Capitulo Dois

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Estou em um lugar escuro e escuto um gemido insistente, que vai ficando cada vez mais alto, até que identifico o dono do som tão agonizante. O desespero toma conta do meu corpo. A imagem fica clara, agora. Um homem chicoteia Peeta ferrozmente, sem piedade. Pedaços de sua carne e sangue voam por todo lado. É a coisa mais horrivel que eu já vi!

Corro para impedir que o homem continue com esse horror, mas sou travada violentamente por uma corrente ligada à algemas que me prendem.

Fico presa observando Peeta ser chicoteado, sem poder fazer absolutamente nada. Os gritos saem da minha boca, mas não fazem nenhum efeito sobre o homem que está o torturando. Peeta olha para mim e com todo desprezo na voz diz:

- A culpa é sua.

Acordo gritando desesperadamente e parece que ainda consigo ouvir os gritos de agonia de Peeta em meu ouvido. Estou suando e chorando também. Balanço a cabeça para afastar a cena ainda fresca em minha mente, mas em nada ajuda, não é fácil esquecer tamanha crueldade. Meu coração bate forte, é quase impossivel se acalmar. Eu não posso nem dizer"foi apenas um sonho", pois sei que Peeta passou por coisas parecidas, isso é o que mais me dói.

As palavras que Peeta disse não saem da minha cabeça. A culpa é minha. Eu tinha apenas um objetivo, protege-lo, e foi exatamente o que eu não fiz. O deixei sozinho, só para manter as aparências para meus aliados. Deveria ter insistisdo para que ele fosse comigo rodar aquele maldito fio. Ele estaria bem e nunca teria passado por tudo aquilo se não fosse pela minha incompetência. A culpa é toda sua, idiota!

O pior sentimento que pode existir é a culpa. Além de suportar a sua dor, você tem de suportar a dor do outro ou outros. Assim você vai afundando cada vez mais até chegar no limite e sua vida se baseia apenas em sofrimento. Isso se, até lá, você ainda tiver uma vida.

Eu não posso dormir de novo, também não posso ficar parada na cama esperando o tempo passar, isso só vai fazer com que eu pense mais na cena, e assim que eu me culpe mais por tudo aquilo. Vou a procura do livro de meu pai, é a unica coisa que pode me acalmar agora.

Entro num quarto repleto de prateleira de livros, há uma escrivaninha no meio, bem antiga. É parecida com o quarto que Snow ficou quando me ameaçou, mas não é esse. Nunca guardaria esse livro no mesmo cômodo que aquele mostro esteve, além de me trazer péssimas lembranças e aquele cheiro cheiro de rosas que parece nunca ir embora.

Encontro o livro na gaveta da escrivaninha e vou com ele até a sala. Conforme vou lendo, as lembranças que tenho do meu pai começam a fluir.

Lembro-me de um dia, quando meu pai me ensinou a caçar. Eu estava louca para aprender, ele tinha feito um arco só para mim. Ele pediu que eu mantesse os dois olhos abertos quando fosse atirar, para ter mais precisão e assim eu fiz. Foram algumas tentativas fracassadas, estava perdendo as esperança, mas meu pai disse que não poderiamos voltar para casa sem nada, então eu continuei. Quando acertei o primeiro animal, gritei animada e acabei assustando todos os animais num raio de 5 quilometros. Fiquei com medo de ser repreendida, pois só tinha caçado um esquilo e precisamos andar muito até a proxima caça, mas meu pai apenas riu. Ele me pegou no colo, e fui no seu ombro até o lago. Foi nesse dia também que achamos a flor Katniss, que está no livro.

Vou passando as paginas e a cada uma, uma lembrança diferente. Vejo a flor que deu origem ao nome de Prim, junto com uma foto dela quando acabara de nascer ela é branca e delicada, assim como Prim era. Minha patinha não merecia a morte, ela era tão jovem, tão meiga, delicada e bondosa, tinha um coração enorme. Fiz tudo isso por ela, para salva-la, mas no fim fracassei. Seguro as lagrimas que já querem sair, assim como é sempre que lembro de Prim.

Together • PeetnissOnde histórias criam vida. Descubra agora