Yoongi dobrou o uniforme azul e o colocou em cima do colchão. Mal conseguia acreditar que não o usaria mais, nem dormiria outra vez naquele beliche. Após quatro anos de reclusão, vestir uma simples calça jeans, uma camiseta branca e uma jaqueta era uma experiência quase alienígena. No entanto, o pequeno sorriso estampado no rosto do homem mostrava que não sentiria saudades do uniforme, da cama, tampouco da cela onde estava. Era, enfim, Min Yoongi outra vez, não um detento qualquer cujo nome foi reduzido a um sequência numérica de quatro dígitos.
— Você parece até mais alto usando esse tipo de roupa — Povocou Jung-nam, um dos colegas de cela de Yoongi. — Aposto que vai sentir falta da gente assim que botar os pés pra fora daqui.
— Eu, sentir saudade dos seus roncos? Nem fodendo — Yoongi riu e pegou a mochila em cima da cama. — Não quero mais ouvir falar de nenhum de vocês.
— Assim você magoa a gente, cara! — Dong-joo, outro companheiro de cela, riu.
Os dois se aproximaram de Yoongi, que os abraçou um de cada vez e deu tapinhas em suas costas. Não eram exatamente seus amigos, mas construíram uma boa relação desde que Yoongi foi transferido para a cela deles. Isso não era tão fácil de acontecer e Yoongi se sentia grato por ter colegas que não dificultaram ainda mais sua convivência na prisão.
— Se cuidem. Não vão fazer merda, daqui a alguns meses vocês saem desse inferno também — Disse Yoongi.
— A gente vai andar na linha, hyung. Tô doido pra ficar perto da minha Seo-yun logo — Disse Jung-nam, se referindo à sua filhinha de seis anos. — E você também se cuida, hein? Seja lá o que for aprontar lá fora.
— Não se preocupem, eu sei me virar. Hoje, mais do que nunca — Yoongi disse confiante. Nesse momento, alguém bateu na porta da cela.
— 5836, está liberado. Venha comigo.
Yoongi se despediu pela última vez dos colegas, garantindo que poderiam procurá-lo futuramente, quando saíssem da penitenciária. Um guarda o esperava do lado de fora, para escoltá-lo até a saída. Antes, Yoongi precisou passar no arquivo da prisão para pegar alguns documentos e assinar alguns papeis, mas o procedimento foi rápido e logo ele se viu em frente aos portões do Centro de Detenção de Daegu.
— Boa sorte aí fora. Vamos te receber de braços abertos na primeira besteira que fizer — Disse o guarda em tom sarcástico.
— Já está com saudades de mim? Calma, eu nem fui embora ainda — Yoongi ergueu uma sobrancelha, colocando em seguida os óculos escuros que estavam no bolso da jaqueta. — É melhor você esperar sentado ou procurar outro detento pra encher o saco, porque eu não boto mais os pés aqui. Tchau, perdedor.
Ignorou completamente o guarda e sua cara de sapo amargurado quando passou pelo portão. Não olhou para trás, como havia prometido a si mesmo que faria; estava mais preocupado em apreciar o ambiente ao redor. Yoongi segurou firme a alça da mochila e ergueu o rosto, recebendo a brisa leve da tarde, os raios de sol iluminando seu rosto pálido. Tudo fazia parte osde um mundo novo para ele, desde o som da buzina dos carros até o cheiro de comida de rua a alguns metros dali. Apesar de conhecer a palavra "liberdade" há muito tempo, só agora sentia que a compreendia de verdade. Ela o enchia de energia, em cada fibra de seu corpo, o alimentando de esperança e ambição. Yoongi a agarraria com as duas mãos e não a deixaria escapar nunca mais.
— Hyung! — Uma voz conhecida o chamou.
Um rapaz alto e de cabelos escuros se aproximou. Ele sorria radiante e envolveu Yoongi em um abraço apertado, quase o tirando do chão.
— Jungkook-ah, você vai me sufocar — Reclamou Yoongi, embora estivesse sorrindo quando retribuiu o abraço.
— Eu vou mesmo, porque senti tanto a falta do meu irmão! — O rapaz respondeu, soltando Yoongi por um momento, mas ainda com as mãos em seus ombros. Os olhos de Jungkook estavam marejados e ele fungou ao encarar Yoongi. — Nem acredito que você tá aqui na minha frente... Depois de tanto tempo...
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Daegu City | myg + jhs
FanfictionMin Yoongi acaba de sair da prisão após quatro anos, vítima da armadilha de uma gangue rival em Daegu. Com o irmão foragido e o pai morto, ele alimentou por todos esses anos o desejo de vingança. De volta ao bairro onde foi criado, reunido outra vez...