Cinerárias roxas

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Eu quase chorando relendo meu Deus!

Carol.

Ao ouvir uma movimentação no meu quarto eu rapidamente fechei os olhos e fingi estar dormindo, mas meu coração acelerou quando ouvi a voz de Day, ela me pedindo perdão, tentei segurar meu choro, o que eu mais queria era aquela mulher do meu lado, me abraçando apenas isso, eu só queria ela perto de mim, mas eu não conseguia encarar seus olhos.
Queria também que soubesse que ela não tinha culpa alguma, que ela era uma mulher incrível e cuidadosa, mas eu não fui forte o suficiente para dizer.

Se eu não era capaz de segurar uma gravidez, então do que eu seria capaz?

Quando senti Day se afastar e segurei meu choro, e quando a porta se fechou eu pude chorar, eu apertei forte minhas mãos contra o travesseiro enquanto eu chorava em silêncio, senti meu corpo todo doer, era isso, eu havia perdido até mesmo Day.

Laventei minha cabeça para ver o que ela havia escrevido no caderninho, pois eu havia ouvido ela escrever, me sentei devagar na cama, eu ainda sentia dor e me sentia mais vazia que o normal, saber que não tenho mais meu filho era algo tão inexplicável, eu realmente não sabia o que estava sentindo, era tanto sentimento misturado, minha mente estava muito barulhenta, não tinha mais vontade de fazer nada e nem falar com ninguém, no hospital eu troquei algumas palavras com meu pai e pedi para ver como Day estava, eu não permiti que me visse ontem, não estava preparada para isso.

Olhei para as pequenas letras que estavam no papel, respirei fundo acedendo o abajur já que meu quarto estava escuro, totalmente sem vida.
Meus olhos começaram a passar pelas pequenas letras.

"Oi, hum... Eu realmente não sei por onde começar, queria muito poder te falar tudo isso que vou escrever, mas infelizmente não conseguia, era como se eu estivesse me afogando nas minhas palavras e nada saia, tinha medo dizer coisas sem sentido algum, pois me conheço e talvez eu tropeçasse na minha confusão, mas estou aqui, expressando em palavras. Com certeza meu maior desafio foi te ver encolhida na cama e não poder fazer algo, nem ao menos um abraço.
Soube que não quis me ver e sabe, tá tudo bem, eu te entendo amor, eu entendo que perdemos algo que nem ao menos chegamos a conhecer e por Deus nós amamos ele, cada dia, cada hora, demos amor pra ele e agora não podemos mais fazer isso, sei o quão horrível pois eu também perdi nosso filho. O pior é nós duas passarmos isso sozinhas, cada uma no seu canto, sei que precisamos de tempo, mas antes disso eu queria que você olhasse nos meus olhos e pedisse, por mais doloroso que fosse eu iria entender baby, eu iria mesmo, você precisaria de um tempo com si mesma, mas não, eu não vi seus olhos e mesmo assim eu estou te dando esse tempo, você sabe que pode me procurar nem que seja só para me encarar e não dizer nada, e depois me abraçar sem dizer uma palavra se quer, porque eu não quero desculpas, não quero explicaçoes, eu só quero você nos meus braços para que possamos passar por isso juntas, uma levantando a outra para assim seguir em frente.
Mas por favor, enquanto eu não estiver por perto cuide bem de você pra mim, não se afaste das pessoas que querem te cuidar, permita-se seguir em frente, mesmo que eu não esteja mais nos seus planos, apenas permita-se.
E por último e mais importante, eu te amo Carol Biazin, saiba disso, todos os dias quando eu acordar meu primeiro pensamento vai ser você!

Com amor, Day."

Suspirei e deixei o caderno de lado, eu não sabia se aquilo era uma carta de adeus ou um até logo, Day havia ou não desistido? Eu realmente não sabia, estava tão em êxtase, mas por algum motivo aquelas palavras me aqueceram de alguma forma, era estranho pois eu sentia que Day ainda estava ali, por exemplo seu cheiro no meu travesseiro, seu moletom esquecido no canto do meu quarto, uma foto nossa no meu mural, ela ainda estaba ali e isso era confortante, me levantei e peguei o moletom esquecido por ela e vesti o mesmo, respirei fundo sentindo seu perfume.

LOVE • Dayrol • G!POnde histórias criam vida. Descubra agora