CAPÍTULO 7

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CAPÍTULO VII

Uma Nova Esperança

Ainda estava um pouco atordoado com as palavras dela... Será que ela entendia o que elas realmente significavam? O que elas significavam para mim? Para nós?

- Eu...

- "J", nós já vamos fechar... - me voltei para Lamar e acenei, retornei o olhar para Any, sem saber o que dizer ou como agir.

- Podemos ir juntos para casa? - pedi, esperando que pudéssemos conversar mais.

- Sério? - ela sorriu, e mais uma vez o meu pobre coração disparou.

- Huh, sim, se não se importar de esperar.

- Não me importo!

- Certo, eu vou... - murmurei já me afastando e a vi assentir, ao alcançar Lamar, ele me deu um sorriso malicioso.

Para um cara velho e casado, ele era muito atrevido.

- O quê?

- Nada... A sua vizinha, ah, vai esperar?

- Sim, vamos juntos para casa.

- Sei...

- Eu para minha e ela para dela... Somos apenas vizinhos.

- Sei...

- Não há nada entre nós.

- Sei...

- Ela é comprometida com outro cara.

-Sei... Espera, ela tem um namorado?

- Noivo, na verdade.

- Então por que ela está aqui?

- Seu noivo é Noah... - Lamar arregalou os olhos.

Com o passar dos dias, eu havia contando ao meu respeito para Lamar, bem, pelo menos a parte que eu me lembrava... ...o hospital, os Urrea e Noah, ah, Any que eu tinha deixado de fora, claro. Havíamos construído uma boa amizade nos poucos dias em que eu já estava na loja.

Ele também me contou um pouco sobre a sua vida. Falou sobre Heyoon e a ideia de abrir a loja, contudo o que mais me interessou foi o seu passado. Ele foi um soldado assim como eu, também tinha as suas cicatrizes, elas podiam não ser visíveis como as minhas, mas ele tinha algumas.

E pelo tom melancólico, e até, às vezes, dolorido, em que ele usava para relatar sobre o seu tempo de serviço, eu ficava um pouco grato por não me lembrar dessa parte. A guerra era algo deveras feio, e deixava muitos feridos não só fisicamente, mas também emocionalmente.

Sabia que ela ainda estava acontecendo, bem longe daqui, mas estava. Porém de acordo com todos, em breve ela acabaria, talvez ganhássemos, mas não faria diferença, pois já havíamos perdido tantos homens, amigos, irmãos, filhos, que no final das contas, não importaria quem vencesse, seriamos todos perdedores.

Assim sendo, havíamos nos tornado bons amigos no decorrer daqueles dias que passávamos juntos na livraria. Era bom ter alguém para conversar, que parecia me entender, e de algum modo, mesmo eu não me lembrando, eu o entendia também.

- Isso não vai acabar bem "J", é melhor você se afastar dessa garota.

- Eu já tentei, mas algo me puxa para ela. E sempre que acho que vou conseguir me afastar, ela volta para a minha vida.

- Bem, então só posso lhe desejar sorte, e se as coisas desabarem, sempre terá aqui um lugar para ficar. - sorri agradecido.

- Obrigado Lamar. - ele assentiu e soltou um longo suspiro.

PERDIDO ATÉ TE ENCONTRAR - ADAPTAÇÃO BEAUANY Onde histórias criam vida. Descubra agora