Lar, doce, lar

818 97 217
                                    


Embaixo do chuveiro, Carmem só conseguia pensar no sonho que havia tido, aceitar que estava gostando de Paula Terrare não era tarefa fácil e a platinada ainda se perguntava se aquilo que sentia era amor. Havia tido outros homens em sua vida, Celso talvez fosse o que ela teve mais perto de um grande amor, era o pai de seu único filho, mas no fundo, Carmem sentia que os sentimentos que achou que tinha por ele, eram na verdade apenas uma linda amizade. Marcelo era seu passatempo, ela gostava de ser mimada, gostava de se sentir poderosa e tirar o cachorrinho de perto de Paula era uma satisfação para ela, nada mais que isso. Mas a Terrare... A Terrare era diferente.

Carmem nunca deixou que ninguém a tratasse com desprezo ou que a inferiorizasse, mas Paula fazia isso constantemente e a Wollinger não saia dos pés da mais nova, era como migalhas da atenção dela, aquelas migalhas eram melhor do que nada. 

Refletiu por muito tempo sobre seus sentimentos, já havia tido outras mulheres em sua cama também, porém nenhuma que significasse o suficiente para que ela fizesse o que estava fazendo por Paula. Se perguntava se a empresária ainda amava o camisa 10, isso a fez querer chorar, imaginar a Terrare com ele a tirava do sério, a deixava sem estrutura.

Depois de longos minutos no chuveiro, Carmem saiu enrolada em uma toalha, pegou algumas roupas em sua bolsa sobre o olhar de Paula e então voltou para o banheiro para se vestir, passou seus cremes, se vestiu e suspirou, voltaria para o quarto, para Paula e para suas grosserias.

— Não vai demorar muito para você sair daqui, daqui vinte e quatro horas você terá alta. E aí não vai mais precisar ter minha companhia.- Carmem disse após se sentar na poltrona.

— O quê que é, ein? Quer que eu ajoelhe e agradeça pelo o que está fazendo?- Carmem deu de ombros, "não seria má ideia", a platinada pensou mas logo afastou os pensamentos.

— Ai Paula você me cansa, é tão burrinha às vezes.

— Oh, escuta aqui.- Estalou os dedos freneticamente.— Quem você pensa que é para falar assim comigo? Cobra!

— Eu sou a pessoa que passou meses do seu lado nesse hospital.- Cruzou os braços.

— Eu não pedi que ficasse.

— Já discutimos isso, quer que eu vá embora?- Perguntou se levantando.

— Senta aí!- Paula apontou irritada para a poltrona.

Carmem riu balançando a cabeça em negação e voltou a se sentar, a verdade era que não queria ir embora, mas não deixaria Paula saber disso.

A noite chegou e a Terrare se preparou para descansar mas nada fazia a morena pegar no sono, Carmem já havia fechado os olhos e estava cochilando. Paula olhou para a platinada mas acabou desistindo da ideia de acordá-la, então olhou para o teto por vários minutos e nada de seu sono chegar. Depois de uma hora sem conseguir dormir, Paula engoliu seu orgulho e chamou a outra.

— Cascacu!- Disse quase sussurrando como se tivessem outras pessoas dormindo no quarto.— Vôllinger! Oh, Carmem!- Estalou os dedos rapidamente como sempre fazia.

A platinada abriu os olhos e encarou a morena, ela não estava dormindo mas achou que o primeiro chamado havia sido sua cabeça lhe pregando mais uma peça.

— O que você quer, Paulinha?

— Não consigo dormir... Será que...- Pigarreou.— Anda vem cá.- Gesticulou com a mão chamando a mais alta.

Carmem riu sem acreditar que Paula estava chamando ela para deitar ali outra vez, mas ao invés de provocar a Terrare, Carmem se levantou e deitou ao lado dela sem falar nada, apenas aproveitou aquele último dia ao lado de Paula. A morena se agarrou ao corpo de Carmem assim que esta se deitou, a platinada sentiu vontade de rir mas apenas a abraçou de volta e acariciou seus cabelos para que Paula dormisse em paz.

No dia seguinte, Carmem acordou antes que alguém chegasse no quarto, foi direto para o banheiro tomar banho, depois que saiu, começou a arrumar as coisas de Paula para sua saída do hospital. O médico chegou depois que a Terrare tomou banho e se vestiu adequadamente para sair, ele deu alta e então as duas saíram do local para pegar o carro, o motorista já as esperava e Carmem ficou o tempo inteiro ao lado da Terrare, tinha medo que ela passasse mal durante a viagem.

As duas chegaram na casa de Paula e Carmem a acomodou no quarto, se despediu e então foi saindo, quando estava prestes a sair do apartamento, Ingrid a chamou.

— Eu queria agradecer.- Ingrid falou chamando a atenção de Carmem, a platinada se virou e encontrou a mais nova parada com um sorriso sem jeito.

— Não precisa, eu fiz por ela, tudo por ela.- Respondeu com um sorriso pequeno.— Ela vai ficar bem, agora é sua vez de cuidar dela por mim, tá bom?

— Tá bom!- Ingrid abriu um sorriso enorme e abraçou Carmem, a mulher ficou surpresa e sem reação mas depois de alguns segundos, retribuiu o carinho.

Carmem saiu do apartamento com um sorriso no rosto, pegou sua moto e foi direto para sua casa, ela tinha feito sua parte com Paula e estava feliz por ter cuidado dela. Sentiria falta de passar o dia todo ao lado da Terrare, mas agora ela deveria ficar ao lado da família.

A noite chegou rápido e Carmem estava louca para dormir em sua cama e nos seus lençóis quentinhos, ela estava de camisola e pronta para dormir mas algo a fazia ficar acordada, mesmo no conforto de seus travesseiros e no escuro de seu quarto. Foi quando seu telefone tocou na mesinha de cabeceira, ela se apressou em atender, tinha medo que fosse algo relacionado a Paula, mas era um número desconhecido.

— Alô?

— Carmem Wollinger?- Era a voz de uma mulher.— Aqui é Antônia, a Tuninha.

— Aconteceu alguma coisa com a Paula?- Perguntou em desespero.

——————————-

OH TOGETHER...

Meu querido amor - Carrare Onde histórias criam vida. Descubra agora