Perto do meio dia, Taís arrumou sua pasta com os livros para as aulas e pegou seu carro na garagem para ir encontrar a avó no restaurante tradicional que a família frequentava. Era o lugar onde, segundo sua mãe, o pai já fora conhecido como Doutor Caloteiro.
Taís sempre havia adorado ouvir as histórias de como os pais tinham saído múltiplas vezes sem pagar, parceiros no crime desde então.
Ao entregar seu carro para o manobrista, a estudante encontrou Paula Terrare já sentada na melhor mesa da casa com uma taça de champanhe nas mãos.
- Bebendo já de meio dia, vó?
- Você podia não me chamar de vó em público, garota. – A empresária respondeu. – Isso entrega a idade.
- Mas você tá tão bem. – Taís provocou rindo. – Ninguém vai ousar dizer que você tem mais do que 60.
- Você é igualzinha ao seu pai, adora me irritar que nem ele.
- Fazer o quê se sou uma Monteiro Bragança nata. Mas mudando de assunto... E o Neném?
- Desde que ele virou treinador do Flamengo, passa o dia todo enfiado lá. – Paula revirou os olhos tomando um gole da sua taça. – E eu achando que ele ia se aposentar depois de parar de jogar futebol.
- Você também não se aposentou da Cosméticos Terrare. – Argumentou Taís fazendo sinal ao garçom.
- Pois não, senhorita. – O jovem se aproximou da mesa.
- Eu quero um suco de laranja e a sugestão do dia do chef. Pode colocar na conta da minha vovozinha amada.
O garçom fez um grande esforço para não rir, o que fez Taís admirá-lo bastante. Teria de dar uma gorjeta generosa a ele no final.
- Não sei por que te chamei pra almoçar. – Paula bufou irritada e fez sinal para que o garçom completasse sua taça de champanhe.
- Falando nisso... Me chamou aqui por que mesmo?
- O aniversário da sua mãe está chegando e quero organizar uma festa digna de Hollywood.
- E por acaso ela concordou com isso? – Conhecendo a mãe, sabia que nos últimos anos Flávia tinha optado por uma vida mais simples ao lado do marido, cercada apenas de pessoas mais próximas.
- É surpresa, não vai abrir a boca.
- Não sei se é uma boa ideia, vó. Já se foram os anos de festas glamourosas dela.
- Os anos de glamour de uma Terrare jamais se vão. – Repreendeu Paula.
- A mãe não é uma Terrare.
- É filha minha, eu sou Terrare, então ela é Terrare e você também.
Taís achou melhor não discutir diante da determinação de Paula. Talvez fosse falta de entretenimento, já que Neném não parava mais em casa, mas a empresária não seria dissuadida de sua ideia.
- Mas o que eu tenho a ver com essa festa? – Resolveu perguntar.
- Você tem uma banda.
- Nem pensar, vó... – Taís já notara para onde a conversa estava indo. – É algo amador, só por diversão.
- Quer melhor presente pra sua mãe do que te ver cantando no palco? – Paula usou o argumento certeiro.
Taís não tinha como negar que aquilo seria emocionante para a mãe, que sempre amara tanto a música e o canto. Ver a filha em cima de um palco se apresentando seria o melhor dos presentes, a estudante sabia disso.
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Lar e Amor (flagui)
RomanceTendo sido criada em um lar repleto de amor e companheirismo, Taís Monteiro Bragança busca duas coisas na vida: superar Guilherme e se tornar a melhor cirurgiã do país e um amor como o dos pais. Estudando medicina, ela já estava no caminho para o pr...