O SEGREDO DA MONTANHA |+18|

capítulo 7

HARLEY COLEMAN;

Após o dia péssimo, Hagar chegou e cuidou de mim, como se fosse uma pérola delicada. Meus sentimentos são bastante vagos em relação as pessoas, nunca deixei me apegar, porque sei que mais cedo ou mais tarde estarei sozinha novamente, porem quando referisse ao gigante, é impossível não negar meus princípios, afinal já sinto ele cuidando de mim com dedicação a muito tempo, sem pedir nada em troca, e isso meche com o coração de qualquer um.

— vou fazer um ensopado bem quentinho para você. — comenta, enquanto corta uma carne em pequenos pedaços, e coloca em uma panela pesada de ferro.

— como conseguiu esse tipo de material? — aponto a panela, e ele sorriu de modo envergonhado.

— os visitantes trazem muitas coisas. Ela está aqui desde que meus pais estavam vivos. — deu de ombros por fim, começando a cortar legumes variados. — não somos tão ignorantes em relação a evolução humana comum, sempre tivemos contato com tudo, e temos conhecidos na planície, que poderia nos dar um lugar, tecnologias e proteção, porem, este é nosso lugar, onde realmente nos sentimos bem, sem nenhum julgamento. Gostamos do modo rústico e simples, de se manter ligado a natureza.

Entendo seu posicionamento, esse lugar é incrível demais para ser abandonado junto a historia que os antecede. E o lugar que pertence a eles, e é injusto que outros possam possuí-lo.

— entendo. Aqui tudo que precisão. — declaro associando tudo o que vi ate agora, ao seu desejo de vida.

— nem sempre tive tudo o que desejava, porem agora estou me sentindo quase completamente satisfeito. — declara com mistério.

Apesar de ser enorme, ele tem movimentos precisos e rápidos. Faz tudo com tanta vontade, que parece algo natural de vê-lo. Me sinto angustiada, porque sei que a Caymmi e o homem que estiveram mais cedo aqui, tem razão, ele é o líder do seu povo, porém está apenas cuidando de mim, a vários meses, ignorando suas obrigações com seu povo, por minha culpa.

— Hagar?! — ele levanta o olhar em minha direção, e sinto um calor terno, no meu estômago. — as cavernas, levam até próximo as planícies? — seus olhos me encaram de forma relutante.

— sim. São cavernas de passagens, servem para que possamos retornar ao centro, caso sejamos perseguidos. — assinto, com curiosidade. — existem muitas passagens por toda a montanha. Por exemplo a caverna que você caiu, dava com uma passagem escorregadia, por isso você não quebrou nem um osso.

— tive realmente curiosidade de saber como cheguei aqui. — comento por fim, e ele aproximasse, e sentasse ao lado da minha cama.

Os cabelos dele são enormes, e sinto vontade de toca-los, pentear e fazer tranças, e me peguei sorrindo com o pensamento. Apesar de Hagar sem um "homem das cavernas", ele é limpo, e um cheiro cítrico sempre o acompanha, e lembro desse cheiro quando ele se juntava a mim na cama de pele macias.

— no que pensa? — o enorme homem questiona com certa angústia.

— eu lembro de muitas coisas, de quando já estava aqui. — declaro ganhando sua completa atenção. — estava sem conseguir me movimentar, porém, sempre sentia seu corpo quando deitava para me aquecer, e quando me banhava ou alimentava. Era bem difícil. Você deve está cansado de cuidar de mim.

— não. Eu gosto de cuidar de você. — apressa-se em afirmar.

— você poderia me levar até o início da planície. Poderia retornar, e prometo que jamais contarei a ninguém, sobre a existência desse paraíso. — prometo, e quase me encolho vendo seus olhos cintilantes, me encarar com raiva.