Lar e Amor (flagui)

Faísca do velho Guilherme

No sábado depois do almoço em família, Guilherme estava sentado na sala de estar da mansão lendo um livro enquanto esperava pela filha. Os dois iriam para o ensaio da banda juntos e o doutor poderia enfim conhecer o tal Bernardo de quem Flávia falara.

- Pai. – Taís chamou entrando na sala e sentando-se ao lado dele. – Preciso te falar uma coisa antes da gente sair.

Gui olhou para a filha com um sorriso acolhedor, certo de que ela lhe confidenciaria sobre Bernardo como fizera com a mãe.

- Pode falar.

- Bom, lembra quando almocei com a Paula naquele dia?

- Lembro sim.

- Ela está organizando uma festa surpresa pra mamãe. – A estudante baixou a voz por precaução. – E chamou a minha banda pra tocar nessa festa.

- Sua mãe vai amar isso. – Guilherme sorriu embora estivesse um pouco decepcionado pelo tópico.

- Nós vamos ensaiar o setlist hoje e você pode dar opinião, se ela vai curtir ou não as músicas que escolhemos.

- É claro que posso. Estou animado pra te ver cantando, Tigrinha.

- Nossa! Você não me chama assim há séculos, pai. – Taís franziu o cenho rindo. – O que te deu hoje?

- Só estou com saudade de quando você era criança. Sinto falta daquele tempo.

- Eu não. – Ela rebateu. – Muito melhor agora que eu tomo minhas próprias decisões.

- Mas vai ser sempre a minha Tigrinha. – Guilherme abraçou a filha e lhe fez cócegas na barriga, provocando risos nos dois.

Flávia entrou na sala nesse momento e parou para admirar o momento de cumplicidade e carinho entre o marido e Taís. O doutor havia sido e ainda era um excelente pai, sempre presente e paciente.

- Chega de bagunça vocês dois ou vamos nos atrasar. – Disse Flávia depois de um tempo jogando uma almofada neles.

- Nos atrasar? – Guilherme olhou para a esposa confuso. – Temos algum compromisso que eu não me lembro hoje?

- O ensaio da banda da Taís.

- Você vai no ensaio, mãe? – A estudante arregalou os olhos.

- Não posso? – Rebateu Flávia confusa.

O que havia sido aquela reação da filha? Será que estava receosa de que ela encontrasse com Bernardo depois de ter lhe contado sobre o histórico dos dois? Se fosse esse o caso, Taís poderia ficar tranquila. Flávia só estava indo para impedir que Guilherme aterrorizasse o pobre garoto.

Taís olhou para o pai em um claro pedido de ajuda.

- Meu amor, você não tinha uma conversa com a Joana para agora de tarde lá na clínica?

- Remarquei para segunda. – Flávia sorriu de forma angelical.

Guilherme lançou um olhar irritado para a esposa, mesmo sabendo que isso não teria nenhum efeito. Conseguia ver que ela estava determinada e ele nem estava preocupado que ela fosse impedi-lo de falar com Bernardo... Preocupava-se naquele momento em ajudar a filha a manter a surpresa do aniversário.

- É que talvez a gente demore. – Continuou o doutor. – Tinha pensado de levar a Taís dar um passeio no barco Pink depois, quem sabe ver o pôr do sol. Um programa pai e filha que faz tempo que a gente não faz, né princesa?

- Verdade. Tempo que não saímos só nós dois. – Ela abraçou o pai.

- Vocês dois estão tentando me impedir de ir nesse ensaio por qual motivo? – Flávia cruzou os braços sem se deixar enganar pelo teatro dos dois.