Gosto de você

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Deitada na cama em seu quarto, Taís pegou o celular e abriu o grupo da banda Purple.

Taís: gente, meu pai quer assistir o próximo ensaio

Bruna: seu pai? O doutor Guilherme Monteiro Bragança? Tenho nem roupa pra isso

Joaquim: achei que ele não curtia a banda

Taís: pois é, ele quer me ver cantando

Bernardo: por mim tudo bem

Taís: só não podemos mencionar que o setlist é pro aniversário da minha mãe

Bruna: mas a Paula deve ter contado pra ele

Taís: vou pedir pra ela e aí aviso vocês

Bernardo: próximo ensaio vai ser quando?

Joaquim: poderia ser no próximo final de semana, talvez sábado de tarde

Taís: ótimo, aí eu paro de chegar em casa quase de madrugada tendo que acordar cedo no outro dia

Bruna: vocês são muito velhos de espírito

Taís largou o celular na mesa de cabeceira e encarou os posters no teto como sempre fazia quando ficava pensativa. Estava empolgada com a ideia do pai de ir a um ensaio da banda, mesmo que aquela proposta tenha sido bastante inesperada.

Só faltava a mãe dizer que entraria pra faculdade de medicina e se tornaria cirurgiã também para atestar que o mundo estava de cabeça para baixo.

O celular começou a reproduzir a música que Flávia havia gravando com a banda muitos anos atrás, mas que era o toque de chamada de Taís. Contudo, ao olhar para a tela, a estudante quase teve um ataque cardíaco.

O nome Bernardo Ribeiro brilhava na tela.

- Bernardo? – Ela atendeu já irritada.

Por que aquele garoto estava fazendo uma ligação para ela? Quem é que ligava para outro ser humano, ainda mais sem aviso prévio?

- Tá ocupada? – A voz dele soou amistosa do outro lado da linha. – Queria conversar com você.

- Fala logo.

- Pessoalmente. – Completou ele. – Sei que você não vai com a minha cara, mas é algo importante.

- Se não for realmente algo muito importante, sabe que vai estar assinando a sua sentença de morte, né?

- Almoça comigo hoje lá na faculdade.

- Um almoço dura muito tempo, Bernardo. – Taís protestou.

Já não bastava aquela ousadia de querer conversar pessoalmente, ainda queria passar mais de hora com ela em um almoço? Taís queria conservar seus direitos de ré primária por mais tempo, não queria gastá-los com aquele mimado.

- Fazemos um lanche antes da aula então, pronto. – Respondeu ele. – Você consegue estar na minha presença por 15 minutos?

- A gente ensaia junto na banda.

- É, mas lá estamos tocando, você não precisa dialogar comigo o tempo todo. – Bernardo riu. – Inclusive evita ao máximo trocar qualquer palavra comigo.

- Não é de propósito. – Taís tentou se defender com a óbvia mentira.

- Tudo bem, eu não me ofendo. Nos vemos hoje mais tarde?

- Eu te aviso quando chegar.

Ao desligar a ligação e jogar o celular de volta na mesa de cabeceira, Taís se perguntava o que diabos Bernardo poderia querer falar com ela pessoalmente.

Lar e Amor (flagui)Onde histórias criam vida. Descubra agora