Lar e Amor (flagui)

Um flerte inesperado

- Desculpa o atraso, gente. – Bernardo entrou na sala e largou sua guitarra no chão antes de despencar em uma das poltronas.

- Pelo menos você chegou. – Comentou Bruna antes que Taís falasse alguma coisa.

A expressão da estudante era de puro ódio e ninguém queria que aquela sala se tornasse cenário de um assassinato.

- Hoje é um dia pra gente celebrar. – Joaquim sorriu.

- Celebrar? – Bernardo estreitou os olhos sem entender.

- Você saberia o motivo se chegasse na hora como todo mundo. – Taís não resistiu ao comentário ácido.

- Desculpe, vossa majestade. – O garoto riu. – Devo me ajoelhar aos seus pés e implorar pelo perdão real?

Ela cerrou os punhos, tentando conter seu impulso de agredir Bernardo, e Bruna veio em seu auxílio para acalmar os ânimos.

- A novidade é que a vó da Taís quer nos contratar pra tocarmos no aniversário da mãe dela.

- Nosso primeiro show! – Joaquim estava realmente muito empolgado.

- Sua vó é a Paula Terrare, né? – Bernardo questionou Taís e ela se limitou a assentir com a cabeça. – Vamos ter que caprichar no repertório.

- Já pensei nisso.

- Você pensa em tudo, Taís. – Ele abriu um sorriso provocador apenas para irritá-la.

- Bom, ela que conhece melhor o gosto da própria mãe. – Bruna argumentou. – O show afinal é pra Flávia, que eu amo de paixão.

- É, a mãe da Taís é ótima. – Joaquim concordou. – Eu sempre quis que ela me adotasse quando era criança.

- Ai, Joaquim. – Taís gargalhou. – Só você mesmo.

- Ela teria sido muito mais compreensiva do que a minha mãe quando larguei a faculdade pra me dedicar à música.

- Isso é verdade. – Foi a vez de Bruna concordar.

- Mas ela é minha mãe, então vocês parem de invejar. – Taís abriu um sorriso inocente.

- Se a Flávia virasse minha sogra, seria basicamente minha mãe também. – Bernardo entrou no assunto. – Que tal, Taís?

Ela simplesmente encarou aquele garoto sem noção. Bernardo acabara mesmo de sugerir que algo rolasse entre eles dois? E fizera isso usando a pior cantada de todos os tempos? Taís estava tão chocada que nem conseguia reagir.

- Que tal a gente montar a playlist pra esse show? – Tratou de mudar de assunto.

A estudante odiava ficar sem reação mais do que tudo. Herdara essa característica do pai, que sempre gostava de dar a última palavra no que quer que fosse, se vangloriando de tomar as melhores decisões sempre.

Flávia pouco dava bola para essa mania do marido, já que na maioria dos casos quem acabava acertando na escolha era ela mesma e Guilherme tinha que engolir o próprio orgulho.

*****

- Guilherme, você pode simplesmente deixar isso pra lá? – Flávia pediu revirando os olhos.

- Eu só acho que ela gostaria mais do lugar que eu tinha escolhido. – O doutor protestou.

Uma pequena Taís de 8 anos observava o diálogo dos pais sobre a viagem que fariam para o próximo aniversário dela, coisa que ela mesma havia pedido no lugar de uma festa.

A mãe sugerira uma viagem para o Nordeste, para que curtissem a praia e a areia, o que agradava muito Taís. Ela sempre amara água e era a moradora que mais aproveitava a piscina da mansão.