The Perfect Plan

Peripécias do destino

— Irmãozinho, eu vou me casar!

A frase anunciada de forma animada foi dita bruscamente seguida por um silêncio mortal no lar das duas famílias em que foi proferida. Costumeiramente, o anúncio seria respondido com doses emocionadas de felicidade e emoção por parte dos entes queridos, contudo, alegria era o oposto do que Izuna Uchiha e Tobirama Senju sentiram naquele exato momento.

— Vocês vão casar? Como isso aconteceu? — Tobirama questiona bagunçando seus cabelos claros que eram sempre tão perfeitamente penteados para trás — Ani-chan, ele é irmão do Uchiha... você entende o que isso significa?

O Senju olha de forma indignada para o irmão, Hashirama, que ainda não perdia o largo sorriso que estampava em sua cara. A importante notícia que o mais velho queria lhe dar o obrigando a ir visitá-lo o pegou totalmente de surpresa e o mais novo só conseguia olhar imóvel para um ponto fixo qualquer enquanto que seu interior explodia em revolta. Uma semelhante reação podia ser observada em um outro apartamento há quilômetros de distância dali, ainda que de uma maneira mais expressiva.

— Você realmente vai casar com aquele irmão do riquinho chuta pobres? - Izuna esperneia em uma ação imatura para o irmão que o observava com um olhar apaixonado, contrastando totalmente com a atitude alvoroçada que o dono do apartamento exibia — Mada, pensei que você fosse mais inteligente!

— Nós não temos nada a ver com essa briga sem sentido de vocês. Nós pensamos muito sobre isso e estamos tão apaixonados que não há porque esperar. Decidimos celebrar com pessoas importantes ao nosso lado. Principalmente vocês que serão nossos padrinhos.

O casal explica se utilizando da mesma e ensaiada resposta já prevendo a reação indignada que viria dos irmãos mais novos.

— Padrinho? — Tobirama pergunta em um silencioso desespero enquanto Izuna simplesmente desmaia não aguentando as fortes emoções que aquilo significava.

Um legítimo pesadelo era o que Tobirama e Izuna resumiam toda aquela situação que ambos se encontravam. Era completamente inaceitável o enlace de Hashirama e Madara e eles sabiam o motivo disso, visto que os irmãos mais novos eram inimigos declarados e tinham um histórico de brigas e desavenças que começaram desde os tempos de universidade, na qual cursaram medicina veterinária. Tobirama encarava a estrada com mágoa na volta para sua casa enquanto Izuna exibia o mesmo olhar contemplando o teto de seu quarto. Em ambas as mentes se passavam as mesmas indignadas perguntas: seria o universo os castigando? Como deixaram a união dos irmãos evoluir dessa maneira? O que fariam agora?

De fato, a inimizade que se instaurou entre Izuna e Tobirama os acompanhava desde que eram jovens e parecia não ter um fim. Uma simples troca de olhares entre ambos fez com que as primeiras farpas fossem trocadas evoluindo para uma estranha e até infantil competição. O Uchiha se incomodava com a maneira fria e até mesmo estúpida que o maior tratava outras pessoas e o Senju se irritava com a alegria exagerada de Izuna que sempre foi muito sociável e alegre demais soando falso para ele. Contudo, a hostilidade que deveria os separar acabava por ocasionar uma reação contrária do destino que de tão ardiloso acabou por fazer os dois serem vizinhos de dormitório. Assim, era quase natural que as brigas e provocações continuassem. Izuna sempre se reunia com suas amigas em seu quarto ouvindo e cantando alto as músicas das Spice Girls no mesmo horário que Tobirama estudava e fazia suas lições da faculdade. O Senju sempre reclamava sobre aquela ação que julgava ridícula do colega, mas só ouvia como resposta risadas altas e histéricas que o provocavam na medida certa ao ponto de quase o enlouquecer. Sua irritação perante ao outro veterinário só crescia, pois tinha ciência de que era impossível trocar de quarto, já que todos estavam lotados, o obrigando a ter que suportar todas as provocações alheias. Com isso, só restou a Tobirama revidar na mesma moeda que ele cumpria religiosamente ao iniciar uma espécie de reforma em seu quarto martelando a parede fina que dividia os dois dormitórios todos os finais de semana às 7 horas da manhã. Izuna não suportava acordar cedo e privar ele de descansar até tarde nos dias livres fazia o humor do Senju melhorar intensamente.