27 - Cabeça cheia

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SUNOO

Me sinto afundar, como se estivesse remando contra a maré e de nada adiantar, preso dentro de um pesadelo que parece ficar pior a cada vez que penso sobre o assunto. Tudo o que eu queria era acordar me sentindo bem, como se nada tivesse acontecido.

Mas tudo parece girar e me deixar tonto quando levanto, passei a noite de ontem chorando tanto que nem me dei ao trabalho de levantar para comer ou tomar banho e minha mãe me deixou quieto como pedi para ela.

O sol forte me cegou por alguns minutos e quase cai quando levantei para ir tomar um banho. Talvez um bom banho, um cuidado com a pele, um tempo dedicado à lavar minha alma, me deixasse um pouco melhor.

Recebi muitas mensagens de Yuna e Riki, algumas de Jungwon mas nenhuma de Isa me explicando o que era tudo aquilo. Mesmo que minha mente tente não pensar nela como culpada, não tem como não culpá-la por todo esse transtorno.

Não consigo parar de pensar que tivemos momentos legais e felizes e que ela realmente parecia uma boa amiga, mas ignorei todos os sinais no momento em que ela falou mal dos meus amigos e eu continuei a segui-la e fazer atividades com ela.

Depois do banho tomo coragem para descer as escadas, o medo de ter que desabafar com minha mãe me prende na metade, não estou afim de conversar sobre nada por um tempo, mas ao encontrar a casa vazia, me sinto um pouco aliviado, vou ter tempo de pensar no que quero falar e como falar para minha mãe sobre o assunto, chegando na cozinha encontro na porta da geladeira um recado da minha mãe. Ela não costuma deixar recados, mas me sinto bem lendo esse, com isso sinto que terei o meu tempo.

"Oi sunoo, tivemos uma reunião de emergência
Voltamos segunda-feira
Tem dinheiro no meu quarto caso precise
Te amo filho e se cuida"

Suspirei aliviado, sei que se minha mãe estivesse aqui não conseguiria esconder dela o que aconteceu e nesse momento me isolar é o que quero fazer.

Preparo uma salada de frutas e um suco de maracujá para me acalmar e vou para a sala. O canto do pássaro me anima um pouco, mas ainda sinto dor de cabeça por conta do choro, não sou de chorar dessa forma, a menos que seja por conta de um filme triste ou um livro que me deixa sem palavras, mas nunca por conta de algo assim.

O caminho para a casa ontem foi estranho, repassei muitos outros momentos com Isa, momentos que eu nem sequer me lembrava, e no final nada parecia anormal para mim, éramos dois colegas de escola fazendo coisas legais.

Talvez eu tenha me enganado muito com tudo isso, e agora me sinto um bobo.

E isso acaba me deixando com raiva, não gosto que as pessoas falem de mim se não for pelos motivos certos e ainda mais uma fofoca que não tem cabimento algum.

O melhor a se fazer é esquecer isso por enquanto, quanto mais penso naquelas fotos e no quanto me senti desconfortável com isso, mais fico triste comigo mesmo e me sentindo culpado, não por ter aceitado Isa na minha vida, mas por não ter colocado certos limites para que não acontecesse algo assim.

O silêncio á longo prazo me deixa desconfortável, me sinto sufocado, estranho e os sussurros ficam em minha cabeça me deixando tonto, tentar não pensar é uma tarefa difícil, ainda mais estando sozinho sem ter com o que me distrair. Mas não quero conversar com ninguém, me manter distante parece ser a melhor opção, logo é segunda-feira outra vez e até lá quero estar com a cabeça no lugar.

Sentir que uma fofoca te afeta tanto a ponto de você chorar e pedir em pensamentos que parem com tudo isso, é triste.

Ando lentamente até os fundos da casa, o sol agora está um pouco mais forte e preciso de vitamina para não parecer um zumbi no final do dia. Me deito na grama olhando o céu com suas nuvens brancas, imaginando formas igual fazia quando era pequeno, onde tudo parecia mais fácil.

Enchanté - EnhypenOnde histórias criam vida. Descubra agora