capítulo 11

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H A G A R

Vi o exato momento que ele jogou minha fêmea naquele desfiladeiro, e a distância não pude fazer mais que correr em sua direção, gritando toda dor e ódio que sinto por aquele desgraçado.

— seu maldito! — pulei sobre ele, jogando seu corpo contra as rochas geladas, fazendo o cheiro do seu sangue espalhar pelo espaço. — você matou minha fêmea. Tirou minha vida. — soco ele com toda a minha força, toda a minha fúria, não deixando que ele diga ao menos uma palavra.

— n..ão... — seu rosto deformado de cortes, não deixava que ele abrisse sua maldita boca para falar, e fico feliz por isso.

Enquanto espanco seu rosto imundo, sinto sua lâmina atingir minhas costelas, e uivo de dor, porém minha raiva só se intensifica. Retiro o objeto que rasgou minha pele, e uso ela para perfurar seu corpo, cortando sem pena, ouvido seus grunhidos desesperados.

— você não merece respirar um ar, que não deixou que ela pudesse. — aperto seu pescoço por fim, até sentir sua última respiração.

Meu corpo está coberto de sangue, dele e meu, porém baixo meu rosto contra a camada de gelo, e grito o nome da minha companheira seguidas vezes com tudo de mim, querendo que em algum lugar, os espíritos do céu, possam acalentar e guiar sua essência.

— o que?! — sinto a voz dela na minha cabeça, sussurrar meu nome. — HARLEY!!!... — grito mais uma vez, querendo ouvi-la novamente.

— te amo, Hagar. — sua voz suave chegou até meus ouvidos, e senti que desabaria com sua declaração.

Talvez esteja enlouquecendo, minha mente traída e assustada, esteja criando fantasias que me liguem a ela, mas que seja fantasias, estar com ela, mesmo que seja em minha mente, será o suficiente.

— eu também amo você, querida. Você é meu coração. — sussurro perdido, até sentir um toque leve em minha bochecha, e me deparar com um filhote de lobo, com incríveis olhos azuis como o da Harley. — quer que te siga?! — questiono vendo ele caminhar até o desfiladeiro, e olha-lo.

O pequeno filhote correu pela borda, até começar a descer aquela parede rochosas, se equilibrando sobre os finos cortes dos gelos, e após respirar profundamente resolvo segui-lo. É a situação mais arriscada que já estive, porém minha vida não tem mais sentido, sem tê-la, e mesmo que esteja descendo apenas para encontra meu fim, o corpo da minha amada destruído pelos rochas, quero seguir o que meu coração manda.

harrgg! — minhas mãos sangram, a ponto de sentir o líquido vermelho congelar por meus braços, mas continuo segurando meu peso nas rochas afiadas, e vendo por onde o filhote vai, até vê-lo entrar em uma pequena gruta.

Quando chego até aquele pequeno espaço, sinto meu corpo perder as forças, e desando sobre o pequeno corpo imóvel. Meu peito dói de uma forma abrasadora, ao não sentir sua respiração quente contra meu pescoço, me mata aos poucos. Daria minha vida pela dela, mesmo que ela vivesse na planície, junto aos humanos comuns, mesmo assim, ainda daria tudo para vê-la respirar novamente.

— meu coração. — choro sobre seu corpo, sentindo minhas lágrimas esquentar minha pele. — tudo por você. Faço tudo, e não aceito viver sem tê-la comigo. — tiro minha adaga do cinto, e posiciono sobre meu peito, porém algo me impede.

Uma luz, como se fosse vários fios coloridos e cintilantes, guiados por algumas minúsculas borboletas que a Harley tanto gosta, nos envolve. Sinto meu corpo flutuando junto ao da minha companheira, e os ferimentos do meu corpo sumirem como se nada houvesse acontecido. Minha companheira abre seus lindos olhos, e agora estão de um azul intenso, cheio de entusiasmo, ao ver o que acontece ao nosso redor.

O SEGREDO DA MONTANHA |+18|Onde histórias criam vida. Descubra agora