Parte 5 - Em onze anos de espera.

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Sua garganta seca o parecia querer abandonar. O cabelo ruivo — um pouco mais escuro pela idade — ainda estava lá, olhos negros como a noite, as sardas um pouco mais espalhadas e menos concentradas nas bochechas, o corpo esbelto, as pernas, as mãos, os braços, tudo nela era como se lembrava, ou como queria esquecer. Tudo estava lá, inclusive ela.

O vestido azul claro de babados chiques poderiam na imaginação ser nuvens, a cintura era bem definida pela fita vermelha que estava amarrada á ela, as luvas brancas de seda delicada assim como as próprias mãos, o sapato de salto alto era preto escondido pela saia que fazia um movimento aforável pelo vento, o chapéu de sombra generosa cobria-lhe a pele do rosto tão fino e delicado, que expressava um ar de preocupação.

A ruiva que roubara seu coração. Estava na sua frente e ele não conseguia falar nada, não conseguia mais segurar-se mas não podia se deixar levar, não conseguia ficar parado e nem se mexer, seu coração batia acelerado querendo errar as batidas, o peito doía só de respirar mas devia respirar senão morria. O olhar cansado, as pálpebras desceram, desceram... desceram...

— Benedict!

Ao ser chamado, uma enorme dose de adrenalina é solta em seu sangue o fazendo acordar de seus devaneios e cair de joelhos no chão, era muita informação para sua cabeça.

"Como... como assim, ela, ela voltou? Depois de tanto tempo? Por que agora? Por que logo agora que finalmente eu... estou livre, que eu estava livre desses sentimentos?!"

Ele queria negar o fato mais conclusivo de todos, queria negar seus sentimentos e afogá-los, afogá-los bem fundo na água para não mais voltar nem o cadáver, queria afogá-los pois tinha a noção de que eram eles os grandes responsáveis de sua tristeza. Olhava para frente e não via nada além da ruiva, sua boca se mexia mas ele não ouvia nada, ele não entendia. Como aquilo estava acontecendo.

Benedict havia desejado por tanto tempo tê-la ao seu lado, que ela voltasse e logo quando não queria isso, lhe acontece da moça voltar para ele. Depois de onze anos ela volta e finge que está tudo bem com uma conversa comum, como se nada tivesse acontecido. Seu corpo só esquenta mais e mais. Pegando fogo, ele estava em chamas.

— Benedict... perdoe-me. Disse algo errado? Parece que sempre digo algo errado.

Ele queria concordar com a cabeça, mas não o fez. Não o fez por estar entrando em pânico, todas as células dele estavam mandando sinal de alerta umas para as outras, ele estava desligando, apagando. E só acorda quando a mão dela toca seu ombro.

— Não toque em mim!

Se afasta bruscamente assustando a ruiva que já estava antes muito assustada pela reação dele, que agora só estava ficando mais vermelho e exaltado.

— Benedict me perdoe... eu... não entendo. De verdade.

— Não... não entende?

Sua voz saiu arranhada, uma cicatriz imensa estava sendo aberta naquele momento, o rapaz se levantou rápido e se afastou mais dela ficando de pé. O olhar de Leslie caía em seu cabelo e em seus olhos.

— Me explique... me explique esses onze anos que sumiu. Me explique isso. Não. Não, esquece. Não quero saber. Pois sou eu que não entendo nada aqui. Nunca entendo nada, nem ninguém...

Permanecia com a fala calma, mesmo sua cabeça estando uma bagunça, sua voz permanecia a mesma de sempre. Nem tão alta, nem tão baixa, nem tão fraca e nem tão forte. E mesmo que tivesse amadurecido bastante, não conseguia gritar com ela.

Se encaravam ambos como sempre se encaravam, miravam o olhar um no outro como há anos atrás, ainda eram os mesmos adolescentes apaixonados, não, não eram. Haviam crescido ambos e agora eram tão diferentes de tanto tempo atrás.

Nossa Promessa | Benedict E Leslie [FINALIZADA]Onde histórias criam vida. Descubra agora