quero saber algo.
 
Por alguns segundos, Kara pensou sobre o que poderia contar a ela. Não tinha muitas histórias de vida legais para compartilhar com alguém do nível de Lena. Nunca viveu uma aventura de fato e não falaria sobre seu trabalho. Já havia contado a ela que depois que se lesionou deixou a faculdade, pois perdeu a bolsa e havia falado sobre Alex. Tirando Alex, que era uma coisa boa na sua vida, não restava muito.
 
— Não tem muita coisa pra saber de mim — deu ombros. — Acho que já te contei os principais acontecimentos da minha vida. Irmã, basquete, lesão.
 
— Você é mais do que essas três coisas.
 
— Meu sobrenome nem sempre foi Danvers. Eu era Kara Zor-El até os doze anos.
 
— Porque mudou?
 
Respirando fundo, Kara não tinha certeza se queria contar o real motivo, mas Lena parecia estar tão curiosa que não podia deixá-la assim.
 
— É... Bom... — olhou para as mãos que estavam sobre suas pernas —eles morreram num acidente, acabei sendo adotada pela mãe da Alex.
 
— E porque nunca fala dela?
 
— Porque só tenho a Alex agora — limpou a garganta. — Ela morreu há uns três anos, ficou doente e... enfim.
 
Sentindo um nó se formando em sua garganta, uma coisa passou pela cabeça de Lena. Não queria fazer Kara se sentir mal com o assunto, mas tinha que saber.
 
— É por isso que você... — deixou a pergunta no ar.
 
— Sim — assentiu com a cabeça sentindo seus olhos se encherem de lágrimas. — Precisava de dinheiro rápido. Precisava pagar as contas e a conta do hospital. Só minha irmã não conseguia sozinha arcar com tudo — fungou enquanto limpava uma lágrima. — Agora você sabe tudo sobre mim. Não sou muito mais do que isso.
 
Sem saber o que dizer, Lena se aproximou e a abraçou. Queria poder tirar toda aquela dor de Kara e cuidar dela. Queria amá-la e protege-la do mundo. Podia até não entender a dimensão de seus sentimentos agora, mas sabia que nunca mais a queria fora de sua vida. A queria de todas as formas, a qualquer custo e de qualquer jeito.
 
Por cinquenta e cinco minutos, Lena ficou abraçando Kara enquanto cuidadosamente mexia em seus cabelos. Esperava que isso a confortasse de alguma maneira mesmo sabendo que não era o suficiente.
 
— Me desculpa por fazer você remexer no passado. Não tive a intenção de te deixar assim.
 
— Tudo bem. Foi bom falar isso para alguém que não é a minha irmã — fungou novamente. Não fazia muito tempo que tinha parado de chorar.
 
— Ainda vai querer ir na despedida de solteira? Se não quiser, não precisamos fazer isso, podemos ficar aqui ou ir em algum outro lugar — deixou um beijo em sua têmpora antes de se afastar do abraço.
 
— Vai ser bom beber um pouco com um monte de gente rica e esnobe.
 
— Está me chamando de esnobe?
 
— Essa é a última coisa que você é — deu um pequeno sorriso.
 
— Então vamos — se levantou e ajudou Kara a se levantar. — Mais tarde vamos nos divertir.
 
Por todo o dia, elas não se desgrudaram. Ficaram no quarto vendo filmes — a maioria escolhido por Kara — e comeram algumas besteiras que Lena pegou na dispensa de casa. Nem mesmo foram almoçar com todos outros da casa, só queriam estar ali sozinhas.
 
Já de noite, dois carros foram disponibilizados para levar todas a um bar no centro da cidade para a despedida de solteira. Em um veículo estava Helena e Eve, no outro Lena, Kara, Sam e Andrea.
 
Chegando no barzinho, haviam outras convidadas de Eve. Não demorou muito e Lena já estava de cara fechada, pois haviam algumas mulheres que estavam dando em cima de Kara, mas a loira não parecia se incomodar com isso.
 
— Ao invés de ficar com essa cara, porque não vai lá e mostra que ela já tem dona? — Sam perguntou se sentando na mesa em que Lena estava.
 
Kara havia saído da mesa para buscar algo para as duas comerem e beberem, mas uma morena começou a conversar com ela enquanto aguardava o pedido. Há poucos metros da li, Lena só observava se remoendo por não ter conseguindo dizer a ela o que queria.
 
— Para de falar assim dela. Não sou dona dela e nem quero ser. Ela não é um objeto.
 
— Ok. Me desculpa. Mas você ficar aí sem fazer nada não vai adiantar — analisou um pouco mais a amiga percebendo que algo em seu olhar havia mudado. Não estava só olhando para Kara com desejo, tinha algo mais ali. — O que aconteceu entre vocês?
 
— Nada. Sou covarde demais pra mostrar que quero algo e ela não vai fazer nada se eu não der a entender que eu quero.
 
— Você quer o que? — Andrea se aproximou sentando ao lado de Sam. — A loirinha? Achei que nunca iria se tocar que a queria.
 
— Samantha?! Você contou pra ela? — a olhou furiosa.
 
— Eu tenho meus métodos de fazer a Sam falar as coisas — sorriu maliciosamente. — Fala o que quer e a gente te ajuda. Duas cabeças pensam melhor que uma.
 
— Como digo a Kara que estou me apaixonando por ela? Desde ontem venho pensando em como dizer, mas nada sai — bufou.
 
— Bebe — Andrea colocou seu copo de whisky na frente de Lena. — A bebida entra a verdade sai. Confia.
 
O que poderia dar errado se escutasse sua prima?
 
Em toda a sua vida, Lena nunca tinha bebido tanto. Queria estar alterada o suficiente para dizer a Kara o que queria, mas sem se esquecer de nada daquela noite.
 
Enquanto virava shots de vodca junto com Andrea, Kara observava a tudo sem entender o motivo de tanta bebedeira. Estando com medo de acontecer algo com Lena, mal ingeriu bebida alcoólica para ficar de olho nela.  
 
— O que aconteceu com a Lena? Ela sempre bebe tanto assim? — perguntou à Sam que estava com ela na mesa vendo Lena e Andrea dançarem. — Tudo isso é pra esquecer a ex.
 
— Ela só tá se divertindo. Confia em mim, não tem nada a ver com Helena.
 
— Devo levá-la pra casa? Acho que a qualquer momento essa bebedeira não vai dar muito certo.
 
— Deve, sim — a incentivou. — Lena é meio fraca pra álcool — mentiu. — Leva ela pra casa e cuida dela.
 
Apenas assentindo com a cabeça, Kara se levantou e foi até Lena que estava na pista de dança.
 
— Ei, docinho — segurou em seu braço e se aproximou mais pra falar com ela, pois a música estava alta — Vamos pra casa? Acho que já se divertiu bastante.
 
— Kara! — soltou um gritinho passando os braços por seu pescoço. — O que você disse? — sua voz estava arrastada e sua agitação deixa claro a embriaguez.
 
— Vem comigo.
 
Com cuidado, Kara a tirou do meio das convidadas e a levou para fora do bar. Quase tendo que carregar Lena, Kara percebeu que foi a melhor decisão levá-la para casa. Ainda bem que os motoristas tinham ficado esperando por elas.
 
No trajeto até a mansão, Lena acabou adormecendo abraçada a Kara. Quando chegaram, a loira teve que carregá-la até o quarto, pois ela não acordava de jeito nenhum. Ao colocá-la sobre a cama, ficou pensando no que poderia fazer para que ela ao menos se recuperasse um pouco da bebedeira.
 
— Lena? — sentou na beirada cama e começou a passar a mão pelo seus rosto. — Ei, docinho, acorda. Você tem que tomar um banho para melhorar um pouco.
 
— Hum? — Lena se remexeu, mas se virou para o canto.
 
— Vamos, Lena. Eu te ajudo.
 
— Me deixa, mãe — resmungou de um jeito que fez Kara rir.
 
— Não sou sua mãe. Sou a Kara.
 
— Kara? — se virou para olhá-la. — Porque tem duas de você?
 
— Vem — a ajudou se levantar com cuidado. — Vou te por embaixo do chuveiro. Eu vou ter que tirar sua roupa, tudo bem? Prometo não olhar nada.
 
Sua pergunta foi praticamente retórica.
 
Não foi fácil despir Lena e depois colocá-la embaixo do chuveiro. Além dela ficar chamando aleatoriamente o nome de Kara, balbuciou algumas coisas que a loira não entendeu.
 
Com medo que Lena caísse no banheiro por quase não se manter em pé, Kara entrou com ela no chuveiro, deixando o vestido que usava todo encharcado. Como já teve que tirar as roupas de Lena, achou que seria muito desrespeitoso de sua parte também ficar nua ali com ela. Só queria ajudá-la, nada além disso.
 
Minutos depois, estava levando a morena de volta para o quarto, percebeu que Lena já estava mais sóbria, mas ainda não dizia nada. Antes de ajudá-la a se trocar, tirou sua roupa molhada e colocou uma lingerie seca.
 
— Você está bem? — perguntou quando se agachou para vesti-la com uma calcinha. — Espero não ter sido inconveniente com você — se levantou para ajudá-la a se vestir com uma blusa que pegou em seu closet. — Só estou te ajudando.
 
— Kara? — a voz ainda saia arrastada. A loira se agachou novamente para olhá-la. — Me beija — segurou seu rosto.
 
— Você está bêbada, Lena, não está pensando direito.
 
— Eu gosto tanto de você. Não percebe? Me beija. O custa me beijar?
 
Sacudindo a cabeça negativamente, Kara voltou a ficar de pé para ajudá-la a se deitar.
 
— Porque não quer me beijar? — choramingou. — Você não me quer? Você não gosta de mim?
 
— Não vou fazer nada que você não possa se lembrar no dia seguinte. Amanhã você vai esquecer que gosta de mim — ia se afastar, mas Lena segurou seu braço.
 
— Kara? Fica comigo. Dorme abraçada comigo.
 
Não sabia se deveria fazer aquilo, não queria parecer uma aproveitadora. Mas então, Lena se afastou de seu lugar para que Kara deitasse junto com ela. Suspirando pesadamente e se rendendo aos olhos verdes pidões que a encarava, acabou se juntando a ela. Sem demora, Lena se aninhou ao seu corpo.
 
— Eu posso contar um segredo? — disse se ajeitando mais ao lado da loira.
 
— Pode.
 
— Eu gosto da Kara, mas ela não sabe ainda.
 

:)

Muito Bem Acompanhada Onde histórias criam vida. Descubra agora