Neném, Neném, Neném

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Havia amanhecido quando Carmem finalmente acordou, estava dormindo na poltrona do hospital coberta por um fino lençol que veio na mala que Marcelo trouxe para ela, quando a loira se levantou, ela se espreguiçou e estralou as costas. Carmem acordou todas as vezes que a enfermeira veio trocar o soro ou dar algum remédio, era quase automático ela despertar para ver se estavam fazendo o certo. A Wollinger olhou para Paula adormecida, ela continuava do mesmo jeito de antes: pálida e em um sono profundo.

— Você não acha que está na hora de levantar, não? Eu dormi terrivelmente nessa cadeira, você me deve uma massagem!- Carmem falou como se Paula pudesse escuta-lá.

Batidas na porta foram ouvidas e a Wollinger se calou, continuaria a "conversa" mais tarde. A porta se abriu e era uma enfermeira, a mulher deu bom dia para a acompanhante e colocou os remédios necessários no soro que Paula tomava, assim que terminou, ela saiu deixando as duas sozinha novamente. O celular de Carmem começou a tocar e ela foi até a bancada para pegar e atender.

— O que foi, Marcelo?

— Liguei só para avisar que o Neném está indo para aí, convencemos ele a ficar com a Paula.- Contou como se fosse uma boa notícia para Carmem.

— Você o que? Você é verdadeiramente um inútil!- Carmem desligou o telefone na cara do homem e colocou as mãos na cintura indignada.

A Wollinger deixou o telefone na bancada outra vez e passou uma das mãos pelos cabelos pensando em alguma solução.

— Eu só saio daqui com um batalhão de polícia!- Bateu o pé irritada.— Tá vendo, Paula? O jogadorzinho não atende as ligações, não vem visitar você no primeiro dia e agora quer ficar aqui. Você deve está adorando isso, não é?! Neném, Neném, Neném.

Bufou irritada e foi até sua mala para pegar uma escova de dente e uma pasta para escovar os dentes. Foi até o banheiro, escovou os dentes e tomou um banho, vestiu uma roupa limpa e voltou a se sentar na poltrona. Alguns minutos mais tarde Neném apareceu no hospital e Carmem saiu do quarto para conversar com ele no corredor.

— Olha aqui, se você acha que vai me tirar daqui, está muito enganado.

— Foi a Ingrid que me pediu para ficar aqui, ela e o Marcelo, vim apenas fazer um favor, Carmem.- O jogador se justificou.

— Pois dê meia volta! Você estava muito ocupado ontem para vir visitar ela, saiu em todos os noticiários e mesmo assim você magicamente não sabia do acidente dela.

— Eu fui ver a Rose... Eu soube apenas de noite, estava tarde.

— Que eu saiba, o hospital é vinte e quatro horas.- Cruzou os braços o encarando.

— Olha Carmem, eu não quero brigar, será que você poderia me deixar ficar de uma vez? Eu e a Paula somos amigos, ela iria preferir que eu ficasse, você sabe disso.

— Sai daqui!- Apontou para a saída.— Sai daqui ou eu acabo com seu contrato com o América, Sai! Xô!

Neném pareceu assustado com as palavras de Carmem e finalmente foi embora, saiu do hospital e a loira voltou para o quarto que Paula estava.

— Coloquei ele para correr!- Disse sorrindo ao contar para Paula.— Acredita que ele não veio aqui porquê estava com a Rose? E você ainda corre atrás dele... Como você não vê o idiota que ele é?- Balançou a cabeça em negação e sentou-se outra vez.— Sua filha que fez ele vir aqui, ela deve gostar dele, ele era bom para ela? Eu também posso ser boa!

Carmem reclinou a cadeira o máximo que pode e ficou observando a Terrare, ela tinha feições tão lindas, tudo na morena encantava a Wollinger.

— Sabe Paula, eu achei que te odiava.- Falou balançando a cabeça em concordância enquanto pensava.— Achei que se eu não te superasse, minha vida não teria sentido, eu tinha que te atingir de alguma forma! Eu tinha que chamar sua atenção. Mas aí nós viramos BFFs... Depois você me traiu... E meu coração ficou partido.- Soltou um suspiro.— Eu tive um sonho com você, eu sonhei que você me chamava para ir para Paris, que me pedia desculpas... Mas não precisa, não quero que me peça desculpas, quero que fique viva! Quero que acorde para que eu diga o que eu sinto sobre tudo, para que nós passamos ir a Paris juntas... Por que eu descobri que te amo, Paula Terrare.- Se levantou e pegou a mão da morena.— Eu te amo.- Beijou a mão dela como sempre fazia desde que estavam ali.

O aparelho que media os batimentos cardíacos começaram a apitar com menos intervalos e Carmem viu os batimentos subirem, demorou cerca de segundos e então voltou a normalizar. A loira olhou da máquina para Paula e arregalou os olhos.

— Você está me ouvindo?- Perguntou assustada.— Eu estou aqui, entendeu? Eu vou ficar com você.

Meu querido amor - Carrare Onde histórias criam vida. Descubra agora