Capítulo 4

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O barulho da chave girando na porta fez Alice saltar de cima do sofá e esconder seus seios e seu sexo com almofadas. A garota ao seu lado fez exatamente a mesma coisa, no entanto, Deena ainda assim foi capaz de ver algo antes do total cobrimento dos corpos.

-- Alice, de novo? -- Deena reclamou chateada.

-- Eu pensei que você não viria mais, já viu que horas são? Quase oito da manhã. Achei que finalmente tivesse aceitado sair com a Sheila e que dormiria com ela lá.

-- O quê? -- Deena perguntou inconformada. -- Eu nem vi aquela garota. Onde estão os garotos, afinal?

-- Thomas já foi para a faculdade e o Simon foi fumar maconha com alguma garota que não me lembro o nome. -- Deena assentiu e coçou os olhos.

-- Certo, podem continuar então, vou subir, tomar um banho e dormir umas duas horas. -- Ela disse, indo ruma às escadas de madeira invernizada.

-- Onde estava, afinal, se não estava com a Sheila? -- Cindy perguntou não se aguentando de curiosidade.

-- Aconteceu algo bizarro ontem e por alguma razão uma garota que estava em coma havia quatorze anos respondeu à minha voz.

-- Quatorze anos? Ela está bem? Fala ou anda? Tudo isso de tempo não era para ter comprometido seu cérebro? -- Alice perguntou surpresa.

-- Como chegou a encontrar um caso assim? Pensei que fosse da fisioterapia. -- Cindy concluiu.

-- E sou. -- Deena respondeu. -- E sobre as perguntas de Alice... Bem, ela fala normalmente, o resto ainda não sabemos. Ela deve passar por uma bateria de exames exaustivos, coitada. -- Deena disse em um suspiro. -- De qualquer forma, vou sair uns trinta minutos mais cedo para ir visitá-la. -- Disse, dando de ombros. -- Bom sexo para vocês.

-- Obrigada. -- Disseram em uníssono e Deena subiu as escadas correndo.

Tomou um banho não tão demorado, pois sentia suas pálpebras pesarem, no entanto, quando finalmente se deitou em sua cama seus olhos não se fecharam. Seu cérebro não permitia; ele ficava enviando imagens do sorriso de Samantha e lembranças do elogio sobre os olhos de Deena.

Ela não fez muita coisa após aquele elogio, pois o médico insistiu que ela saísse da sala junto com Daniele, pois precisava realizar uma série de exames. Antes de sair, Dani ouviu o ''Mamãe?'' E caiu em um choro intenso antes de abraçar sua filha e prometer voltar logo.

Deena se remexeu na cama e fechou os olhos forçadamente, porém aquele sorriso voltou a invadir seus pensamentos. Deena bufou irritada e se cobriu, mas, segundos antes de dormir, a rouquidão da voz de Samantha voltou a pronunciar:

''Os seus olhos também são lindos.''

Esse era o maldito problema em nunca receber elogios de mulheres tão lindas: Quando recebia não era fácil esquecer. Tentou evitar, mas um sorrisinho bobo enfeitou seus lábios antes de finalmente conseguir pregar os olhos.

[...]

O corpo da garota estava quebrado; ela não deveria sequer ter dormido, pensou, pois se sentia muito pior. Nos olhos havia pingado colírio, já que ardiam intensamente. Seus pés correram o mais depressa possível para dar tempo de visitar Samantha.

Assim que chegou na porta a qual tanto ansiava, deixou três batidas suaves na mesma, que logo foi aberta por Dani. A mulher avançou em Deena assim que a viu, envolvendo suas mãos ao redor do pescoço da garota e a abraçando forte.

-- Eu jamais serei capaz de agradecer o suficiente, querida. -- Dani disse emocionada, fazendo Deena sorrir.

-- Não me agradeça, senhora Fraser, eu não fiz nada. Foi tudo mérito único e exclusivamente de Samantha. -- Deena disse sentindo a mulher lhe soltar e enxugar uma lágrima solitária. -- Como ela está?

-- Perfeita. -- A mulher disse, dando espaço para Deena entrar no quarto. -- O médico disse que ela terá que ficar uns dias em observação e terá que passar por fisioterapia, pois ela está há muito tempo em desuso dos músculos e dos ossos. -- Dani explicou, vendo Deena sorrir e acenar para Samantha, que sorriu de volta. -- O cérebro dela também é acostumado a carregar um corpo de seis anos, então ele mesmo pregará peças nela até entender que seu corpo já é adulto.

-- Mamãe... -- Samantha chamou, fazendo a mulher se calar e pôr atenção em sua filha. -- Ela voltou mesmo. -- Samantha disse sorrindo e se ajeitando mais na cama.

-- Sim, querida. Eu disse que ela voltaria. -- Dani disse rindo de uma forma calorosa.

-- Olá, Samantha, sabe quem eu sou? -- Deena perguntou, se aproximando da cama e, consequentemente, de Samantha.

-- A moça dos olhos de chocolate. -- Deena enrubesceu ante ao elogio. -- Eu gosto de chocolate.

-- Bem, eu te trouxe caramelos, mas eu conversei com seu médico antes de entrar aqui e, infelizmente, ele disse que você terá que passar por uma dieta rigorosa por alguns dias, sinto muito. -- Samantha fez uma careta antes de olhar seriamente para Deena.

-- Nem escondido? -- Ela sussurrou após tampar sua boca com uma das mãos para sua mãe não ver, fazendo Deena rir a plenos pulmões.

-- Não seja assim, mocinha. Não é legal trapacear nas regras quando se trata da nossa saúde, tudo bem? -- Deena disse e Samantha assentiu um pouco contrariada.

-- Deena, posso aproveitar que está aqui para ir ao banheiro? -- Dani perguntou, vendo a moça assentir. Pobre Dani, deve estar exausta, pensou Deena. Se ela não tivesse que ir para suas aulas práticas ela ficaria com Samantha para a mulher tirar algumas horas para descansar.

-- Mamãe me disse que eu não sou neném. Que agora eu já tenho vinte anos. -- Samantha disse fitando com atenção as expressões de Deena.

-- Ela disse isso?

-- Disse também que eu sempre serei o neném dela, mas me explicou o que aconteceu. -- Samantha disse. -- Parece o desenho do jacaré que queria comer o pica-pau.

-- Ah, sim? -- Deena perguntou rindo. Ela adorava aquele desenho em sua infância.

-- Sim, só que ao invés de dormir por todo o inverno eu dormi por vários. -- Deena assentiu, orgulhosa por Samantha ter entendido.

-- E suponho que sua fome esteja igual a do jacaré, hm? -- Deena perguntou rindo ao ouvir o estômago de Samantha roncar. A maior acenou um pouco envergonhada e Deena sorriu. -- Já está quase na hora de sua refeição. Vai comer tudo?

-- Siiiiim. -- Samantha disse animada e Deena riu.

-- Voltei, crianças. -- Dani disse, sorrindo abertamente. Rápida! Pensou Deena. A garota se permitiu fitá-la: Ainda aparentava cansada, porém aquela grande tristeza e falta de brilho em seus olhos já não existiam.

-- Eu adoraria ficar mais, mas o dever me chama. -- Deena disse entortando a boca e Samantha cruzou os braços.

-- Ah não! -- Protestou emburrada.

-- Deena tem coisas para fazer, meu amor. Lembra-se do que conversamos? -- Samantha assentiu ainda emburrada.

-- No meu intervalo eu prometo passar aqui, tudo bem? 

-- Falta muito para isso? -- Samantha perguntou.

-- Umas quatro horas. -- Deena informou.

-- Mamãe, quanto é isso? -- Dani entortou a boca, como explicaria isso?

-- São o mesmo que dois filmes da Disney, mais ou menos. -- Deena se apressou em dizer.

-- Jura que vem?

-- Juro. -- Deena respondeu.

-- De dedinho? -- Samantha questionou, esticando seu dedo mindinho. Deena a olhou e sorriu genuinamente.

-- De dedinho.

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Em Um Piscar De Olhos- sᴀᴍᴇᴇɴᴀOnde histórias criam vida. Descubra agora