Hospital

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Carmem chegou ao hospital acompanhada de Marcelo, os dois desceram do carro e foram se identificar na recepção, como não havia ninguém acompanhando Paula, um dos dois podia ficar lá com ela. A primeira a entrar no quarto foi Carmem, enquanto Marcelo esperava na recepção. O quarto era equipado com tudo que os médicos poderiam precisar, havia apenas uma cama para a paciente e duas poltronas para acompanhante, uma mesinha e um banheiro acoplado ao quarto.

Paula estava desacordada e ligada a vários aparelhos, uma máquina bipava mostrando os batimentos cardíacos da Terrare, em sua testa haviam vários ferimentos com ataduras, seu braço estava enfaixado e uma das pernas tinha gesso. A roupa já não era a mesma que usava quando sofreu o acidente, agora ela trajava uma bata de hospital.

A Wollinger se aproximou da cama depois de fechar a porta atrás de si, seus passos foram lentos e cautelosos, parecia com medo de se aproximar. Quando chegou ao pé da cama pode ver quão machucada Paula estava. Carmem ousou tocar a mão da morena e acariciá-la com o polegar.

— Paula...- Sussurrou.— Por favor acorda.

Engoliu em seco o choro que queria explodir, não permitiu que nenhuma lágrima caísse, porém sua voz estava embargada.

— Você não pode morrer, Paula. Não pode me deixar, não agora! Desejei tanto que você morresse, desejei que sumisse da minha vida... Mas agora não, agora é diferente, eu me arrependo, eu quero você viva, feliz! Nem que seja para ficar com o jogador meia boca, eu aceito se for para ver você feliz, eu não vou mais tentar te sabotar, eu juro que vou te deixar em paz... Mas por favor acorda, mein schatz.- Levou a mão de Paula aos lábios e beijou o dorso.

Suspirou pesadamente, ela parecia que jamais acordaria e isso deixava Carmem ainda mais aflita. Sentou-se na beira da cama e tocou o rosto de Paula cuidadosamente, acariciou sua bochecha e observou os traços marcantes da morena.

— Eu prometo que vou fazer qualquer coisa que estiver ao meu alcance para ver você saudável outra vez.- Deu mais um beijo na mão de Paula e se levantou.

Carmem se afastou e caminhou até a porta, olhou outra vez para Paula deitada e então saiu do quarto. Voltou para a recepção e se aproximou de Marcelo sentado, ao lado dele já estavam Ingrid e Tuninha.

— Ela está desacordada.- Disse ao se sentar ao lado de Marcelo.

— Eu vou ver ela.- Ingrid se levantou e Tuninha a seguiu, as duas fizeram o mesmo caminho que a Wollinger para o quarto da Terrare enquanto Carmem e Marcelo ficavam na recepção.

A Wollinger tinha as mãos cruzadas em cima das pernas, ela as apertava nervosa pensando em como Paula ficaria. Todas as brigas que tiveram passaram em sua mente, cada momento que estavam juntas, cada troca de olhar.

— Acha que ela vai morrer?- Marcelo perguntou, ele sempre conseguia falar a coisa mais inconveniente.

— Se não vai falar algo que preste, fique calado.

— Achei que fosse gostar, a presidência ficaria para você.- Deu de ombros.

— Cale a boca!- Carmem se levantou, cruzou os braços e começou a andar pela recepção, quando Ingrid voltou, estava acompanhada de um médico.

— Bom, ela está estável, controlamos a hemorragia interna, mas vai precisar que alguém fique com ela.- O médico começou a explicar.

— Eu fico!- Ingrid e Carmem falaram ao mesmo tempo.

— A mocinha tem quantos anos, se me permite?- O médico perguntou.

— Dezessete...- Ingrid olhou para Tuninha e depois para o médico.

— Infelizmente não é permitida a permanência de menores como acompanhante. Mas a senhora pode ficar.- Disse apontando para Carmem.— Você é da família?

— Aind... Não, Não sou da família, mas somos BFFs.- Sorriu para o médico.

— Na verdade, vocês brigaram, não foi?- Marcelo se pronunciou.

— Cale a maldita boca, pastel de vento!- Carmem o respondeu irritada.— Nós somos amigas, amigas brigam e discutem! Mas já se resolveu tudo, eu fico!

— Não sei se minha mãe ia gostar muito disso...- Ingrid falou apreensiva.— Talvez o Neném possa ficar com ela, eles já foram noivos.

— E ele trocou ela pela Rose!- Carmem refutou com maestria a garota.

O médico estava atordoado no meio daquela discussão, olhava de um para outro sem saber o que fazer.

— E a senhora? A senhora não pode ficar?- O doutor olhando para Tuninha.

— Eu tenho que cuidar de Ingrid, a casa não pode ficar sozinha.- A mais velha justificou.— Acho que Carmem poderia a acompanhar enquanto tentamos contato com o ex-noivo, ele ainda não atendeu o telefone.

— Isso! Eu posso!- Carmem se apressou em dizer.

— Pois bem, vocês agora tem que ir embora.- Apontou para as pessoas ao redor.— O horário de visita acabou, e você pode me acompanhar.- Disse para Carmem.

— Marcelo, pode pegar algumas roupas minhas na minha casa?- Carmem perguntou para o homem ainda sentado.

— Acho que sim. Passo na casa de Paula para pegar algumas coisas dela também.

A loira concordou com a cabeça e seguiu o médico, olhou para trás e viu a filha da Terrare aflita abraçada a Tuninha.

— Eu vou cuidar bem da sua mãe.- Falou e voltou a caminhar junto com o médico para o quarto da paciente.

Ao chegarem no quarto, o médico checou os aparelhos e constatou que Paula continuava do mesmo jeito.

— Hoje é meu plantão, se precisar de alguma coisa pode apertar esse botão.- Mostrou um controle acoplado a cama.— As enfermeiras virão, peça a elas que me chamem. Se ela acordar me chame, mas não creio que isso acontecerá hoje. Na hora adequada, alguma enfermeira virá dar o remédio para ela. Passo aqui mais tarde, tenha um bom dia.

Carmem concordou com a cabeça e o médico se retirou fechando a porta assim que a cruzou. A Wollinger ainda ficou algum tempo em pé parada observando Paula desacordada, seu coração doía com essa imagem. Finalmente se sentou na poltrona ao lado da cama e ficou observando o soro pingar e correr em direção a veia da Terrare.

Meu querido amor - Carrare Onde histórias criam vida. Descubra agora