49 - Gatos, cartas, e muito mais

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SUNGHOON

O final do ano chegou e olhando agora, tanta coisa mudou, tantos medos que eu enfrentei e venci, tantas lembranças, faz um pouco mais de uma semana que o divórcio dos meus pais saiu. Chorei muito quando caiu á ficha de que eu não teria minha mãe do meu lado, que eu não veria ela, que agora ela mora sozinha e não tem nada que possamos fazer.

Me sento na cama do meu antigo quarto, voltei apenas para pegar algumas coisas minhas, como roupas, livros, e alguns jogos, meu novo quarto na casa em que meu pai comprou não parece nada com esse quarto, mas estou tentando me manter positivo de que essa é a melhor decisão para todos nós. Ou é isso, ou ela vai voltar á me controlar e eu não sei o que pode ser se isso acontecer.

Volto á arrumar minha mochila e a mala que trouxe, ainda tenho algumas coisas para ajeitar na escola e não posso ficar aqui chorando, tenho que ser rápido antes que minha mãe apareça. Não vejo ela tem um tempo desde que fui morar na casa de Wonyoung. Não quis ver ela e nem saber sobre nada que anda fazendo para não me sentir mal.

Pego tudo e desço à escada, volto novamente para tirar uma última foto do meu quarto e trancar á porta, tantas memórias de Jisung e eu correndo pela casa, brincando no quintal, quando Jisung machucou o joelho na escada e minha mãe proibiu á gente de correr pela casa, quando tomamos sorvete escondido de madrugada, mesmo sendo uma casa ela tem um significado para mim, já foi difícil não ter Jisung comigo quando fui crescendo, agora desfazer completamente de estar nesse lugar, dói ainda mais.

- Achei que não veria você tão cedo - Escutei aquela voz e parei na ponta da escada. Minha mãe aparece com uma taça de vinho na mão

- Eu vim pegar minhas coisas

- Com que permissão?

- Meu pai deixou

- Ele não manda mais nessa casa

- Mas essa casa é ainda dele, então eu tenho direito de pegar minhas coisas

- Você ficou igualzinho aquele inútil, o mesmo jeito petulante de falar - Ela foi chegando mais perto de mim - Vocês todos se merecem mesmo, três inúteis

- Posso ir embora?

- Não Sunghoon, agora você vai me escutar - Ela me empurra na escada - Eu te dei tudo moleque ingrato, olha tudo o que eu fiz pra você e é assim que você me retribui?

- Eu não fiz nada, você me machucava

- Você mereceu tudo isso, nunca vez nada que prestasse

- Não é verdade, eu sempre fiz tudo o que a senhora pedia

- Fez? Se tivesse feito não estaríamos nessa agora Sunghoon - Mesmo não querendo chamá-la assim, não tem como esquecer que ela é minha mãe. Me assusto com o barulho da taça de vidro sendo atacada na parede - Você merece uma surra bem dada, eu deveria te trancar nessa casa e nunca mais te deixar sair

- Faz isso, meu pai sabe que eu estou aqui e viria logo com a polícia

- Você fala de mais - Sinto seus dedos segurarem meu cabelo para trás, a dor não é nada comparado á olhar para seus olhos - Eu te odeio Sunghoon, você nunca foi meu preferido, eu nem queria você

- Essas palavras não vão me afetar - Mesmo falando assim, é claro que me afeta, tudo que ela faz ou fala me afeta por completo, ela ainda é minha mãe e não tem como mudar isso.

- Você não serviu para nada, assim como aquele inútil do seu irmão você morreu para mim. Seu pai está morto para mim

- Me deixa ir embora que você nunca mais vai precisar nos ver - Ela joga minha cabeça para trás me fazendo bater no corrimão

Enchanté - EnhypenOnde histórias criam vida. Descubra agora