o7| PARANORMAL, POLTERGEIST OU VIAGEM NO TEMPO?

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"Eu sou uma mulher de meia-lua meio-homem. Um anagrama, uma errata. Eu estava chegando em minhas formas. Eu sou um sonho, um ectoplasma. Apenas uma mentira, pleonástico. Eu gelo ainda em espasmos seu rosto, não consigo encontrar meu lugar em suas fantasias." — Bim bam boum (Mozart L'Opera Rock)


O casal Spring acordou sobressaltado. Era um evento recorrente na casa, mas daquela vez, não eram os gêmeos. Dandy se espreguiçou esticando os braços em direção a esposa na intenção de acordá-la. Sempre era o mesmo impasse para ver quem iria averiguar. Billie ia à maioria das vezes, pois, o motivo era quase sempre algum espírito importunando os filhos.

— É a sua vez — ela murmurou.

— Eu fui semana passada...

— Amor, eu não vou. Eles já estão grandinhos.

Ele colou o peito nas costas dela, subiu sua mão para a cintura feminina e mordiscou seu ombro, seguindo com os lábios até atrás da orelha, onde deu alguns beijos.

— Por favor? — perguntou, apelando.

Billie se virou para o marido e colocou a mão em seu peito, o empurrando.

— Não adianta, é melhor você ir logo.

Dandy bufou e se levantou sonolento. Ele retirou o samba-canção de dentro da bunda e caminhou preguiçoso até os quartos. Verificou um por um até chegar no de Red. Ele encontrou o filho jogado no chão e olhando espantado para o espelho.

— Red?

O rapaz gritou assustado ao perceber a presença do pai, e ao olhar de volta para o espelho, a garota não estava mais lá. Dandy ligou a luz, fazendo os olhos de ambos arderem.

— Qual o espírito da vez?

— E-ela estava ali... — ele apontou para o espelho. — Já foi embora.

— Você está bem?

— Foi... só um sonho.

— Ouvimos um barulho forte, você pulou da cama?

— Eu caí, mas tá tudo bem.

— Mesmo? — Dandy indagou, desconfiado e olhando ao redor.

— S-sim.

— Tudo bem, posso voltar pro quarto?

Red assentiu e voltou a encarar o espelho, mas não havia nada ali além do seu reflexo. Ele deu tapinhas nas bochechas para sentir que não estava sonhando, mas sentiu a fisgada aguda nas costas, o lembrando de que talvez nem tudo tivesse sido um sonho. O rapaz se levantou e voltou a se encolher devido a dor. 

Suas costas ardiam naquele ponto específico, onde o músculo pulsava como se a carne estivesse lacerada. Ele controlou a respiração e fez alguns alongamentos para abrandar a cólera, mas a melhora veio após tomar um comprimido. Seu corpo estava exausto, dormente e muito pesado, mas seus olhos passaram um bom tempo encarando aquele espelho. 

A garota não retornou. Red se deitou de lado para não forçar as costas doloridas e permaneceu de frente para o espelho. Ele pensou seriamente em tentar uma viagem astral, afinal, fazia isso com frequência, obviamente escondido da mãe. Porém, a transição para o plano astral o deixava terrivelmente exausto, e seu corpo já estava muito cansado, e no dia seguinte teria prova de literatura na detenção da sra. Gordon, que já não ia muito com a cara dele.

Red estava preocupado com a garota, mas no momento não tinha forças para passar para o plano dela. O rapaz nunca teve o corpo invadido daquela forma, e sustentava a terrível hipótese de que Carla não soubesse estar morta. Ela estava perdida e muito assustada, e o corpo de Red era quase um sinalizador para espíritos perdidos durante o equinócio.

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