Como se sente, vomitando palavras bonitas, enquanto tem pensamentos e ações tão feias?
Você se acha diferente, se acha superior, mas não passa de mais do mesmo.
Você não me apunhalou pelas costas – não, isso teria sido previsível demais –, você me apunhalou pela frente, enquanto olhava nos meus olhos. Isso foi doloroso.
Você usou meus medos contra mim. Você fez meus demônios trabalharem para você.
Eu só queria saber o porquê de tudo isso. Não fui a primeira e não serei a última, sei disso. Mas ainda gostaria de saber o seu grande objetivo. Talvez fazer você se sentir melhor consigo mesmo? Porque se for isso, é menos pior do que sequer ter noção do que fez e agir como se eu tivesse ficado louca.
E eu estou dizendo tudo isso, porque estou cansada de apontar dedos para mim. Foi você quem fez isso. Só você. Você invadiu o meu paraíso e colocou fogo nele. Você ultrapassou as minhas defesas, só para me fazer lutar. Mas você não me destruiu. Sorte minha que eu já tinha sido derrubada antes disso e que eu tenho forças para me reerguer de novo, e de novo, e de novo.
Então quando lembrar de mim, porque eu sei que vai lembrar, lembre do punhal que conectou suas mãos ao meu peito, lembre do meu olhar quando me golpeou. E lembre que depois de tudo isso, você não me destruiu. Lembre que o incêndio que você causou, não é nada perto da minha própria chama. Lembre que não adianta me derrubar, pois eu sei como levantar.
E se tentar me empurrar do penhasco depois de lembrar de tudo isso, eu voarei para longe, onde você não poderá, nunca mais, me tocar.