Parte 1 - Os sete verões.

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"Prometa se casar comigo, prometa nunca me abandonar, prometa que seremos para sempre amigos e eternos amantes. Prometa tudo isso ouviu?!"

Promessa feita. Foi o que pensavam os dois apaixonados.

Na infância se fazem inúmeras promessas, e a que Leslie e Benedict haviam feito era a mais pura, inocente promessa. A do amor.

Leslie sempre visitava a casa de férias de seus avós durante o verão e foi durante um desses verões que o conheceu, o garoto solitário da árvore de cerejeira. Era sempre ele que cuidava da velha árvore, que cuidava para que ela não morresse. Menino de olhos azuis, a cor remetia ao céu que sempre ficava claro no verão e o cabelo loiro, da cor dourada dos campos cheios de trigo. Os dois logo iniciaram a conversa quando ela o perguntou:

— Por que cuidas dessa árvore? Ela já está morta.

Foi o suficiente para deixá-lo vermelho, mesmo que não demonstrasse estava bravo, assim se abraçou á árvore e respondeu na maior sinceridade.

— Porque a amo!

E isso, essa resposta, foi o suficiente para fazê-la ficar curiosa sobre o menino. O menino de cabelo cor de trigo que cuidava da cerejeira quase morta. A única cerejeira dali.

— Ela não está morta, apenas necessita de alguém que á ame. Eu a amo e ela não morrerá tão cedo enquanto á amar.

A menina, diante de tal resposta, exclamou alto uma felicidade repentina, ao ver um cisne branco no lago logo atrás da árvore em que os dois conversavam.

— Olhe! Um cisne! É tão belo!

Mas o menino não respondeu. Pelo contrário, nem olhou, fez uma pergunta.

— Achas os cisnes belos?

E ela o respondeu.

—  Acho todas as aves belas! Até o menor dos pardais. Aos grandes e exuberantes falcões. São todos muito belos. As pessoas grandes me acham estranha por amar as aves e não amar os livros como elas amam.

E o menino respondeu.

— Tu não és estranha. Ama aves. Quanto á mim, amo essa cerejeira. Temos muito em comum. Poderíamos ser amigos.

A ruivinha de cabelo longo e sardas proeminentes em sua face redonda e pálida sorriu agarrando as mãos do loiro.

— Quero muito ser tua amiga! Poderíamos ser melhores amigos! Ninguém ocupa esse lugar no meu coração. E quanto á ti? Tens um melhor amigo.

"Não"

Foi um sussurro, quase inaudível. Mas ele respondeu sincero novamente. Não era o que queria responder, mas era a única coisa que tinha á dizer. Não queria mentir para ela. E por um alívio, Leslie decidiu não tocar mais no assunto.

Desde esse dia, o primeiro dia do verão de Leslie, ela passava as tardes brincando com o menino, os dois corriam pelos campos de grama verdinha, pelos campos de trigo douradinho, pelas árvores de cor ruiva como seu cabelo e pelas flores de violeta, tão escuras como os olhos dela.

Pulavam as cercas das fazendas para puxar os rabos das ovelhas e dos porquinhos. Benedict ensinava Leslie á subir nas árvores e ela o ensinava á se esconder nas brincadeiras, afinal Leslie era a melhor no pique-esconde.

Sendo assim, o primeiro verão dos dois passou rápido. Na despedida prometeram se encontrar novamente no primeiro dia do próximo verão debaixo da sombra daquela mesma cerejeira:

— Prometa isso. Que vais me esperar de baixo da sombra da cerejeira.

Disse Leslie chorona. A cerejeira também chorava, afinal o verão estava acabando, as férias também e o tempo dos dois juntos.

Nossa Promessa | Benedict E Leslie [FINALIZADA]Onde histórias criam vida. Descubra agora