CAPÍTULO 13

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Enquanto o segundo copo de uísque descia mais fácil, Jones começou a detalhar o plano com um entusiasmo crescente. Suas mãos se movimentavam com energia, os olhos brilhavam como se já enxergasse o futuro grandioso que ele desenhava.

— Gabriel, olha só... — ele disse, abaixando o tom e se inclinando na minha direção. — A gente começa pequeno, mas a projeção é absurda. Já tenho contatos, gente com interesse real. Você entra comigo, e, em um ano, você pode ter o que quiser. Vai ter liberdade, cara. Liberdade.

O peso da palavra ficou ali, suspenso, e meu estômago deu um nó. Liberdade. O que significava para mim agora? Eu estava preso em um trabalho que me sugava e em uma rotina que parecia uma prisão. Mas também sabia que cada decisão tinha um preço, e Jones, por mais empolgado que fosse, nunca deixava isso claro.

— Tá, e como exatamente a gente garante que esse investimento vai dar o retorno que você tá falando? — perguntei, tentando manter a objetividade. — Me desculpa, Jones, mas isso tudo parece bom demais pra ser verdade.

Ele riu, mas não parecia surpreso com minha reação.

— E você acha que as melhores oportunidades são certinhas e seguras? Olha pra mim. Não existe sucesso sem risco, Gabriel. É aí que você tá preso — você quer segurança, mas também quer mais da vida. Uma coisa tem que ceder.

— Mas e se der errado? — Minha voz saiu mais baixa do que eu esperava, quase um sussurro.

Jones deu de ombros, com aquele sorriso que parecia querer me convencer de que tudo era simples.

— Se der errado, você aprende. Mas eu tô te dizendo: com o seu talento e a minha visão, isso tem tudo pra dar certo. Você tem que parar de ter tanto medo, cara.

Olhei para o copo de uísque, o líquido dourado balançando enquanto eu girava o copo. O rosto de Henrique me veio à cabeça, com aquela expressão de desprezo, e então pensei em Lívia, em sua frustração e resistência. Não era só sobre o trabalho, era sobre o que eu queria pra minha vida.

Jones deu um tapinha no meu ombro, interrompendo meus pensamentos.

— Vamos, Gabriel. Você tem que decidir se quer ser o cara que vive pra agradar chefe ou se quer viver pra si mesmo.

Hesitei, mas senti que minha decisão estava ali, a um passo.


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