Acidente

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Na manhã de segunda feira, Paula acordou finalmente em seu corpo, em sua casa e em seu quarto. Sentiu seu próprio cheiro e franziu o nariz, ela cheirava a nada, nenhuma loução, nenhum creme, nenhum perfume, ela lembraria de reclamar com Neném por isso. A Terrare correu para seu banheiro após se espreguiçar, olhou para sua banheira e sorriu feliz, tomaria um longo banho ali, se olhou no espelho e deu um gritinho vendo seu próprio corpo, apertou seus próprios seios, havia sentido falta deles.

— Gostosa!- Disse se olhando no espelho e sorriu para si própria. 

Tirou sua roupa e caminhou para perto da banheira. Encheu ela e colocou seus sais para perfumar seu corpo durante o banho, entrou assim que estava cheia e desligou a torneira para não vazar água. A espuma cobria seu corpo e a água quente a fazia relaxar, um sorriso estava no rosto da Terrare, ela finalmente era ela mesma. Depois de longos minutos se perfumando com sabonetes e óleos, Paula finalmente saiu da banheira e se enxugou. Passou mais alguns minutos passando creme por todo seu corpo para então ir escolher a roupa do dia. O conjunto que escolheu era de um vermelho gritante, absolutamente tudo vermelho: lingerie, calça, blusa, blaser, saltos e até mesmos alguns anéis com pedras vermelhas. Passou seu perfume preferido e o desodorante de sempre, assim que estava pronta, saiu do quarto e foi até a sala de jantar onde sua filha já tomava café.

— Eu achei que não gostasse das roupas exageradas da minha mãe, Neném.- Ingrid comentou normalmente achando que ali ainda se encontrava o camisa 10.

— Olha aqui garota, eu só não vou falar nada porquê meu dia está perfeito!.- Paula estralou os dedos algumas vezes indignada e levantou as sobrancelhas ao falar.— Agora vem aqui.- Abriu os braços para a filha a abraçar.

— Mãe?- Ingrid pareceu surpresa e levantou rápido da cadeira para abraçar a mais velha.

— Se tiver outra, manda matar!- Abraçou a filha fortemente, apontou para o rosto para que ela desse um beijo e logo depois para o ombro para que a filha deitasse a cabeça ali, e assim a mais nova fez, um ritual entre mãe e filha.

— Que lindo ver vocês tão unidas!- Tuninha falou atrás delas com um sorriso.

— Tuninha, senta, hoje é dia de comemorar!- Paula falou fazendo a senhora estranhar o seu comportamento, mas obedeceu.

As três se sentaram e tomaram café tranquilamente, Paula estava radiante, finalmente tudo estava caminhando certamente. Ela mal via a hora de chegar na Terrare-Wollinger e assumir o que era seu. Assim que terminou seu café, Paula desceu para o estacionamento e pegou seu carro para ir até a empresa, saiu do prédio onde morava e seguiu caminho pelas ruas movimentadas, o trânsito estava uma loucura aquela manhã, mas nada a irritaria, ela estava decidida a ter um dia ótimo. Apesar de todos os esforços para ter um dia impecável, quando o trânsito liberou, a Terrare acelerou curtindo a adrenalina e na mão contrária a dela vinha um caminhão que ela percebeu apenas quando estava muito perto, a morena tentou frear mas o carro acabou por capotar, a velocidade que estava era alta demais para parar de supetão. Paula só não foi arremessada pois estava de cinto de segurança, porém houve graves ferimentos em todo seu corpo, a ambulância chegou rápido e a levou para a emergência, por sorte ela tinha plano de saúde e não precisou esperar por um leito, ou ficaria horas em algum corredor do hospital público.

Os primeiros informados foram a diretoria da Terrare-Wollinger, o que queria dizer: Marcelo. Logo depois, ele ligou para a casa de Paula informando a duas mulheres que moravam lá, e então Ingrid avisou Neném por telefone.

— Carmem, aconteceu uma coisa.- Marcelo disse entrando na pequena salinha sem janelas que a Wollinger foi obrigada a ficar.

— O que você quer? Meu dia está péssimo hoje.

— Então acho que ele acaba de piorar, ou melhorar, eu não entendo muito bem vocês duas.

— Fale de uma vez!- Esbravejo irritada com a demora demasiada do homem.

— Paula acabou de sofrer um acidente de carro, ela deu entrada na UTI a poucos minutos.

O mundo de Carmem parou, seu coração errou uma batida e ela agradeceu em todas as línguas por estar sentada ou cairia no chão, suas pernas estavam bambas, ela se perguntava se havia ouvido certo. Piscou algumas vezes e encarou séria o homem a sua frente.

— Se você estiver tentando tirar uma com a minha cara, eu juro que passo com minha moto por cima de você.

— Estou falando a verdade! Ela está no hospital, estou indo para lá agora, você vem?

Carmem pegou imediatamente o celular em cima da mesa e se levantou, passou por Marcelo como um chamado mudo para que eles fossem logo, ela praticamente corria pelos corredores da empresa para chegar logo ao carro que iriam para o hospital. Estava desesperada, Paula não podia morrer, ela não podia, não tinha o direito!

Meu querido amor - Carrare Onde histórias criam vida. Descubra agora