o8| SEGURE O MEU CORPO

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"Tudo que eu quero é nada mais do que ouvir você batendo na minha porta. Porque se eu pudesse ver seu rosto mais uma vez, eu poderia morrer como um homem feliz, tenho certeza. Quando você disse seu último adeus eu morri um pouco por dentro Mas se você me amava, por que você me deixou? Tome meu corpo". — All i want (Kodaline


O céu parecia adivinhar que o dia seria fúnebre. Nuvens acinzentadas se alastravam no horizonte enquanto ameaçavam chover. Red despertou, mas não conseguiu dormir a noite inteira. Ele se levantou sem entusiasmo, escovou os dentes, vestiu roupas pretas e pegou um guarda-chuva no cabide da sala. Antes que saísse, a mãe o chamou e o fez vestir um casaco.

— É cedo, para onde está indo?

— O enterro dos Warner.

— Ah, sinto muito, meu bem. Você os conhecia?

— Sim, Carla Warner.

A cerimônia estava apinhada de pessoas. Amigos e familiares preenchiam o espaço no cemitério. O entoar de alguns cânticos fez o seu coração apertar, e ao ver o caixão de Carla ser mandado para debaixo da terra, ele chorou. Um leve sereno logo se tornou mais forte, e, aos poucos, as pessoas foram se dispersando, mas Red ficou. Ninguém entendia quem era aquele rapaz solitário que chorava copiosamente ao lado do túmulo de Carla, somente a sra. Gordon, que tocou no ombro do rapaz e lhe deu um abraço solidário. A chuva o molhou um pouco, mas ele não se importou. A professora se afastou com o semblante triste, só restando o Spring.

— Eu vou dar um jeito — ele murmurou, fitando a lápide de Carla. — Eu juro que vou.

***

Quando a investigação esquentou, Denis já não tinha mais dúvidas de que Kaylee era a autora da chacina. Dias febris se sucederam após as suas suspeitas, e então o juiz do condado pediu o seu afastamento por duas semanas. Porém, as coisas não ficaram mais fáceis para o Comandante. Louis assumiu a investigação e esporadicamente visitava a casa do chefe para contar alguma novidade, e em uma manhã em que Denis já se sentia um pouco melhor, o baque da notícia inesperada o pegou de surpresa.

— Como assim? — indagou, sentindo a voz falhar.

— Ela se entregou, Comandante — disse Louis, encarando o semblante abatido do outro.

— Quando? Como? Eu preciso ir...

— Calma — Louis o pegou pelos ombros e o fez se sentar de volta no sofá. — Você está afastado, lembra? Além de não poder, é melhor evitar ir até a Brigada.

— Mas...

— Denis, esse caso mexeu muito com você. Somos amigos a um tempo, vai me contar o que houve?

— Não houve nada.

—Nunca vi você tão transtornado e envolvido dentro de uma investigação! Eu estou preocupado, de verdade, olha só o seu estado!

— Eu nunca vi um caso assim, só isso — derrotado, ele escondeu o rosto entre as mãos. —E como ela é? Disse o nome?

Vendo que não arrancaria mais nada do Comandante, Louis suspirou e o fez companhia no sofá. A imprensa insistia em atacar a Brigada Criminal porque a assassina se entregou antes que eles pudessem pegá-la, mas ele decidiu omitir aquela informação para não debilitar ainda mais a saúde do superior, que contraiu febre tifoide.

— Ela se chama Anne-Bonny...

— É mentira.

— E como você sabe?

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