Capítulo 12

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Voltei!!

 

Gostei muito de ler os comentários de vocês no capítulo anterior. Fico feliz que tenham gostado.

 

Divirtam-se!!

 
 
 
Lena
 
Ter feito o que Kara me pediu foi a coisa mais difícil que já fiz na vida. No dia seguinte bem cedo, eu fui embora da casa dela. Nem sequer a esperei acordar para me despedir. Fiz o que ela queria, pois entendi que minha presença a afetava de maneira ruim. Eu quis muito chorar, me explicar, voltar a pedir perdão, mas só fui embora.
 
Por mais que antes eu estivesse tentando fazer a coisa certa, estava tentando fazer a coisa certa para mim. Fiquei tão obcecada por querer ela volta que acabei não pensando em como ela se sentia. Às vezes, querer tanto consertar as coisas com tanta pressa faz a gente errar mais, e sinto que errei mais uma vez com ela.
 
Hoje fazem seis meses que não nos vemos e nem nos falamos. Todos dias ainda durmo e acordo pensando nela. Acho que nunca senti tanta falta de alguém. Meus dias nunca mais foram os mesmos. Ela estava há quilômetros de mim, mas até parecia que estava em outra galáxia, pode-se dizer assim. Essa distância era bem maior do que metros contados, e eu fui a culpada pelo buraco que há entre nós. Me arrependo muito.
 
Nesses meses separadas e sem contato algum, venho pensando muito sobre o que eu achei um dia o que era amor. Com Helena, quis até arrumar uma namorada falsa para pagar de superada, mas, na verdade, eu pensava que a queria. Era cômodo para mim estar com ela, pois já a conhecia de anos. Quer dizer, eu achava que conhecia. Só que eu me agarrei as memórias, e a minha perspectiva dessas memórias é que essa relação foi boa. Engano meu.
 
Com Kara, é que foi diferente. Foi rápido, fácil e ao mesmo tempo desafiador. Nesse momento, eu apenas quero que ela saiba que ainda a espero porque acredito que ainda possamos dar certo. Mesmo que ela tenha colocado um fim em tudo — e agora vejo que é porque ela percebia o quanto me torturei por Helena sempre ter mantido uma esperança falsa em mim — eu acreditava em nós. Com Kara, eu aceitei o que ela desejou, pois era o melhor para ela — embora para mim estivesse sendo horrível.
 
Acho que no fim o amor é isso, não? Você coloca a pessoa que você ama a frente da sua vontade. Minha vontade era estar em Midvale fazendo tudo o que era possível para ser perdoada, mas a vontade de Kara era que eu estivesse longe, por isso estou.
 
Agora me encontro aqui em National City, em uma sala repleta de acionistas sendo a escolhida para assumir tudo o que envolve as empresas da família. Por causa do casamento fracassado de Lex, aquela confusão vazou a imprensa pela boca da própria Eve, e ninguém mais quer ele sendo o CEO de Luthor-Corp e manchando a imagem da empresa.
 
O engraçado é que sei que nesse exato momento Kara está fazendo os últimos ajustes de seu restaurante para inaugurá-lo a noite. Ela conseguiu o que tanto queria. Andrea acabou entrando como sócia e ajudou fazer tudo acontecer. Isso me deixava feliz, ela merecia estar realizando o seu sonho.
 
No entanto, queria que ela estivesse aqui comigo me vendo me tornar uma das jovens mais poderosas do país. Também queria estar com ela a vendo sorrir por conquistar um objetivo que ela tinha. Mas, infelizmente, não dá.
 
Minutos e mais minutos se passaram até a reunião ser encerrada. Não consegui demonstrar qualquer tipo de emoção por tudo ser meu agora. Só queria ficar quieta no meu canto ou ficar trancada em algum laboratório inventando algo.
 
Chegando no meu escritório, não demorou muito para Samantha aparecer.
 
— Bebendo logo pela manhã? — perguntou quando viu eu me servir uma dose dupla de whisky.
 
— E existe hora para beber? — senti minha garganta queimar com a bebida.
 
— Deveria estar feliz por sua mais nova conquista — se sentou no sofá no canto da sala e eu me juntei a ela. — Tudo o que diz respeito a família agora é inteiramente seu.
 
— E a que custo eu consegui isso? — a olhei. — Não me adianta nada disso se não tenho com quem dividir essa conquista — fiz uma aspa no ar com a minha livre na última palavra. — E esse nunca foi o meu plano. Trocaria tudo isso que adquiri hoje para não ter um irmão invejoso, uma ex traidora, uma tensão em toda família pelo ocorrido e, principalmente, não ter sido uma escrota com quem não merecia.
 
— Ei, eu não significo nada pra você?
 
— Você entendeu o que eu quero dizer.
 
Um silêncio estranho invadiu todo o escritório. Eu vinha percebendo que tanto Sam quanto Andrea, vinham medindo palavras na minha presença, porém finjo que não notei.
 
— Eu estou indo para Midvale. Acho que não vou chegar a tempo da inauguração, mas o que vale é a intenção. Você vai comigo?
 
— Não — neguei com a cabeça. — Não vou estar onde Kara não quer que eu esteja. Andy me convidou, mas Kara, não. Então vou evitar uma tensão desnecessária em um momento importante para ela.
 
Samantha me olhou com um pouco de pena. Eu vinha recebendo muito esses olhares nos últimos meses. Eu simplesmente detestava, mas também não estava com saco para poder falar alguma coisa.
 
— Sendo sincera, eu não achava que vocês iriam demorar tanto para se acertarem — segurou minha mão apertando de leve. — Embora, eu entenda os dois lados da história e sei que não dá pra resolver tudo de uma hora para outra.
 
— Sorte nos negócios e azar no amor — sorri me depreciando. — Acho que você e Andrea são um caso a parte onde têm os dois.
 
— Eu e ela temos as nossas divergências. Nem tudo tem sido rosas nesses seis meses.
 
— Pode até ser, mas você nunca disse a ela as coisas horríveis que eu disse a Kara. Se arrependimento matasse, eu estaria morta há seis meses e três semanas.
 
— Não fala isso. Tudo está complicado, mas uma hora vai se resolver.
 
— Às vezes acho que não — virei o resto do whisky na boca. — Não digo isso pela demora de qualquer resposta da Kara. Sei que nesse momento ela está preocupada com restaurante e fico feliz com isso. Mas... não vejo o porque ela me daria uma nova chance. Eu não me daria.
 
Não comentando nada, Sam me abraçou de lado e ficamos um tempo daquele jeito.
 
— Eu acho que o que você está fazendo já mostra a ela que você a ama de verdade. Você tá dando o tempo e a distancia que ela pediu. Isso mostra que você a ouve. Isso mostra que você é paciente, e paciência é coisa de quem ama.
 
— Não é fácil, Sam — comecei a balançar a perna direita —, mas ter paciência é o que me resta.
 
— Você vai ficar bem sozinha?
 
— Vou — assenti com a cabeça. — Acho que vou aproveitar o fim de semana para ir para casa da minha mãe.
 
— Se precisar de mim, é só ligar — se levantou do sofá. — Eu preciso ir agora, a viagem até lá demora um pouquinho.
 
— Eu bem sei — sorri fraco me levantando para abraçá-la. — Aproveite a noite.
 
— Quer que eu diga alguma coisa a Kara?
 
— Não — me afastei dela aos poucos. — Não quero estragar o momento dela a fazendo se lembrar de mim. Mas diga a Andy que estou feliz.
 
— Nos vemos na segunda.
 
Aos poucos, Sam foi se afastando e em segundos fechou a porta do meu escritório atrás de si.
 
Eu não iria para casa da minha mãe. Iria ficar sozinha no meu apartamento tentando me distrair do fato de que há um buraco no meu peito. Eu também deveria aprender a lidar com essa ausência. Por mais que eu tenha esperanças, sei que as chances de Kara nunca mais voltar para mim, mesmo me perdoando, são altas. E confesso, isso era o que mais me matava.
 
Em relação a Helena, eu não sabia lidar com aquilo sozinha, mas então eu encontrei a Kara. Em relação a Kara, eu ainda não sei lidar sozinha, mas não quero encontrar mais ninguém.
 
De volta ao meu sofá, joguei a cabeça para trás e fechei os olhos. Imediatamente a imagem de uma bela loira de olhos azuis veio de encontro a mim. Se o que eu imaginava de olhos fechados fosse real, só havia uma coisa que eu a diria: “Eu te amo demais pra cometer o mesmo erro e te afastar de mim.”. Se ela voltasse para mim, eu jamais faria algo para perde-la novamente.
 
Os dias só me deram a certeza do que eu já previ seis meses atrás. Nunca haveria ninguém depois de Kara na minha vida. Eu poderia até conhecer novas pessoas, mas ninguém seria o suficiente porque ninguém chegaria aos pés dela. Havia o nome Kara Danvers tatuado no meu coração. Sua morada era permanente em mim. Jamais ninguém ocuparia seu espaço na minha vida.
 
A amo como jamais amei, pois foi com ela que eu soube como era amar.
 
******
 
Kara
 
Finalmente algo bom e que eu queria muito estava acontecendo na minha vida. Mal conseguia controlar a minha empolgação em saber que o meu restaurante estava para ser inaugurado em poucos minutos.
 
Ter algo para comemorar depois de tanto tempo apenas remoendo tristeza e magoa, me dava um alívio no fundo peito. Ainda não era como se as coisas estivessem voltando aos trilhos, até porque eu nunca soube como era ter uma vida onde tudo estava em seu devido lugar, mas acho que estou conseguindo me ajeitar na vida.
 
Devo muito dessa conquista a Andrea. Ela entrou com o restante do dinheiro que faltava se tornando sócia. Assim, com as minhas economias, a de Alex e o restante, não precisei me endividar em empréstimos bancários e tudo ficou em ordem em um prazo quase recorde. E esse prazo recorde se deu porque Andy conhecia as pessoas certas para todos os serviços necessários.
 
Embora eu estivesse muito feliz, minha felicidade só não era maior, pois eu não tinha quatro pessoas específicas comigo. A primeira era minha mãe Eliza, ela foi muito importante na minha vida e por causa dela eu e Alex tínhamos esse sonho de abrir um restaurante. A segunda e quarta pessoa eram meus pais biológicos, Alura e Zor-El. Espero que os três, onde quer que estejam, estejam felizes e orgulhosos de mim. Eles foram essenciais na minha vida.
 
A quarta é a última pessoa, eu acho que essa é a situação complicada e talvez a mais saudosa e também dolorosa. Lena. Essa eu sabia onde estava e exatamente onde encontrar, mas eu não fui corajosa o suficiente para convidá-la para a inauguração. Muito provavelmente, Andy a convidou, se ela aparecesse, eu saberia lidar melhor com sua presença do que uns meses atrás. Porém — sempre havia um porém — eu ainda não estava pronta para ir atrás dela.
 
Esses últimos meses foram duros para mim. Eu dei tempo ao tempo. Aos poucos tentei colocar meus sentimentos em ordem e ao mesmo tempo seguir com meus objetivos. Só que quando eu deitava a cabeça no travesseiro, lá estava ela. Quando eu acordava, lá estava ela. Quando Andy fez a proposta de sociedade para mim e Alex, era ela que estava na minha mente, pois era com ela que eu queria comemorar esse momento.
 
A cada dia que passava, a magoa aliviava dando espaço a falta que ela me fazia. Ela era a pessoa mais saudosa, pois, diferente dos meus pais, ela estava bem viva. Ela eu podia matar essa saudade, mas ainda não conseguia. A última coisa que eu queria era apressar as coisas e estragar tudo. No presente, mesmo que isso mude totalmente meu futuro de uma forma ruim, ainda preciso manter essa distância.
 
Olhando para a faixada do restaurante a beira mar, eu pensava nessas coisas, mas conseguia sorrir. Acho que nesse momento, devo pensar só nisso que está me acontecendo. Depois eu abro mais espaço na minha mente para decidir todo o resto.
 
— Acho que ficou como nós imaginávamos — Alex disse se aproximando e passando um de seus braços pelos meus ombros. — É uma conquista e tanto.
 
— É — concordei ainda sorrindo —, as receitas da família Danvers finalmente vão ter o reconhecimento que merecem.
 
— Você está bem? Sei que está feliz, isso está estampado no seu rosto, mas quero saber se está realmente bem.
 
— Estou onde deveria estar, fazendo o que deveria fazer. Isso me deixa bem, pelo menos por hora.
 
— Você a convidou?
 
— Não tive coragem. Confesso que passou pela minha cabeça, mas... se eu ainda não consigo dar uma resposta a ela, o melhor é continuar mantendo a distância.
 
— Tem certeza disso?
 
Passando meu braço pela cintura de Alex, começamos andar para dentro do restaurante. Já tinha visto tudo em seu devido lugar mais de cinquenta vezes, ainda assim, vendo de novo me fazia ficar ansiosa.
 
— Lena passou pela experiência de manter uma falsa esperança pela ex — suspirei ao lembrar daquilo. — Eu poderia fazer isso, por vingança, raiva ou qualquer coisa, mas acho que não seria justo. Nem comigo e nem com ela, na verdade. Convidá-la, poderia dar essa esperança a ela e eu sabendo disso, não posso agir assim.
 
— E se Andy a convidou? E se ela chegar aqui com a Sam?
 
— Aí é outra história. Não fui eu que fui atiçar algo que eu ainda não posso dar uma resposta. Mas vamos focar nisso aqui — olhei em volta. — Por enquanto, quero só me focar nisso aqui.
 
— Ter amigas ricas tem suas vantagens.
 
Acabamos rindo no mesmo minuto.
 
— É, mas grande parte é investimento nosso. Não vamos esquecer disso.
 
— Estou feliz por nós — me olhou sorridente. — Você tem razão. Estamos onde deveríamos estar, fazendo o que deveríamos fazer.
 
A inauguração do restaurante estava sendo a melhor possível. Recebemos elogios do atendimento, da comida e do ambiente requintado e aconchegante. Apareceram alguns grã-finos amigos de Andrea que disseram que voltariam quando estivessem por perto. Mas acho que o importante mesmo estava sendo a receptividade dos turistas — já que chegou a época de temporada — e do público local. Para um primeira dia, tudo estava indo bem.
 
Há algum tempo, eu e Alex estávamos paradas no canto do salão apenas apreciando aquilo tudo. Definitivamente era um sonho sendo realizado. Ou melhor, um objetivo conquistado.
 
— Parece que fizemos sucesso, meninas — Andrea disse se aproximando de mim e de Alex. — Foi um prazer fazer negócios com vocês. Já estou pensando em expandir.
 
— Andy, nem sabemos se aqui vai dar certo.
 
— Aqui já deu certo, Karinha. Eu reconheço um bom negócio quando vejo.
 
— Acho que devemos ir com calma — Alex disse a Andrea a olhando. — Se isso aqui der errado, eu e Kara não teremos nem onde cair mortas.
 
— Meninas — abraçou eu e minha irmã de uma vez —, uma boa comida, uma boa bebida, uma boa companhia e uma boa música de fundo, conquista tudo. Confiem em mim, em pouco tempo, estaremos falando sobre expandir os negócios.
 
Não sei se era por ser rica, mas Andrea nem sempre tinha os pés no chão. Ainda bem que ela era só a minoria da sociedade, pois tinha ideias um pouco surreais, como por exemplo, já querer expandir algo que havia acabado de ser aberto.
 
— Minha namorada chegou — sorriu quando viu Sam entrar. — Vou dar atenção a mulher da minha vida. Vocês deveriam fazer o mesmo.
 
Vendo Andy ir até Samantha, percebi que Alex me olhava. Desde que abrimos o restaurante, ela ficou a todo momento do meu lado e eu sabia o porque.
 
— Vai lá com a Kelly e a Esme.
 
— Não vou te deixar sozinha.
 
— Eu vou ficar feliz se você for dar atenção as mulheres da sua vida — sorri para ela. — Vai antes que eu te empurre.
 
— E você? Vai ficar bem sozinha?
 
— Vou aproveitar um pouco e depois ir para casa.
 
Minutos mais tarde, quando eu estava pronta para ir embora — ainda era cedo, mas queria apenas ficar sozinha — um entregador apareceu procurando por mim. Ele me entregou um buquê de flores e um envelope. Assim que eu peguei tudo, fui para os fundos do restaurante onde havia um pequeno escritório.
 
O buquê era de jacintos na cor violeta. Uma típica flor para quem quer ser desculpado por algo. Só de pensar quem poderia ter me mandado aquilo, meu coração acelerou a ponto de me deixar sem ar. Coloquei com cuidado as flores em cima da mesa e dei atenção ao envelope. Ao abrir, não reconheci a letra.
 
 
 
Só queria te parabenizar por essa conquista. Estou realmente feliz por você. Você merece o que há de melhor no mundo, Kara, pois você é a melhor pessoa que habita nele.
 
Com amor, Lena.
 
 
 
Não dava para negar que gostei de ser lembrada por Lena. Meus sentimentos por ela — tanto bons quanto ruins — não eram algo que eu podia controlar. Lena mexia com minhas estruturas de maneiras que ela nem imaginava.
 
Ter pedido para ela ir embora foi a coisa mais difícil que eu fiz. Nega-la um beijo que eu queria dar, me fez... Acho que não tenho as palavras certas para explicar.
 
Depois dessa noite de inauguração do restaurante, as flores e o bilhete abriram espaço na minha mente para pensar em Lena. Se bem que eu sempre pensava nela, mas agora acho que chegou a hora de pensar no que fazer sobre ela. Claro, tudo dentro do meu tempo sem me obrigar a nada.
 
Suspirando, aproveitei o espaço silencioso para deixar minha mente vagar livre para algum lugar. Em menos de um segundo, a imagem de uma morena de olhos verdes veio de encontro a mim. Ninguém nunca poderia arrancar de mim o que eu sentia por Lena. Não havia um botão para desligar essas emoções. Elas estavam bem vivas e latentes dentro do meu peito. Estavam quase gritando para que eu começasse a ouvi-las.
 
Lena marcou minha vida, pois foi a única pessoa que eu realmente amei. Tudo foi rápido demais, intenso demais, pesado — para bem e para mal — demais. As primeiras vezes são sempre as mais difíceis. Ela, de certa forma, era meu primeiro amor, minha primeira magoa e meu primeiro término mais dolorido. Por isso era tudo tão difícil.
 
Mas, sendo bem sincera pela primeira vez em seis meses, a amo como jamais amei, pois foi com ela que eu soube como era amar.
 
 
 
A fic está bem perto do final.
 
:)

Muito Bem Acompanhada Onde histórias criam vida. Descubra agora