O ar fresco e o cheiro de café industrializado envolvia o corpo de Off Jumpol, que esperava pacientemente sentado a uma cadeira de plástico enquanto balançava as pernas e olhava em volta.
O frio na barriga era quase avassalador e difícil de conter, ele se imaginava ali no futuro, mas não nessa posição.— Jumpol Adulkittiporn.
O homem levantou a cabeça para escutar a voz que o chamava.
— Sala seis.
Off se levantou, arrumando seu blazer e limpando a sua garganta. Assim que a porta foi aberta, uma mulher sorriu largo para ele, da forma mais receptiva e calorosa possível.
— Off Jumpol?
— Sim. — Respondeu, com um sorriso fraco.
— Pode me chamar de Film. Sente-se, fique a vontade.
O mais velho seguiu o comando, se acomodando no estofado confortável.
— É a sua primeira vez passando em um psicólogo?
Jumpol confirmou com a cabeça. O rapaz estava nervoso, suas pernas balançavam freneticamente, ele já se imaginou dentro de um consultório como aquele, mas não dessa forma. Estar na posição de um paciente não era a melhor experiência, mas no fim, o ser humano em suma está fardado a ajudar e ser ajudado, em um profundo ciclo vicioso.
— O que te fez querer fazer terapia?
Off respirou fundo, apertando sua mão em um punho. Não precisou de muito para ele saber a resposta.
— Eu acabei ferindo uma pessoa que eu conheci, por não saber balancear os meus traumas, e por fim acabei jogando todo o peso sobre o mesmo e o perdi. Estou aqui por causa dele.
— Será mesmo? Você está aqui por causa dessa pessoa, partindo desse princípio, está aqui para tratar daquilo que te tornou um fardo para ela. E isso vai beneficiar a quem, já que você não o tem mais ao seu lado?
Jumpol se manteve pensativo por alguns segundos, antes de chegar a uma conclusão confusa: — A mim.
E ali estava a resposta, a terapia beneficiária a ele, pois, por mais que um dia Gun Atthaphan resolvesse voltar, o lucro da terapia nunca seria refletido somente a Phunsawat, desde o princípio, seria apenas para a reconstrução de Jumpol para que ele conseguisse conviver em sociedade da forma mais agradável e acolhedora possível.
— Exatamente. Antes de começarmos é importante que você entenda que tudo que estamos fazendo aqui, é sobre você. É por você. Se fosse por essa outra pessoa, era ela quem estaria sentada no seu lugar.
E foi ali que tudo começou, em uma saleta marrom, rústica e confortável, com uma pessoa dividindo pensamentos, enquanto outra escutava e auxiliava. — Da forma que Jumpol precisava, não da forma que ele queria.
Os dias correram tão rápido quanto o tempo. Gun Atthaphan começou a construir sua vida aos poucos, apesar do término, era inevitável que ambos se esbarrassem nos corredores, e esses eram os momentos onde mais doía. A troca de olhares, aquela que dizia mais do que qualquer palavra.
Era estranho para ambos pensar que em algum momento, eles já estiveram tão próximos um do outro que seus olhos não puderam fazer nada além de se fechar. E que aqueles lábios que agora só recitava um "oi" sem graça, também foram os mesmos lábios que se tocaram das formas mais intensas e desesperadas em meio a noites embriagadas de desejo e tristeza.
Phunsawat teve que se afastar de Tay, e só via o casal quando ambos estavam sozinhos. Oab o acolheu durante as semanas que se passaram, como um bom amigo que respeitava ao máximo o tempo de cura do mais novo.
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Smile - OffGun
FanfictionOff Jumpol, um veterano, hétero até o último aviso, não esperava que um calouro de apenas 1,68 pudesse lhe chamar atenção como ninguém antes. Gun Attaphan, com sua falsa expressão inocente, conseguiu roubar o coração de Off com apenas um sorriso...