Interesse repentino

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Guilherme bocejou ao se sentar na mesa do café da manhã junto com Flávia, que também estava sonolenta. Deusa estava terminando de organizar a mesa para a refeição matinal da família.

- Deusa, me traz uma xícara de café puro. – Pediu o doutor.

- Pra mim também. – Completou Flávia pegando uma fatia de pão.

- Não dormiram ontem, foi? – A empregada deu risada observando as expressões cansadas do casal.

- Culpa inteiramente do Guilherme.

- Como se você não tivesse se envolvido nas atividades noturnas. – Ele riu. – Lembro claramente de pedidos por mais.

Flávia nem se preocupou em dizer para o marido segurar a língua na frente de Deusa já que ela estava acostumada a ouvir os comentários maliciosos dos patrões desde que haviam se casado. Aquela casa não seria a mesma sem a empregada que havia se tornado grande amiga de Flávia.

- Vou pegar o café.

- Obrigado, Deusa. – Agradeceu o doutor. – Sabe o que fiquei pensando, meu amor?

- Que hora você teve tempo pra pensar? – Flávia olhou o marido confusa, mas logo deu risada.

- Fiquei pensando no tal do Bernardo. – Guilherme ignorou a piada dela.

- Nem começa, doutor das galáxias.

- Só quero conhecer melhor esse rapaz, é algum crime?

- É. – Ela o encarou. – Você é super protetor com a Taís e é bem capaz de afugentar o garoto.

- Só quero o que é melhor pra ela.

- E desde quando é tarefa sua decidir isso? – Flávia estendeu a mão e entrelaçou os dedos nos do marido. – Ela já é adulta, maior de idade, faz o que quiser da vida. Nós não podemos protege-la de tudo pra sempre.

- Eu sei. – Guilherme suspirou e depositou um beijo na mão dela. – Só me preocupo. Não quero que a Taís sofra com alguém que é como eu fui no passado.

- Isso não é algo que você possa controlar, Gui. A Taís vai viver, vai se magoar, vai quebrar a cara... Faz parte. Mas ela puxou a mãe, vai ser persistente até conseguir o que quer.

- Bom dia, doutor. – Odailson apareceu. – O carro já está pronto.

- A gente se atrasou hoje, Odailson. – Guilherme riu.

- A Deusinha me falou. – O motorista abriu um sorriso malicioso que indicava que Deusa havia contado o motivo do atraso também.

- Toma um café que vamos demorar um pouco pra sair. – Falou o doutor e Odailson voltou para a cozinha.

- O que seria dessa casa sem esses dois? – Flávia sorriu.

- Provavelmente um caos completo. – Foi Taís quem respondeu à pergunta chegando para tomar seu café da manhã. – Como foi a cirurgia ontem, pai?

- Correu tudo bem, mas não observei o procedimento.

- A próxima quero assistir. – A estudante serviu um copo de suco e pegou uma torrada.

- Olha o cafezinho. – Deusa voltou trazendo o café puro dos patrões e colocando as xícaras na frente de cada um.

- Obrigada, Deusa. – Flávia agradeceu.

- E como foi o seu ensaio com a banda? – Perguntou Guilherme tomando um gole de seu café.

Taís olhou para o pai com curiosidade. O doutor raramente perguntava sobre a banda, já que não era o maior fã de que a filha ocupasse seu tempo livre com música ao invés de atividades extras em medicina, mesmo que ela já tivesse explicado que a banda era seu momento de lazer e de descansar a cabeça.

Lar e Amor (flagui)Onde histórias criam vida. Descubra agora