11| Diferentes formas de amar

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Isaac

— Você realmente gosta dela, né? — Theo sorri irônico.

— Qual é cara! Você faria o mesmo pelo Liam!

— Três meses de tentativas falhas? Acho que não — balança a cabeça em negação.

— Não foram só tentativas falhas — afirma Alec deixando eu e Theo confusos — No dia da festa do Jackson quando chegamos em casa o quarto dela tava trancado e eu vi você saindo de fininho na manhã seguinte.

— VOCÊ VIU? — exclamo chamando a atenção das outra pessoas no corredor.

— Ah garanhão. Achou que ia tirar a inocência da prima dele sem ele saber? — Theo debocha.

— Que inocência? — Alec pergunta irônico.

— Deixa ela te ouvir falando assim dela, Alec. Ela vai ser super carinhosa — afirma Brett aparecendo do nada.

— Garoto? De onde você saiu?

— Da mesma sala que vocês — da de ombros.

— Por que não está com a Kyle? Vocês vivem grudados agora. Iz não cansa de reclamar disso — Alec revira os olhos.

— A mãe dela veio entregar umas roupas para ela. Vamos aproveitar o fim de semana para acampar. Sam, Izzy, Lori e Hayden também vão — fala enquanto caminhamos até o estacionamento.

Assim que chegamos até o carrão de Alec vejo Corinne Tate observando Malia caminhar distraída até a calçada. Provavelmente vai até a lanchonete do outro lado da rua.

— A Malia sabe? — pergunto a ninguém em específico.

— Acho que não. E ela está tão distraída hoje que provavelmente nem vai perceber — Alec dá de ombros e olha para a prima — Olha lá. Tá no mundinho dela, ouvindo aquelas músicas horrorosas que ela gosta.

— Eu não teria tanta certeza disso. A outra está indo na direção dela — Theo aponta para Corinne.

— Mas que merda! — Alec exclama e arregala os olhos ao ver outra coisa indo na direção de Malia.

Um carro desgovernado, com um motorista provavelmente bêbado, ia de encontro a sonserina do sorriso perfeito. Mas, pondo em dúvida a inexistente de vampiros e velocistas, Corinne consegue chegar nela antes, empurrando-a e levando todo o impacto do carro no lugar da filha mais velha.

— MÃE! — grita Kyle que tinha acabado de chegar no estacionamento.

Em poucos segundos um grupo de formou ao redor da mulher caída na rua. Malia estava agachada ao seu lado, me aproximo delas junto com Kyle.

— Você tem que entregar pra ela — a Tate mais velha susurra com dificuldade — A carta... Leia para ela.

— Não. Você vai fazer isso. A ambulância já está vindo. Você vai poder ler para ela — afirma Malia com os olhos marejados.

— Mãe! — Kyle soluça.

— Está tudo bem, querida — respira com dificuldade — Eu estou com minhas duas garotinhas... Eu amo vocês...

— Mãe, por favor... Não me deixa! Eu preciso de você — a garota se debruça sobre a mãe chorando.

— Minhas meninas... — susurra antes de dar um último suspiro.

— NÃO! MÃE! — a mais nova grita em prantos e Brett ajoelha ao seu lado abraçando-a.

Olho então para Malia. Ela tem lágrimas descendo pelo seu rosto. Está parada, quase como se estivesse congelada. Em choque. Alec tenta conversar com ela mas não tem sucesso. Me aproximo dela e a abraço.

— Vai ficar tudo bem... Você vai ficar bem — susurro e a aperto contra mim — Nós vamos cuidar de vocês...

Malia

Perder alguém que amamos dói. Mesmo que esse alguém já tenha te feito sofrer de inúmeras formas diferentes.

Corinne e eu nunca tivemos uma relação convencional. Muito menos amorosa. Mas eu a amava. Não tanto quanto Kyle. Ou quanto amo meu pai. Mas a amava. De uma maneira única e até um pouco tóxica. Ver ela se jogar na frente de um carro por mim me fez repensar muita coisa.

Antes de tudo, preciso cumprir com a promessa que fiz para ela e  entregar a carta a Kyle. O que nos trás até aqui. O funeral de Corinne será daqui algumas horas.

— Como você está? — pergunto depois de abraçar minha irmã.

— Vivendo... Eu acho. Não sei dizer como estou me sentindo — suspira triste — E você?

— Bem. Na medida do possível.

— Você precisa de algo? Achei que só fosse te encontrar no funeral — Kyle me olha confusa.

— Eu vim cumprir uma promessa que fiz para nossa mãe... A alguns dias ela me entregou uma carta e pediu para que eu lesse para você no momento certo.

— Foi a essa carta que ela se referiu ontem?  — concordo — Então pode ler.

"Querida Kyle.

Você acabou de me perguntar se esta é uma carta de amor. Eu acho que sim.

Nunca consegui me sentir bem com a gravidez da sua irmã. E também nunca me senti realmente mãe dela. Então pensei em escrever para você, para que você pudesse saber que por ter errado tanto com sua irmã, não pretendo errar com você. Eu quero te fazer uma promessa, três coisas que você terá que eu nunca consegui proporcionar para sua irmã. Um lar seguro, alguém para dizer que te ama todos os dias e alguém para lutar por você. Em outras palavras, uma família.

Minha garotinha, prometo garantir que você não conheça minha pior face como sua irmã conhece. Errei muito com ela e seu que não mereço ser perdoada. Então dedicarei cada dia da minha vida garantindo que você tenha a mãe que sua irmã precisava e eu não fui forte o suficiente para ser.

Com amor, mamãe."

Assim que termino de ler olho para minha irmã. Ela estava sentada na cama como lágrimas escorrendo pelo rosto. Me aproximo dela e ela olha para mim.

— Eu vou sentir tanta falta dela — susurra com a voz afetada.

— Eu sei pequena — me ajoelho na sua frente e seguro suas mãos — Ela amava muito você.

— Você também. Mesmo com as atitudes dela dizendo o contrário. Ela amava você. Do jeito torto e estranho dela — sorri para mim.

— Eu sei — sinto meus olhos marejarem — Agora eu sei.

— Que bom... Obrigada por estar aqui. Por cumprir a sua promessa. Você tinha todos os motivos do mundo para não fazer isso. Mas você fez.

— Fiz. Porque eu te amo. E amava ela também — aperto as mãos dela antes de puxá-la para um abraço — Você sempre vai poder contar comigo.

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•Corinne morreu

•Que impacto as palavras dela terão sobre a Malia?

• Esse é o penúltimo capítulo da Fanfic!

Nosso Acaso - MalisaacOnde histórias criam vida. Descubra agora