Conselhos de mãe

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Ao chegar em casa, Taís estava cansada e se atirou na cama sem nem tirar os tênis, largando a pasta com os livros aos pés do colchão. Sua mente não parava de reproduzir a fala de Bernardo em um loop infinito e ela não sabia o que fazer para parar com aquilo.

"- Se a Flávia virasse minha sogra, seria basicamente minha mãe também. – Bernardo entrou no assunto. – Que tal, Taís?"

Quem sabe ela poderia atropelá-lo e depois matá-lo "sem querer" na mesa de cirurgia.

- Onde é que anda essa cabeça? – A voz de Flávia soou da porta.

- Oi, mãe. – Taís sorriu e se sentou na cama, abrindo espaço para que a mãe sentasse ali também. – Por que está acordada a essa hora?

- Eu e seu pai estávamos conversando e vi você chegar.

- O papo devia estar muito bom pra durar até depois da meia noite. – A estudante riu com certa malícia.

- Você é tão impossível quanto seu pai. – Flávia revirou os olhos, mas tinha um sorriso nos lábios. – Não me contou ainda em quê estava pensando pra estar tão distraída agora há pouco.

- Nada demais. – Taís tentou desconversar.

Não sabia se queria dividir a história com Bernardo com mais alguém além de quem já havia presenciado a cena. Contudo, desconfiava que passaria a noite em claro com seus pensamentos se não falasse com alguém sobre eles e a mãe sempre fora muito sábia.

- Taís Monteiro Bragança, fala logo. – Flávia sempre usava o nome completo da filha quando o assunto era sério.

- Lembra que te falei que entrou um garoto novo na banda? – Ela suspirou e cedeu.

- Guitarrista, né?

- Isso, o Bernardo. Eu já o conhecia antes dos corredores da faculdade.

- E pelo jeito já não gostava. – Flávia riu da expressão de desprezo no rosto da filha.

- Ele é um playboy mimado, mãe.

- Hmm. Me lembra alguém.

- Quem?

- Seu pai.

- Não é possível que o meu pai fosse tão insuportável quanto o Bernardo. – Taís comentou incrédula. – Ele é um irresponsável imaturo.

- Você se surpreenderia com quem seu pai foi antes de me conhecer. Se ele é um homem decente hoje, esse mérito é meu.

- Quanta persistência...

- O amor tem dessas, Taís. – Flávia piscou para ela. – Vai entender quando chegar a sua vez.

- Sabe que eu falei com o meu pai sobre isso hoje?

- O Gui me falou. Ficou preocupado que a menina dele já está falando em amor.

- Ele me vê como uma criança ainda. – Taís revirou os olhos, mas seu coração se aqueceu.

Amava que Guilherme se preocupava com ela e ainda buscava protege-la, como fizera a infância inteira. Se sabia o que era o amor hoje, era porque seus pais a haviam apresentado a esse sentimento desde o nascimento.

- Mas e o Bernardo?

- Não é nem um pouco como o meu pai. É um inconveniente que chegou a me passar uma cantada barata hoje.

- Ah, então é isso. – Flávia abriu um sorriso malicioso. – Bernardo é um candidato a genro.

- Mãe! – Ela ficou indignada e jogou uma das almofadas da cama na direção da mãe. – Ele não é candidato a genro.

Lar e Amor (flagui)Onde histórias criam vida. Descubra agora