28 - Fuga dos problemas

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SUNOO

Nunca fiquei tão triste com uma segunda-feira como estou agora, me arrumando no espelho penso no quanto de coisas poderiam ter inventado de mim e de verdade espero que um final de semana tenha sido o suficiente para esquecerem do que aconteceu.

A verdade é que ser alvo de uma fofoca acaba machucando mais do que eu pensei, ainda mais pelo fato de não poder contar a verdade sem antes falar com Isa sobre tudo. Talvez ela também esteja se sentindo mal com tudo isso ou eu seja apenas um idiota que absorveu todos os comentários ruins e ficou mal sozinho.

Pego minha mochila, era hora de enfrentar os problemas de cabeça erguida, mesmo que eu ficasse machucado no final, ainda preciso ser forte. Riki e Yuna foram embora no final da tarde de domingo, ainda precisavam fazer suas coisas e me ajudou muito ter eles por perto para não ficar pensando muito nas fotos, mas agora não tem como fugir.

Os burburinhos ainda continuam quando entro na escola, todos parecem parar para me olhar e outra vez me sinto mal com tudo isso, quando vão parar de me olhar assim? Não fiz nada e não deveriam dar corda para uma fofoca sem provas de nada.

Não vejo Isa quando entro na sala, suas amigas me olham de cima a baixo e dão risada de algo que não entendi, nem mesmo abaixando minha cabeça na mesa eles param de falar sobre, não é engraçado e meus olhos começam à arder, não quero ser um fraco na frente deles.

Pensei que o final de semana seria o suficiente para me deixarem em paz, mas enquanto nada disso for esclarecido, não acho que terei paz nessa escola. Me sinto derrotado por estar aqui, vendo esses olhares de curiosidade, como se minha vida fosse uma série de TV, enquanto Isa está sumida sem receber nenhum comentário idiota.

Não é da conta de ninguém se estamos namorando, saindo, ou ficando por aí, não tenho o porquê de alimentar coisas sem fundamento para pessoas viciadas na desgraça alheia. Sei que posso estar exagerando ao pensar assim, mas me incomoda saber que isso não acontece apenas comigo e me deixa desconfortável não poder falar a verdade.

Não temos aula, o professor faltou e não tem professor para dar aula no lugar, o que é bom, levando em conta que minha concentração não tá sendo uma das melhores nesses últimos dias, preciso resolver logo todos os problemas que me cercam e voltar a focar em meus estudos ou vou me dar mal até o final do ano letivo.

Decido passar o tempo na quadra olhando os outros alunos de outras salas fazendo suas atividades, novamente não vejo Isa e isso está me deixando impaciente. Quero esclarecer tudo o mais rápido possível antes que outras coisas sejam acrescentadas nessa fofoca sem tamanho.

Muitos alunos brincam e dão risada com seus grupos de amigos, o sol deixa a quadra mais receptiva e meu corpo se aquece um pouco, alguns sussurros ao longe tomam minha atenção por alguns minutos e logo outras conversas tomam força, a mesma coisa da manhã sendo falada, queria apenas um pouco de paz.

Me escondo no banheiro antes do sinal indicar que devemos voltar para outras aulas, minhas pernas estão fracas e eu me sinto escorregar outra vez em um pesadelo sem fim. Tento organizar meus pensamentos antes de sair outra vez, mas é muito difícil me concentrar em ignorar todos os comentários idiotas.

Volto para a sala antes do professor e suspiro aliviado quando todos ficam quietos ao ver o professor e sua cara nada feliz, teremos um longo período com ele e pelo menos isso vai fazer todo mundo ficar quieto em seu lugar sem conversas paralelas.

Enchanté - EnhypenOnde histórias criam vida. Descubra agora