Capítulo 2: Eu não tenho nada

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Depois dos eventos da noite anterior, Fluke teve a pior das noites mal dormidas e isso influenciou ainda mais no seu já natural jeitinho desastrado de ser. Desde quando desceu do carro tropeçando até esbarrar nos seguranças na entrada do evento, por onde quer que ele passasse, estava criando pequenos acidentes.

Pelo menos, até a chegada do seu herói particular que parecia mais disposto do que nunca a oferecer os seus serviços. Isto é, onde quer que Fluke estivesse, Ohm estaria um passo atrás para dar apoio a ele quando precisasse, mesmo sem pedir. Por outro lado, isso foi gradativamente aumentando a irritação do mais velho.

"Eu posso cuidar de mim mesmo sem ajuda, P'Ohm!", Fluke disse franzindo as sobrancelhas.

Ohm se limitou apenas a sorrir e continuar ajudando quando pudesse, até o ponto em que o outro estava tão cansado e sonolento que acabou se apoiando no seu ombro para um cochilo enquanto os prêmios eram distribuídos no palco. Por sua vez, o mais novo se encantou pelo fato de que Fluke poderia descansar próximo a ele e se sentir seguro, mesmo que ainda se recusasse a falar o motivo da sua tentativa de se livrar dele.

"Eu vou te proteger, Noo…", Ohm sussurrou baixinho para o homem que dormia ao seu lado. A cena tão romântica acabou ganhando as redes sociais e em pouco tempo fãs de todo o mundo se derretiam pelo carinho de ambos, mesmo que não tivessem explicação razoável para a negativa de Fluke ao pedido de casamento de Ohm.

Terminado o evento, os dois artistas se viram sob a necessidade de dividir o carro na volta porque um dos que foram alugados havia sofrido um problema mecânico e parecia não querer ligar.

Ohm, News e Note ficaram surpresos quando Fluke se interessou em falar diretamente com o motorista e mecânico sobre o problema. Na verdade, era algo simples, apenas uma troca de óleo e tudo ficaria bem, apesar do motorista não saber como aquilo seria necessário se ele havia verificado tudo antes de sair com o carro mais cedo naquela noite. Depois disso e durante todo o trajeto, Fluke parecia ter a expressão assombrada por algum pensamento e estava totalmente alheio ao fato de já terem chegado à sua casa.

Quando o carro parou, Ohm desceu primeiro e ofereceu a mão para Fluke se apoiar. O mais velho quis evitar, mas diante da proposta à sua frente e do cansaço que era evidente em seus olhos, ele decidiu aceitar, mas sem encarar o outro.

Porém, isso não foi o suficiente para afastar Ohm que aproveitou a oportunidade para abraçar a cintura de Fluke e o aproximá-lo de si. O mais velho sentia (e quase ouvia) o coração do outro batendo forte. Essa parecia ser uma reação que nunca mudaria entre eles: os dois corpos não conseguiam ocultar a reação que tinham ao ser colocados próximos um do outro.

E como se suas células tivessem vontade própria, os dois se aproximavam cada vez mais até que suas bocas se encontraram. Ohm apoiava a cintura de Fluke o ajudando a tomar altura e não precisar se esforçar para alcançar o mais alto ao mesmo tempo em que suas mãos pequenas se agarravam com vontade à gola e ombro do outro.

"P'Ohm, não!", Fluke disse depois que se separaram do beijo.

"Fluke, você pode tentar se isolar fechando portas para mim, mas eu te conheço o suficiente para saber que o que você precisa é da minha ajuda! Deixa eu te…", mas ele não teve tempo de continuar, pois Fluke entrou dentro da casa correndo sem dar a ele mais tempo para falar.

Atrás da porta, na segurança do seu lar, Fluke desabou em lágrimas. Sua boca ainda tinha o gosto dos lábios de Ohm. Se ele fechasse os olhos, podia sentir as mãos dele percorrendo seu corpo e era justamente essa memória da ausência, saber que não poderia mais ter isso a menos que aceitasse colocar ambos em risco, que o fazia sentir seu coração quebrando.

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