Culpa

1.2K 125 3
                                    

Ele sabia que o quê fez foi errado, e ele aceitou cada erro e pecado que cometeu. Tirar duas vivas inocentes não tinha perdão, ainda mais quando essa duas pessoas eram importantes para alguém, quando eram o mundo de alguém. Kazutora vivia se perguntando do porquê Sano Manjiro o perdoar, afinal, quem perdoa o assassino de seu melhor amigo e irmãos mais velho?

Mikey era um anjo, foi isso que ele pensou quando Draken foi até o reformatório visitá-lo e dizer que o líder da Tokyo Manji o perdoava por tudo, por todos os pecados que ele cometeu.

Mas mesmo que seus amigos tenham o perdoado, ele não o fez, ele não se perdoa, talvez nunca o faça. Como ele iria assassinar duas pessoas e aceitar suas mortes? Ele não conseguia, não depois de entender seus próprios erros. A morte de Sano Shinichiro foi um peso enorme que ele carregou por três longos anos, e agora, a morte de Keisuke Baji, seu melhor amigo.

Ele amava Baji, mas apesar de o amar, o ódio que sentia por Mikey naquela época, era muito maior. Mas de quê adiantou guardar tais sentimentos pelo garoto loiro? Tudo acabou da pior forma possível, com a morte de seu antigo amor. Além de Keisuke ser seu amigo de infância, ele o amava mais que tudo na vida, o amava tanto que daria sua vida para trazê-lo de volta.

Sua vida nunca foi boa, ele não teve uma infância feliz e nem pais legais, claro que sua mãe nunca lhe bateu, mas também nunca o defendeu de seu pai, aquele homem que sempre espancava sua esposa e filho, e tinha relações com outras mulheres.

Kazutora sempre quis um irmão ou irmã, mas ele desistiu assim que percebeu a vida que vivia, ele não queria que aquelas crianças vivessem a mesma coisa que ele. Ele odiava o homem que chamou de "pai" por treze anos, sua mãe o adiava e o pior de tudo, ele se odiava.

Se não fosse pelo apelo de Ken Ryuguji, ele teria se matado assim que entrou no reformatório, ele teria cometido suicídio. Ele não tinha mais nada nesse mundo, tudo o que ele o que ele pensou que tinha, quebrou. Seus amigos se afastaram dele, seus pais se separaram em sua infância e foram embora depois do quê aconteceu três anos atrás, e seu único irmão, nunca foi o procurar.

Ele soube que tinha um irmão mais velho dois dias depois do julgamento, seu nome era Hanagaki Takemichi, oito anos de diferença de idade, ele já era um adulto agora. Takemichi foi visitá-lo uma semana depois da morte de Shinichiro, e só ali que o homem soube que ambos eram irmãos.

Kazutora ficou surpreso quando o Hanagaki pareceu perplexo com sua palavras, ele realmente não soube que tinha um irmão mais novo, e talvez isso tenha diminuído pouco a raiva que o Hanemiya sentia por eles - mas foi só por alguns segundos.

Takemichi disse que não iria ajudá-lo, que não iria tirá-lo do reformatório e muito menos apagar a fiança dele, pois o pecado que ele cometeu, tinha que ser pagado. Shinichiro foi seu amigo de infância e que ele não iria ajudar a pessoa que matou-o, mesmo que essa pessoa tenha sido seu irmão de 12 anos.

Kazutora ainda se lembra dele gritar com o moreno e o socar, e mesmo que seus punhos não tenham feito nenhum arranhão no adolescente, ele não desistiu. E após ser levado para sua cela, ele chorou, ele gritou de frustração e tristeza.

Ele não queria ter feito o que fez, ele só queria dar um presente para seu amigo e deixá-lo feliz, ele nunca planejou tirar a vida de alguém.

Ainda mais a de alguém que tantas pessoas amavam.

O Hanemiya saiu de seus pensamentos após ouvir o ferrolho da porta se abrir, alguém colocou a cabeça para dentro da sua cela e o encarou - era o guarda que ficava na sua espreita desde que ele entrou naquele lugar.

- Tem visita pra você. - sua voz grossa soou no quarto escuro, fazendo o adolescente se encolher. Ele não queria sair, ele estava com medo de quem fosse, ele queria ficar sozinho pra sempre e não poder machucar mais ninguém. - Não fique parado, saia logo.

The ReturnOnde histórias criam vida. Descubra agora