I Wandered Lonely as a Cloud

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O silêncio que se fazia diante do delicado riacho que se passava nos fundos da propriedade da fazenda de seus avós trazia um pouco da paz que Daryl precisava depois de todo o caos despertado por seu irmão instantes antes

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O silêncio que se fazia diante do delicado riacho que se passava nos fundos da propriedade da fazenda de seus avós trazia um pouco da paz que Daryl precisava depois de todo o caos despertado por seu irmão instantes antes.

Com a brisa gelada do inverno, as estrelas brilhando radiantes e ao som das folhas das árvores que ainda sobreviviam ao frio, Daryl respira fundo algumas vezes, procurando acalmar os batimentos cardíacos acelerados e os pensamentos que torturavam a sua mente.

Não era a primeira vez que brigava com Merle. Pelo contrário, praticamente todas as lembranças que Daryl tem com o irmão se resumem a diálogos agressivos, brigas corporais que os levavam a ficar bastante machucados e toda a tortura psicológica que sofreu dele quando era criança. A situação piorou ainda mais depois que o irmão se tornou um alcóolatra violento após o fim de seu primeiro casamento.

Ainda assim, se sentia tão esgotado e frustrado com a situação. Não se arrependia de bater no irmão para defender Beth, mas se sentia um idiota por pensar que seria uma boa ideia levar a aluna para sua casa, sabendo que ela poderia se tornar um alvo das brincadeiras de mal gosto dos primos e irmãos.

A culpa o consumia. Nem mesmo imaginava o quanto a garota deveria estar se sentindo envergonhada pela situação, quando ela mesma havia repetido diversas vezes que não gostaria de causar nenhum problema. E levando em consideração o histórico da garota, ele sabia que Beth se culparia de alguma forma pelo ocorrido.

Mas o que realmente o deixava frustrado era o fato dele ser um covarde que ao invés de resolver os problemas de forma madura e se desculpar propriamente com sua aluna naquele momento, Daryl resolveu fugir para longe da família e se isolar do mundo como sempre fazia.

— Você é um babaca, Daryl — resmunga o professor para si mesmo.

Ele se senta na grama com as costas apoiadas na árvore de frente para o riacho e passa a encarar o céu estrelado, respirando fundo algumas vezes. Gostaria de desaparecer ou de conversar com Beth, que sempre conseguia fazer ele se distrair. Nos dois casos, ele sentia que não tinha coragem o suficiente para fazer algo a respeito.

— Professor...

O chamado cauteloso de Beth traz Daryl de volta a realidade e o faz questionar se tudo não passava de uma ilusão criada por sua mente perturbada ou a garota havia mesmo decidido ir atrás dele, apesar dos avisos que ele tinha certeza de que sua família deveria ter dado no momento em que ela deveria ter tido a coragem de segui-lo.

Ela tinha certeza de que viu o homem seguindo por aquele caminho, mas estava escuro e seu senso de direção não era um dos melhores. Entretanto, no momento em que se aproxima do riacho, Beth reconhece a respiração pesada masculina que chega ao seu ouvido.

A garota se encolhe pelo frio e se surpreende ao ver seu tão admirável professor sentado com uma expressão desolada em seu rosto, enquanto encara o céu noturno. Ele não parecia em nada com o homem sério e distante que ela costumava ver quando estava na faculdade.

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