Sentimentos confusos

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Tuninha estava pronta para dormir quando ouviu Paula chamar por ela, a Terrare gritava do quarto principal, a mais velha prontamente se levantou e correu até a filha para saber o que estava acontecendo.

— Paula? Está sentindo alguma coisa?

— Eu preciso de um favor. Liga pra Carmem? Tem que ser do seu telefone, o número dela tá salvo no meu como "Cascacu".

— Por que você não liga?- Perguntou desconfiada.

— Oh, escuta aqui.- Estalou os dedos freneticamente.— Vai me ajudar ou não vai?

Tuninha franziu o cenho meio confusa mas resolveu não contestar, pegou seu celular e o de Paula, copiou o número e então ligou para a platinada.

Carmem chegou as pressas na casa da Terrare, e quando a mãe de Paula abriu a porta para ela, a mais nova correu até o quarto da outra empresária sem falar direito com Tuninha, o desespero da platinada era quase palpável.

— Paula?- Entrou no quarto e foi direito até a cama da Terrare para checar o que estava acontecendo.— O que aconteceu? Vim o mais rápido que pude.

— Eu tô com uma dor no peito...- Mentiu.— Me sinto zonza, será que eu vou ter que voltar para o hospital?

— Mein Gott! Paula não me assusta assim, quer que eu te leve para a emergência?- Carmem perguntou se ajoelhando ao lado da cama.

— Não... Deita aqui...- A atuação de Paula era digna de um Oscar, ganharia fácil o prêmio de melhor atriz.

— Paula... Você precisa ir ao médico, você está se sentindo mal, não está?! E se seu quadro piorou? Eu vou ligar pro médico.- Carmem pegou o telefone no bolso da jaqueta sem se levantar de onde estava, mas Paula tirou o eletrônico da mão dela rapidamente.

— Não vai ligar pra ninguém, eu falei pra deitar.- A voz mandona de Paula havia surgido.

Carmem encolheu os ombros e entreabriu a boca para falar mas logo fechou pois não conseguia dizer nada, havia entendido naquele momento o que Paula estava fazendo; ela fez com que Carmem fosse ao seu encontro apenas para dormir ao lado dela. A platinada estava com um misto de surpresa e felicidade dentro de si, esperava que não estivesse em mais um de seus delírios. Ao invés de contestar, a Wollinger se levantou, tirou a jaqueta e as botas para então deitar ao lado da Terrare. Quando Paula estava em seus braços com os olhos fechados, Carme deu um beijo suave na testa alheia e então murmurou:

— Se sente melhor?

— Fica quieta.- Paula resmungou e Carmem sorriu, seu coração se aqueceu. Ela amava Paula Terrare.

Na manhã seguinte, Carmem acordou com a pequena luz que entrava pela fresta da janela, abriu os olhos lentamente e lembrou da noite passada, imediatamente um sorriso brotou em seu rosto. Desceu o olhar, e Paula estava em seus braços, agarrada a ela como se dependesse daquilo para estar no reino dos sonhos. Um sorriso mais largo estampou o rosto da platinada.

— Bom dia, mein schatz...- Sussurrou acariciando os cabelos de Paula.

A Terrare abriu os olhos lentamente e bocejou, ela ainda não podia se espreguiçar do modo habitual e sentia falta disso. Quando viu que abraçava Carmem, soltou ela imediatamente e sentou-se na cama.

— Tem café na mesa, pode tomar antes de ir embora.- Disse sem olhar para a Wollinger.

— Está me expulsando?- Perguntou magoada, com os olhinhos tristes, esperava que Paula fosse mais receptiva depois de ter abdicado de sua casa pela dela.

— Estou dizendo que tem café. Vou tomar um banho, tenho que voltar para a Terrare.- A morena foi se levantando e Carmem a impediu.

— De jeito nenhum! Você está se recuperando, acha que eu vou deixar você voltar assim?

— Escuta aqui, quem você pensa que é pra mandar em mim?- Estalou os dedos freneticamente agora encarando a mais alta.

— Eu sou a pessoa que você liga de madrugada quando quer colo!- Falou em uma súbita de coragem.

Paula se calou e a encarou por um minuto, o que pareceu uma hora inteira para Carmem. Era difícil prever as ações de Paula.

— Se você repetir isso pra alguém Cascacu, eu juro que te caço!- Disse apontando o dedo para Carmem.

— Seu segredo está seguro comigo, Paulinha.- Abriu um sorrisinho que fez a Terrare fechar ainda mais a cara.

— Qual que é a sua, ein?

— Acho que a mesma que a sua.- Pegou no queixo de Paula e abriu um sorriso.— Eu vou pedir para Tuninha preparar um café saudável para você, hm? Aproveite o banho, Paulinha.- Disse e se levantou da cama, pegou sua jaqueta a vestindo e então seguiu para a sala de jantar.

Carmem sentia seu coração saltando pela boca, estar com Paula era sempre uma montanha russa e ela adorava a sensação, estava aprendendo mais sobre a morena cada dia que passava com ela, aprendendo a decifrá-la.

Paula foi para o chuveiro meio sem acreditar nas palavras da Wollinger, se perguntava se ela havia descoberto seu teatrinho da noite passada, a verdade era que a Terrare não conseguia mais dormir sem Carmem, sentia falta do cheiro, dos braços a rodeando, dos beijos em seus cabelos ou em sua testa, aquilo fazia Paula temer, temer pelo o que isso significava, ela amava Neném, não era? Ela deveria sentir falta dele e não de Carmem. Sentimentos confusos inundaram a Terrare, ela queria estar com Carmem o tempo inteiro; brigando, conversando, ou apenas trocando as farpas de sempre, ela queria a presença da Wollinger como teve durante todo aquele tempo no hospital, só não sabia como pedir. Estava ansiosa para voltar a trabalhar para ter Carmem todos os dias no mesmo ambiente que ela, para trocar farpas e para competir com sua empresa. A verdade era que Paula se sentia incompleta sem a platinada, porém ela jamais admitiria.

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⏰ Última atualização: May 29, 2022 ⏰

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