PRÓLOGO

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O barulho do crânio sendo esmagado a acordou de seus devaneios. Seus olhos se arregalaram e não conseguiu esconder a surpresa presente em seu rosto ao presenciar alguém ser assassinado de modo tão brutal.

Uma brisa leve varreu o gramado e uma corrente leve para o lago em frente ao campo. Um calafrio percorreu sua espinha e não pôde evitar tremer, sabia se era pelo vento ou pela cena que estava presenciando.

O brilho celestial da lua iluminou o corpo já sem vida do rapaz, que minutos atrás, ainda estava vivo. O corpo que estava de bruços, havia sido virado, sendo deixado de barriga para cima, dando-lhe a visão do olhos ainda abertos, imóveis, e a boca entreaberta. A parte superior de sua cabeça, acima das sobrancelhas, estava aberta e amassada, com sangue recente se derramando no chao. O garoto não tinha nem dezoito anos. Tão novo.

Lembrava-se de ter conversado com ele poucas vezes, e em uma dessas conversas, o rapaz havia lhe contado que seu sonho era policial, mas que havia se perdido no mundo das gangues.

A figura feminina deu um passo para trás, foi involuntário. Todos os seus sentidos gritavam para que saísse dali o mais rápido possível. Sua intuição desde o começo havia lhe alertado que não deveria ter aceitado aquela proposta. Mas, era para ajudar uma amiga. Que mal poderia fazer se disfarçar e entrar em uma das gangues mais perigosas da Coreia do Sul? Afinal, já havia passado por tanta coisa e tinha um histórico com criminosos que a fizeram acreditar que sairia ilesa, então, não haveria nenhum mal em aceitar o plano de So Yeon, não é?

Estava enganada. Completamente enganada.

Foi então que todo seu plano foi por água abaixo. Quando o homem que havia matado o rapaz esmagando seu crânio Seo Soo Jin sabia que havia sido descoberta. Sabia que haviam feito aquilo porque aquele garoto era um dos poucos que ela se afeiçoou e tentou proteger ali dentro.

E ele estava morto justamente por sua causa. Ela recebeu o recado, ela seria a próxima. Teve certeza disso quando o assassino do garoto a olhou, a ruiva engoliu em seco nervosamente, mas manteve a postura. O taco com sangue foi apontado em sua direção. E assim, teve sua constatação. Ela era a próxima.

Não soube o momento exato em seus pés a levaram para longe do local em que estava. Nem ao menos soube explicar como conseguiu entrar em uma luta corpo-a-corpo com dois brutamontes com mais da metade de sua altura que tentaram impedir sua fuga. Tudo o que sabia naquele momento é que seu corpo estava no automático e no modo autodefensivo, onde a única coisa que lhe importava naquele  momento era sobreviver.

Estava completamente fodida e não era uma paranóia como sempre acontecia, era um fato. A parte mais difícil de se estar em uma fuga era com toda certeza ignorar seu nervosismo que se espalhava na mesma velocidade que um carro de fórmula 1. O som de pneus se derrapando no asfalto fez um eco em seus ouvidos, por puro reflexo, suas mãos apertaram o volante com ainda mais força e seu pé não saiu do acelerador.

Estava sendo perseguida por um Chevy Impala do ano de 1967, preto. Que ironia do destino, o motorista que estava atrás da ruiva tinha o mesmo gosto por carros que sua noiva.

Nervosa, pisou ainda mais fundo no acelerador e olhou para os botões do gás instalado em seu motor, o óxido nitroso, que literalmente tinha como função dar um gás no motor pelo tempo de, no máximo, quarenta e cinco segundos. Se apertasse aquele botão, talvez conseguisse ganhar tempo.

A mulher apertou os lábios, deixando-as em uma linha fina. Seu disfarce havia sido descoberto, mas como? Quem poderia ser capaz de saber que estava infiltrada no Cartel de Kim Chung Ha? Se perdeu em seus pensamentos em meio ao caos fora de sua mente e, antes que pudesse fazer qualquer movimento e apertar o botão do gás, o motorista do Impala havia tido a mesma ideia que a coreana e, em um piscar de olhos, o carro se chocou contra o seu e tudo que se seguiu após isso aconteceu muito rápido.

THE DARK SIDE OF RED | SooshuOnde histórias criam vida. Descubra agora