𝗟𝗘𝗫𝗜 | 𝟬𝟬𝟴

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Não deveria por expectativas em algo que provavelmente se acabará em um piscar de olhos, mas mesmo que junte todas minhas forças não conseguiria deixá-lo ir.

Não agora, abraçada e totalmente envolvida em seus braços.

Pode parecer clichê ou até mesmo brega, mas dentro desse abraço vivencio o sentimento de estar sã e salva.

— Isso pode ter algum futuro? —Privando-me de contato visual, lanço a pergunta enquanto espero por sua resposta. Brinco com as bolhas que se agrupam e desfazem na cálida água nesse meio-tempo.

— Isso o quê? Está falando de nós? — Suspiro fundo erguendo o rosto e o garoto coça a nuca procurando por alguma escusa, assim rodeando o assunto sem ir direto ao ponto.

— O que mais poderia ser? Olha... Não precisa responder de qualquer jeito. Foi estupidez e impulsividade minha. — Suspendo minhas pernas, agora gélidas, de dentro da banheira e antes de sair sou encabulada por Fez que finca ambas as mãos nas minhas coxas, que se arrepiam de supetão com o repentino toque.

— Eu quero responder. Responder que quero ir adiante! Mas tenho medo, medo de não ser metade do que você merece. Ninguém é cem por cento especial, mas se for pra comparar não chego nem na ponta dos seus pés. Pode esperar? Ir pouco a pouco? — Ele isenta uma das mãos da coxa, a pousando firmemente nas minhas bochechas, o que diverge meus lábios fechados para um bico, o que facilitou para Fezco selar nossos lábios mais uma vez nessa noite.

— Sim, vamos deixar acontecer naturalmente...

[...]

Desperto com o celular tocando freneticamente com o alarme que programei e arrasto-me até o banheiro, ainda sonolenta.

Prometi a Fez que iríamos a compras e que reservaria uns dos melhores lugares na plateia da minha peça pra ele e o irmão. Preciso urgentemente fazer uma nota mental "Nunca prometa nada a ninguém, assim não corre o risco de decepciona-lá"

Esforço para desamarrar meus fios de um coque caótico enquanto envio uma mensagem confirmando a disponibilidade dos ingressos.

Estralo os dedos ansiosa para que um "sim" esteja sendo digitado nos três pontinhos que surgem na tela do telefone.

"Sim. As vendas estão boas, mas tenho alguns lugares legais sobrando. Vou reservar pro seu amigos"

Sorrio sem mostrar os dentes, aliviada, confiro meu reflexo no espelho e saio de lá após vestir algum conjunto de saia e blusa qualquer que achei pendurado no cabideiro.

— Vai pra onde com tanta pressa?

Suzy surge no meu campo de visão bebericando uma garrafa d'água e lindamente vestida com trajes esportivos.

— Se preparando pra encontrar o traficante. — Cassie resmunga com a voz carregada de sono, mas ainda sim de puro deboche do outro lado da sala. A loira tosse fingindo limpar a garganta em consequência do semblante confuso de mamãe.

— A vida de amante não cansa tanto assim? Vejo que está sobrando muito tempo pra se preocupar com a minha. — Mãe e filha arregalam os olhos e mordo os lábios surpresa com meu próprio atrevimento.

Aos poucos me torno a cópia barata de Ashtray. Lexi Howard aprendiz de patadas. Professor: Uma criança.

Penduro ambas as alças da mochila nos ombros e estufo o peito, sendo seguida até a porta de entrada.

Hasta La Vista Bitches! Gargalho com a forma de se despedir um tanto peculiar de Ash. Ele se acomoda no banco do passageiro, mas enxergo sem problemas seu corpo miúdo pulando pra trás.

𝗔𝗟𝗟 𝗙𝗢𝗥 𝗨𝗦 | lexi and fezco.Onde histórias criam vida. Descubra agora