Meu corpo estava doendo. Me sentia com frio.
Me virei sobre a cama e senti minha cabeça bater em alguma coisa, abri os olhos assustada e levantei o corpo. Folhas, muitas folhas.Passei as mãos e senti o chão, a terra em meus dedos e arregalei os olhos olhando para os lados. Eu estava em uma floresta, longe dos lençóis de minha cama e longe da festa. O que aconteceu?
Olhei para baixo e estava vestindo apenas uma blusa novamente, com minha calcinha de renda favorita. Minhas pernas estavam sujas de terra, então comecei a passar as mãos desesperadamente para tirá-las de mim. Foi quando vi meus dedos sujos de sangue, que agora estavam sobre minhas pernas e as folhas abaixo de mim.
Me levantei assustada, olhando para os lados e observando a enorme árvore em frente. Me ajoelhei procurando meu celular a passando as mãos pelas folhas até encontrar o pedaço de metal. Levantei meus dedos para cima a procura de sinal e caminhei alguns segundos, até ouvir o barulho de conexão.
Disquei rapidamente o número dele e levei o celular no ouvido, observando meus dedos sujos de sangue. Meu corpo tremia, enquanto cada partícula enrijecia com o frio.
— Vamos, vamos, vamos... — Sussurrei amedrontada enquanto ouvia apenas o som da chamada.
Desliguei e disquei novamente, colocando no ouvido e me apoiando numa pequena arvore.
— Alô?
— Dom! Dom! — Quase gritei. — Graças a Deus. Você está vivo. — Me encostei na árvore sentindo o alívio passar em minhas veias como parasita.
— Rose? O que aconteceu? Está tudo bem? — Perguntou preocupado e baixei os ombros olhando em volta.
— Acho que estou na floresta da zona 4. — Falei olhando para os lados. — Pode me encontrar na travesseia da ponte?
— Espere. Estou indo. — Ouvi alguns barulhos atrapalhados e respirei fundo.
— Traga-me uma camiseta grande. — Falei desligando e observei de longe a arvore grande, com a terra vermelha recém mexida. Caminhei até lá e me abaixei, passando a mão e sentindo o gelo dela em meus dedos. — Meu Deus.
Me levantei e virei as costas correndo, sentindo as folhas baterem em meus braços e pernas nuas. Senti meu rosto ferver e rapidamente as lágrimas tomaram conta de minhas bochechas, escorrendo de meus olhos.
Havia outra vítima, morta por minhas mãos e por mim mesma. Eu estava farta disso, de fazer sem total consciência de meus atos. Agora havia outra pessoa morta e nem sabia como fui parar aqui sozinha. Tirei a blusa branca e passei em meu braços, pernas e mãos. Joguei ela num canto e continuei correndo.
Foram alguns minutos correndo e chorando até ouvir o barulho da moto de Dominik, corri mais rápido e observei ele descendo da moto e guardando os dois capacetes nos guidons. Ele olhou alguma coisa no celular e limpei minhas lágrimas se aproximando.
— Dom... — Chamei e ele se virou num sobressalto guardando o celular no bolso da calça e me olhando de cima abaixo, arregalando os olhos e pegando uma roupa por cima da moto e vindo até a mim.
Ele ergueu os braços e me cobriu com um sobretudo preto, me agarrando nos braços e me apertando com força. Não disse nada, nem perguntou nada. Apenas me agarrou enquanto pela primeira vez pude deixar de ser orgulhosa e chorei, desesperadamente.
Peter não me ouvia, não conseguia me entender em nenhum momento de minhas falhas. Ao contrário de Dominik que sabe lidar com minhas palavras, de uma forma que ninguém nunca conseguiu. Eu estava precisando de alguém todos esses anos e Caroline não pode encher meu vazio. Dominik chegou de uma vez, mesmo eu tentando o afastar ele sempre estava lá, preenchia todas as minhas falhas e mantinha calma. E era disso que eu estava precisando agora, calma.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Últimas Pistas - Livro 3
Misteri / ThrillerTerceiro livro da trilogia de PISTAS. Livro 1: Entre Pistas Livro 2: Pistas Perdidas "Uma morte não solucionada." A morte havia voltado para a vida de Rose Mariana. A história não havia chegado ao fim. Desta vez, apesar do q...