Sinto-me andando sem rumo, pelo frio do inverno. A neve sob os meus pés, é mais gelada do que minhas mãos.
Meu coração em chamas é o que me mantém aquecida. Porém, sei que uma hora ele vai queimar por inteiro e me deixar sozinha.
Não há sol para me guiar, não há lua para refletir e iluminar. Nenhuma luz no meio da escuridão.
Minha única visão, além da neve que cai sem parar, são as possibilidades do que eu poderia ser. Possibilidades do que eu poderia ter sido.
O que há para mim longe desse inverno?
Caminho entre essas realidades tentadoras, sem rumo. Não tenho propósito, não estou destinada a ter uma vida. Eu sou o que há entre tudo, a ponte entre os mundos, ou o local onde eles se colidem.
Fui distanciada daquilo que o universo me prometeu e ele me colocou para vigiar os seus portões.
Não sou capaz de amar ninguém. Não sou capaz de revelar o meu verdadeiro eu. Não posso. Não devo.
Mas é doloroso ver o que eu poderia ter sido.
O que há para mim longe desse inverno?
Nada.
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