10| Tarde demais para concertar

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Durante três meses, Isaac se dedicou a provar que é uma pessoa incrível que eu não quero me afastar. Mas não consigo evitar isso. Nem mesmo com todas as sessões de terapia sobre esse assunto. É difícil demais ignorar o medo de machucar ele.

Apesar disso a terapia tem me ajudado. Estou aprendendo a controlar as crises de ansiedade. Aprendi a falar quando não estou bem. Percebi que isso tudo é resultado de eu ter uma péssima mãe. Que não tenho culpa de estar tão fodida atualmente. Mesmo que eu ainda tenha dificuldade em acreditar realmente nisso.

Também conheci a mulher responsável por deixar o meu pai tão leve quanto minha tia dizia que ele era na adolescência. Eu, Isabelle e ela fizemos vários programas juntas. E eu entendo o porque meu pai gosta tanto dela. Ela me faz sentir em casa quando estou com ela. Nos acolheu de uma forma que eu jamais esperava que fizesse. Fico feliz por meu pai ter ela.

Agora falando sobre minhas irmãs. Isabelle está mais leve nos últimos meses. Finalmente assumiu que não vê Sam apenas como um amigo. Mas os dois são incrivelmente tapados e não fazem nada a respeito disso. Kyle diz que se os dois não pararem com a palhaçada, vai trancá-los em um armário. Isabelle diz que fará o mesmo com ela e Brett. Os dois estão praticamente grudados. A conexão deles é incrível. Ele não saiu do lado dela em todo o lance com a nossa mãe. Inclusive ajudou ela a entender que tudo bem ela perdoar nossa mãe. Eu fico bem com isso. Feliz por Corinne ser diferente com ela.

— Então ele literalmente deu uma de John Logan tentando reconquistar a Grace, e você fugiu? — Kira pergunta abismada.

— Não foi bem assim!

— Foi sim! — Afirma Cora fazendo carinho no cabelo de Kira que estava deitada escorada nela.

— Vocês realmente estão surpresas? — Alec estava sentado no chão comendo pipoca escorado na parede ao lado da porta, Kyle e Isabelle uma em cada lado dele.

— Não é como se Malia não fosse um exemplo de impulsividade — Afirma Derek que também estava sentado no chão, mas escorado na parede oposta a Alec.

— Parem de ser cruéis! — Exclama Laura que estava sentada na minha cama, escorada na cabeceira como eu. Kira e Cora entre nós — Ela só não sabia o que fazer!

— Obrigada, Laura!

— Mas acho que você deveria ir conversar com ele — da de ombros.

— Nem começa!

— Começa sim! O Isaac já se esforçou de mais. Tá na hora de você fazer um esforço também — afirma Kyle.

Olho para Isabelle esperando alguma reação.

— Que foi? — me olha confusa — Eu não vou discordar dela!

— Qual é, Isabelle!? Me ajuda aí!!

— Quem precisa te ajudar é você mesma! — Exclama Derek — Passei meses me lamentando por que depois que a Tara terminou o namoro dela, não queria mais relacionamentos. E agora cá estamos, dois anos de namoro já.

— É diferente!

— É diferente por que? Por que não é você que está apaixonada por alguém que aparentemente não quer nada como você? — Alec questiona.

— EU TAMBÉM ESTOU APAIXONADA, INFERNO!

Meu grito trás um silêncio ensurdecedor para o quarto. Eu nunca havia admitido com tanta convicção que estava apaixonada.

— Então se arrisque! Chega de ficar se contendo! Vocês dois merecem um chance! — afirma Cora.

— Tá bom! Mas agora chega desse assunto!

Depois disso ninguém mais mencionou nada referente a Isaac. Passamos o resto da noite conversando e rindo. Fazia tempo que não tínhamos uma noite dessas.

Pela manhã todos acabaram saindo cedo. Tio Augusto, Tia Talia e papai estão viajando. Acabei ficando sozinha. Tinha terapia só as três da tarde. Então aproveitei para limpar meu quarto.

Sou surpreendida pelo som da campainha. Desço as escadas correndo e abro a porta.

— Em que posso aju— a palavra morre em minha boca quando percebo quem está parada a minha frente.

— Eu posso entrar? — Corinne pergunta em um estranho ar de hesitação — Prometo que serei breve.

— Então fala aí mesmo.

— É justo. Eu preciso de um favor seu — finalmente noto que segurava um papel em sua mão. Aparentemente uma carta.

— Você só pode estar brincando!

— Eu sei que você tem todo o direito do mundo de recusar. Mas é sobre Kyle — Afirma suspirando.

— Eu espero que não esteja usando ela para me convencer disso!

— Não estou! — me entrega a carta que segurava e eu a olho confusa — Preciso que entregue isso a ela.

— Por que você mesma não entrega?

— Porque eu não posso! — exclama.

— Eu juro que se você estiver pensando em abandonar ela. Eu nem sei o que sou capaz de fazer! — afirmo irritada.

— Não planejo cometer o mesmo erro duas vezes!

Ela acabou de admitir que foi um erro me abandonar?

— Eu preciso que você entregue isso para ela. Mas não agora.

— Quando então? — olho confusa para ela.

— Você vai saber... Só me promete que vai entregar — me olha praticamente implorando.

— Tudo bem. Eu entrego... Com uma condição — me olha pedindo para continuar a falar — Você nunca mais vai aparecer na minha vida. Você já fez estragos demais!

— Tudo bem. Eu prometo que não farei mais isso — concorda antes de virar as costas para ir embora.

— Não faça eu me arrepender!

Ela se vira para mim.

— Eu sinto muito, Malia. Eu fui cruel demais com você. Mas é tarde demais para concertar. Então me desculpa! — continua me olhando por alguns instantes antes de ir embora.

Fico parada na porta até meu peso se tornar muito para minhas pernas sustentarem. Me encosto na porta e desligo até sentar no chão. Deito minha cabeça em meus joelhos e tento controlar minha respiração.

— Malia? — ouço a voz de Katherine — O que aconteceu, pequena?

Ela senta ao meu lado e me abraça. Levanto a cabeça e deito em seu ombro.

— Ela veio aqui... Pediu desculpa... — susurro — Eu não consigo perdoar ela.

— Tudo bem querida. Você não precisa fazer isso — me abraça mais forte e eu me permito chorar.

Ficamos abraçadas por algum tempo ainda. Então eu me afasto e Katherine limpa minhas lágrimas.

— Vamos lá para cozinha. Está na hora de você conhecer minha deliciosa lasanha — sorri me ajudando a levantar.

Tia Talia sempre foi muito presente na minha vida. Ajudava meu pai a cuidar de mim quando eu estava doente ou quando ele tinha algum compromisso. Agia como minha mãe. Quando fomos para New York a conexão que tinha com ela mudou. Continuamos próximas, mas não vejo mais ela como mãe. Vejo como tia. E desde então não senti mais a sensação de ter uma mãe cuidando de mim. Até conhecer Katherine. Ela cuida não só de mim e Isabelle como também do nosso pai. É estranho sentir isso de novo. Mas é estranho de um jeito bom. Talvez as coisas melhorem daqui para a frente.

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Eu sou completamente rendida pela relação da família Hale nessa fanfic (em redes sociais também).

•A carta que a Corinne entregou para a Malia vai de certa forma ajudar ela.

•O que acham da relação da Katherine com a Malia?

•Katherine tem um lado maternal bem grande. E pretendo explorar mais nos próximos capítulos.

Nosso Acaso - MalisaacOnde histórias criam vida. Descubra agora