The Return

Primeiro movimento

Aquelas palavras não saíram mais de sua mente desde que as ouviu, elas se repetiam a cada cinco minutos. Queria saber como aquele garoto conhecia Emma e o porquê tanto odio ser dirigido a ele, pois pelo que Draken sabia e lembrava, nunca tinha visto o menino antes. Desde a guerra entre as gangues, há dois dias, as coisas pareciam ter mudado de alguma forma. Algo lhe dizia que muitas coisas ainda estavam por vir.

E ele não estava errado sobre.

De repente, ele estava sentado em uma cafeteria com um cara que ele nem conhecia. Pelo o que o mesmo tinha dito, seu nome era Kakucho, o braço direito de Izana Kurokawa. O moreno apareceu em sua "casa" tarde da noite e o convidou para uma conversa.

Draken não sabia o que havia levado ele a concordar em se encontrar com o delinquente, talvez fosse o olhar dele, o olhar de quem estava preocupado com seu lider, assim como ele também estava aflito.

Eles estavam agora em uma lanchonete, ambos pediram apenas um copo de suco, pois não bebiam álcool e possivelmente aquele não era o momento para estarem alcoolizados.

- Então, o que é tão importante que você foi na casa do seu inimigo pessoalmente... - o loiro iniciou a conversa, levando o copo a boca em seguida.

Permanecendo alguns minutos em silêncio, ele finalmente abriu a boca.

- Eu quero formar uma parceria com você. - Ken o olhou surpreso, mas logo relaxou. - Tanto o líder da Tenjiku quanto o líder da Toman sumiram e bem, eles são irmãos... Enfim, eu preciso da sua ajuda para encontrar o meu rei.

Por um momento, Draken achou que Hitto tivesse algum tipo de inferioridade com Izana, mas ao pensar na personalidade distorcida do Kurokawa, ele entendeu o moreno. As vezes, Mikey também se achava o centro de tudo, como se todas as coisas tivesse que ser ao seu dispor, quando e como ele quisesse.

- E por que eu deveria te ajudar? Posso achar Mikey sozinho, não é necessário eu me aliar ao inimigo da Tokyo Manji...  - a cada palavra dita, sua voz foi ficando mais feroz e fria, como se ele quisesse transmitir o ódio e Kakucho sentiu aquilo. - Ainda mais a alguém que foi cúmplice da morte da minha namorada.

Com brusquidão, Ken levantou-se da cadeira e começou a caminhar para fora do estabelecimento, mas parou após ouvir o que o outro tinha murmurado. Lentamente ele olhou para Hitto, suas sobrancelhas franzidas e a raiva em seu olhar.

- Você diz que tentou impedir ele? Que engraçado! Se tivesse realmente feito isso, ela estaria aqui agora. - cuspiu a verdade, fazendo o outro encolher-se. - Porra, é melhor não vir atrás de mim novamente com essa ideia de "aliança", isso tudo que aconteceu é culpa do seu "rei". Aquele filho da puta desgraçado é um psicopata que só pensa nele mesmo!

Ouvir aqueles insultos sendo proferidos para Izana fez com que Kakucho se irritasse. Ele sabia que o platinado não era um santo, que a garota morreu por culpa dele, que a luta entre a Tenjiku e Toman só ocorreu porque ele buscou. Mas aquilo era demais, ninguém conhecia o filipino melhor que ele, somente ele sabia das dores de Izana, dos anos que o seu rei tinha sofrido e o quanto ele ainda sofre, então ninguém tem o direito de falar algo dele, principalmente um desconhecido.

- Se você quer culpar alguém, então culpe a mim, me culpe pela morte da sua namorada, mas não insulte o meu melhor amigo. - Ryuguji entortou os lábios, aquele cara estava lhe dando nos nervos. - Olha, Draken... Eu sei como é difícil perder alguém, eu também já perdi. Isso foi a muitos anos, mas dói como se fosse ontem e sempre que eu olho para a minha cicatriz, as lembranças sempre voltam.

Observando seus olhos, Ken viu a dor da perda, percebeu que ele não estava mentindo. Após soltar um longo suspiro, ele voltou para a mesma cadeira de antes e sentou-se. Kakucho aspirou com força, ele tinha que convencer o dragão a lhe ajudar.