Um bom amigo

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Taís caminhava tranquilamente em direção à entrada da faculdade, passando pela frente do bar mais frequentado pelos alunos, quando aconteceu.

Ela poderia ter simplesmente seguido seu caminho, ignorado a situação, mas ela não era assim. Se havia aprendido algo com o pai, era que devia ajudar a todos sem exceção. Aquele era, afinal, o juramento de um médico e Guilherme Monteiro Bragança tinha passado aquele princípio para a filha.

- Você é tão burro. – A voz de Enzo, um dos maiores playboys da faculdade, veio de dentro do bar em um tom agressivo. – Sério, não sei nem como estuda aqui. Subornou alguém pra entrar?

As risadas dos puxa-sacos do garoto soaram altas e debochadas. O grupo estava envolvido em seu passatempo favorito: humilhar calouros e outros alunos indefesos.

Sem muito pensar, Taís entrou no bar e se posicionou ao lado do pobre novato que estava encolhido na cadeira como se quisesse sumir. Ela cruzou os braços com uma expressão determinada e firme antes de dirigir à palavra ao playboy.

- Por que não escolhe alguém do seu tamanho, Enzo? – Ela fez uma pausa fingindo pensar. – Ah, lembrei. É porque você é um covarde.

- Quem você acha que é pra falar comigo assim? – Ele respondeu ríspido.

- Um ser humano, coisa que você não é. – Ela deu de ombros e se virou para o calouro, repousando a mão em seu ombro em um sinal de apoio. – Você está bem? Vem comigo.

- Ele não vai a lugar nenhum até que eu deixe ele ir. – Enzo protestou e sua gangue o cercou, todos prontos a ameaçar quem ousasse incomodar seu líder.

- Seu papaizinho comprou a faculdade pra você e eu não tô sabendo? – Desafiou Taís.

Ela não percebeu, mas nesse momento Bernardo entrou no bar e percebeu toda a situação. Ele imediatamente ficou tenso e se preparou para interferir caso fosse necessário, pois conhecia bem a índole de Enzo.

Ele já havia sido muito amigo do playboy, mas se afastara precisamente por atitudes como aquela que todos viam no bar. As humilhações gratuitas disfarçadas de brincadeiras para as quais todos os poderosos da instituição faziam vista grossa.

- Acho melhor você seguir seu caminho. – Disse o playboy em tom de ameaça.

- Ou vai fazer o que? – Desdenhou ela e pegou a mão do calouro, fazendo-o se levantar. – Vamos.

- Eu já disse que ele não sai daqui. – Enzo estendeu o braço para agarrar o calouro.

Em um impulso, Taís empurrou com força o braço do playboy, que foi pego de surpresa pela atitude da garota e cambaleou para trás. Enzo tinha um olhar de absoluto choque, talvez porque aquela fosse a primeira vez que alguém ousava bater de frente com ele de forma tão determinada.

Um sinal de alerta acendeu-se na mente de Bernardo e ele se aproximou de Taís sem que ela percebesse.

- Acho que você não sabe com quem está mexendo. – Vociferou Enzo dando passos firmes na direção dela.

- Calma aí, grandão. – Bernardo entrou na frente de Taís. – Vai fazer o quê? Bater nela? Seu pai pode conseguir te livrar das punições para as humilhações, mas nem ele vai te salvar da cadeia por bater em uma mulher. Vai pagar pra ver?

Enzo fechou o punho com força para demonstrar sua raiva, mas ficou em silêncio.

- Achei mesmo que não. – Bernardo deu um sorriso. – Vamos, vocês dois.

Ele puxou Taís e o calouro para fora do bar sob o olhar de raiva de Enzo e curiosidade dos demais alunos que assistiam à confusão. Não era todo dia que alguém enfrentava o herdeiro mais rico e mimado do campus, então naturalmente todos queriam observar.

Lar e Amor (flagui)Onde histórias criam vida. Descubra agora