Um Amor Além Do Verão

2: Trilha

Deixo alguns funcionários trabalhando no conserto e volto para minha casa. Quando chego em frente a mansão vejo Emma sentada no banco encostado na janela, lendo um livro da grossura de um tijolo. Entro em casa e subo para o segundo andar, chegando ao meu quarto, tranco a porta.

Olho pela enorme janela que ocupa toda a parede do quarto, retiro a minha blusa e vou para o banheiro. Tomo um banho rápido, o suficiente para que Emma possa terminar de ler aquele livro, que se for jogado na cabeça de uma pessoa, mata. Pego a chave do Jeep e desço rapidamente para o primeiro andar.

— Vamos?

Emma está vestindo um short jeans, um top preto, uma blusa de malha contraste puro e um tênis de caminhada. Engulo a seco e admiro seu corpo que muitas modelos demoram a conseguir, suas bochechas ganharam uma tonalidade rosada que destacou os lindos olhos azuis e os lábios carnudos. Meu pau já estava duro dentro na minha cueca e destacando na minha bermuda de moletom, mas não de modo que alguém conseguisse ver.

— Para onde vai me levar com essa barraca armada? Para a sua cama?

Como eu queria experimentar com ela todas aquelas posições que os seus personagens fazem e fazê-la delirar na ponta da minha língua. Balanço a minha cabeça, desviando qualquer pensamento que pudesse desrespeitar os meus hóspedes.

— Minha cama não é tão bonita quanto a praia dos coqueiros.

Abri a porta para ela sair e seguimos para o estacionamento, que está lotado. Todos os chalés estão ocupados, tirando os sete que estão em reforma. Cumprimento alguns dos guias que vieram buscar as pessoas para seus passeios na ilha. Depois que alguns turistas se perderam em uma das trilhas, as pessoas começaram a contratar os habitantes mais jovens para ser seu guias turísticos.

— Eu ouvi falar sobre uma caça ao ovo de Páscoa. O que seria? — Emma entrou no carro e eu fechei a porta.

— É uma brincadeira que fazemos aqui para que as crianças possam se divertir e ganhar ovos de chocolate.

— Quando estávamos vindo para a sua casa, eu vi algumas docerias. Podemos passar em uma?

— Sou seu guia, pode escolher para onde quer ir, mas uma das melhores docerias fica do outro lado da ilha. Os doces são orgânicos. — Me lembrei que tenho que buscar as barras de chocolate para fazer a minha cota de ovos. — Falando em chocolate, tenho que buscar algumas barras.

— Posso ter a honra de te acompanhar? — Ela olha para o lindo e vasto mar.

— Eu não sou uma pessoa importante para ter a honra de ser acompanhado por você, mas seria um prazer ter a sua companhia.

Estaciono o Jeep no estacionamento da trilha do coco e pegou duas garrafas d’água na caixa isopor que estava no banco traseiro, entrego uma para Emma. A trilha do coco é conhecida pelos diversos mirantes e os lugares paradisíacos que se formam no meio das palmeiras. Os cocos vendidos ao decorrer da trilha são colhidos pela manhã e colocados nos freezer para gelarem.

— O que tem nessa trilha que a torna tão especial? — Emma pegou um pedaço de pau e à medida que andava, apoiava no chão.

— Acredito que você tenha pesquisado um pouco da ilha antes de decidir vir para cá.

— Sim, eu pesquisei, mas sou uma pessoa que gosta de viver para crer. — Ela deixou o galho, deu um pulo e começou a andar de costas, me encarando no fundo dos olhos.

— As lindas paisagens atraem muitos turistas que querem fotos paradisíacas e aproveitar do tranquilo silêncio dos mirantes.

Continuamos andando pela trilha, Emma carrega uma água de coco, enquanto eu carrego a sua garrafa d’água. O céu está azul, como a maior parte do ano. O mar calmo e a areia branca formam redemoinhos com os ventos constantes, deixando o clima mais fresco.

— Então — limpei a minha garganta. — Como você decidiu que queria ser uma escritora de romance erótico? É um gênero que não é muito grande no meio literário, ainda mais nesse país.

— Eu sempre odiei como a sociedade é machista a ponto de crucificar as mulheres por perder a virgindade antes do casamento ou por se tocarem, enquanto os homens são incentivados a se masturbar e transar com prostitutas. — Seu rosto está vermelho de raiva. 

— Você faz um ótimo trabalho, passando as suas ideias para os seus livros.

Paro em frente a um quiosque e compro duas água de coco. Entrego uma para Emma.

— Você não parece o tipo de homem que lê romance. — Ela circula a ponta do canudo inox com a língua e o puxa para dentro da boca, me deixando mais excitado.

— Que tipo de homem eu pareço ser?

— O tipo que malha todas as manhãs, fica curtindo e comentando nas fotos das mulheres. O tipo que tem vários pacotes de camisinha no banheiro e que qualquer rabo de saia já serve como um desafio.

— Não posso dizer que não sou esse tipo de homem, mas também sou um romancista nato. Só não encontrei o que realmente procuro. —  Jogo o coco no lixo próprio para ele. — Mas sou um leitor voraz de diversos gêneros literários.

— Pelo menos não estava cem por cento errada. — O sorriso branco cobriu seu belo rosto.

Caminhamos por mais alguns minutos e chegamos ao grande e belo mirante. O vasto mar que cobria toda a ilha, os imensos coqueiros que cobrem boa parte das terras da ilha. Ao longe consigo ver barcos pesqueiros e iates luxuosos, o mar cobre todos os tesouros deixados pelos fundadores há mais de trezentos anos atrás.

— Amanhã vou te levar para um mergulho, só preciso conseguir um iate para nós. — Me sentei na beira do precipício que me levaria direto para as geladas águas do Pacífico.

— Como você pode dizer que não é uma pessoa importante aqui e me dizer que vai conseguir um iate só para me levar para mergulhar? — Ela se sentou ao meu lado, balançando os pés, para frente e para trás.

— Eu sou guia apenas de um hóspede por vez. Os iates menores são mais fáceis de conseguir emprestado, mas aqueles guias que têm diversos turistas precisam de um iate muito grande.

— O que tem de tão interessante em mergulhar em um mar aberto? Já mergulhei em diversos lagos, o que seria diferente?

— Vamos encontrar o grande tesouro da família Graggy, nas águas geladas e cristalinas do oceano Pacífico.