Cirurgia de emergência

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Day.

Eu queria muito poder prestar atenção em como João estava nervoso enquanto entrava no altar, eu queria também poder prestar atenção em como Lucas estava emocionado enquanto caminhava na direção do seu amor, queria poder analisar como os olhos emocionados de Carol ficavam bem mais brilhosos, gostaria de notar todos esses detalhes, mas minha mente vagava repetidamente na ligação que recebi hoje mais cedo, pensei que não iria mais ter essa sensação de agonia.

Achei que estava indo bem no meu processo, até receber uma notícia que me deixou um pouco sem chão, tudo que eu pensava no futuro era como se fossem apenas sonhos impossíveis, eu não tinha muita expectativa.

Olhei mais um vez para Carol, memorizando cada linha que começava no queixo e subia para o maxilar, as orelhas e como ela colocava os fios ruivos atrás, suas sobrancelhas ruivas, os olhos brilhantes, o nariz perfeito, descendo mais um pouco para os lábios carnudos e desejáveis.

Suspirei, céus eu amava ela.

Ela se virou para mim com um sorriso meigo, eu apenas analisei antes de levar minha mão direita até a maçã do seu rosto, fazendo um leve carinho ali, ela era linda e ela sabia disso, sua voz, seu cheiro, seu corpo, tudo era inexplicavelmente belo, tinha medo dos meus pensamentos me sabotarem e minha voz revelar as verdades sobre Carol.

Me peguei pensando nela novamente, quando disse que pensava no meu futuro, ela estava incluso neles, tinha medo de perder isso.

Carol: — Tudo bem? — Me perguntou com dúvidas. Eu era covarde demais para admitir, que não, eu não estava bem, mas eu era covarde.

— Estou sim! — Sorri, ou tentei, ela segurou minha mão colocando sobre seu colo, eu espero que não perceba que estão geladas pela ansiedade que percorri entre minhas veias.

O casamento seguiu bem, disso eu tinha consciência, os noivos estavam felizes enquanto pulavam no meio do salão, já eu estava no meu segundo copo de uísque, até sentir duas mãos apertando meus ombros, soltei uma leve suspirada quando os lábios molhados tocaram minha pele, e logo os braços me abraçaram.

Eu sorri fraco.

Carol: — Quer dançar comigo? — Perguntou num sussurro, eu apenas levantei ficando de frente com a menor, ela me puxou até para o meio do salão, alguns casais também se encontravam ali. Minhas mãos foram até a cintura da ruiva enquanto as delas foram para meus ombros, ela me olhava com algumas dúvidas, e eu a olhava com intensidade tentando ler seus pensamentos. — Você está quieta desde dessa manhã, o que houve? — Torci os lábios.

— Nada demais amor... — Ela soltou uma risada. — Que foi?

Carol: — Você franziu o cenho, então está mentindo... — Naquela altura do campeonato eu já deveria saber que eu mentia mal, ela me conhece. Puxei ela para mais perto. — Sabe que pode conversar comigo, não sabe?

— Eu sei, mas juro que não é nada demais, só estava pensando, depois que voltarmos, poderíamos ir até uma loja que vende coisas de bebê e comprar algumas coisas, tipo, berço ou até mesmo brinquedos... — Suspirei enquanto minha cabeça caia sobre seus ombros. — Eu quero ter essa sensação de ser mãe sabe... — Ela me abraçou forte e aquilo foi confortante.

Carol: — Você já é mãe, você me prova isso todos os dias quando acorda do meu lado... — Ela soltou uma risadinha. — E fica conversando com a minha barriga, os diálogos chagam ser longos. — Carol fez eu encara-la de volta. — Eu tenho certeza que você vai ser a primeira pessoa que essa criança mais vai amar no mundo. — Me deu um selinho. Eu fechei os olhos, ter ela tão perto de mim me fazia ter uma imensa vontade de chorar, eu estava com medo.

Medo de perde-la.

— A segunda pessoa, a primeira vai ser você! — Ela sorriu contra meus lábios e voltamos a dançar. Tentei relaxar o máximo possível, eu sabia que Carol não iria sossegar enquanto eu demonstrasse que não estava bem, mas queria que ela aproveitasse o máximo.

Carol estava linda naquela noite, seu cabelo estava solto e liso, ela usava uma maquiagem leve, nos lábios um batom vermelho não muito chamativo, seu vestido era lilás e longo, realçando suas curvas, em seu pé ela usava sandálias dourada.

Já eu usava um terninho feminino, deixando um grande decote que descia e parava um pouco acima do umbigo, eu meus pés um sapatinho social, minha maquiagem estava leve também e em meus lábios um gloss.

O casamento em si acabou por volta da cinco da manhã, mas eu e Carol fomos para os quartos as duas, ela estava cansada e eu estava ali para zelar o descanso da minha namorada, demorei um pouco para pegar no sono, a ansiedade não me deixava pregar os olhos.

Então logo aquela viagem chegou ao fim, na estrada eu conseguia sentir o desconforto de Carol, e tudo isso porque eu tinha ficado estranha e em silêncio desde do momento que entrei no carro, trocamos algumas palavras, mas eu só queria voltar para casa e assim começar ter algumas reuniões.

Avisei Carol deixaria ela em seu apartamento e iria resolver alguns assuntos, ela ficou chateada por eu não dar muitos detalhes mas na verdade nem eu sabia muito o que dizer ou por onde começar, não era justo com ela, não queria deixá-la nervosa ou algo do tipo.

Talvez seja egoísmo não compartilhar meus pensamentos com ela.

Mas eu não tinha estrutura alguma para dizer que minha perna havia piorado, o Dr. Jhon entrou em contato comigo, ele estava analisando meus exames que eu havia feito recentemente, por conta dos treinos reforçados ele tinha que ter certeza que eu estava boa para voltar, mas não.

Tudo desabou quando ele entrou em contato comigo na manhã passada, ele disse que eu tinha que fazer uma cirurgia de emergência, caso contrário eu não podia mais jogar, só que eu ainda tinha minhas incertezas quando ele me informou que a cirurgia pode sim me ajudar e eu poderia recuperar, ou eu não poderia mais jogar pois minha perna não iria aguentar, eu não teria tanta força como os outras jogadoras.

Então eu não faço essa cirurgia e não jogo, ou eu faço e talvez com alguma sorte eu volte a jogar.

Ele também me disse que era uma cirurgia perigosa, e era por isso que eu estava nervosa até agora, com medo, e se der certo, e se não der.

Eu estava presa no "e se..."

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Continua...

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Já eu volto!!

LOVE • Dayrol • G!POnde histórias criam vida. Descubra agora